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Soma das exportações e importações do Amazonas cai no mês

Marco Dassori

Twitter: @marco.dassori  Face: @jcommercio

A corrente de comércio exterior do Amazonas tombou em julho, após o esboço de recuperação do mês anterior. A soma das exportações e importações não passou de US$ 1.08 bilhão, ficando muito aquém dos patamares de junho de 2022 (US$ 1.27 bilhão) e de julho de 2021 (US$ 1.16 bilhão). O destaque da pauta foi a venda recorde de ouro à Alemanha. Motocicletas e concentrados seguiram no pódio das vendas externas, mas amargaram queda anual, assim como os produtos remetidos à Venezuela. Em paralelo, a resiliência na crise global de abastecimento de insumos depreciou as compras do PIM. É o que revelam os números do portal Comex Stat.

A base de dados alimentada pelo governo federal informa que as vendas externas do Estado totalizaram US$ 79.08 milhões no mês passado, indicando quedas de 6,96% sobre junho de 2022 (US$ 85 milhões), e de 7,83% diante da marca de 12 meses atrás (US$ 85.80 milhões). As importações ficaram pouco acima de US$ 1 bilhão, sendo 7,41% menores do que as contabilizadas no mesmo mês de 2021 (US$ 1.08 bilhão). O tombo em relação ao levantamento anterior (US$ 1.18 bilhão) foi de 15,24%. No acumulado do ano, as exportações (US$ 431.06 milhões) sofreram recuo de 2,82%, enquanto as compras no exterior (US$ 8.13 bilhões) subiram 10,16%.  

A análise por pesagem das mercadorias mostra panorama semelhante, a despeito dos impactos da variação cambial e da inflação na balança comercial. As vendas externas não passaram de 14,38 mil toneladas, sendo 46,12% mais baixas do que as do mesmo mês de 2021 (26,69 mil). Já as aquisições no estrangeiro caíram 18,57% na mesma comparação, com 129,02 milhões de toneladas (2022) contra 158,44 milhões de toneladas (2021). Em sete meses, a queda foi confirmada tanto para as exportações (-0,18% e 149,51 mil toneladas), quanto para as importações (-1,41% e 1,40 milhão de toneladas).

Insumos da China

As importações de julho foram encabeçadas por insumos para o PIM, além de alguns manufaturados industriais. A lista foi puxada por circuitos integrados e microconjuntos eletrônicos (US$ 237.59 milhões), platina (US$ 89.92 milhões), discos, fitas e suportes para gravação de sons (US$ 74.62 milhões), celulares (US$ 55.36 milhões), polímeros de etileno (US$ 47.97 milhões), componentes para televisores, celulares e decodificadores (US$ 40.52 milhões), partes e acessórios para veículos de duas rodas (US$ 39.24 milhões) e “óleos de petróleo” (US$ 25.79 milhões). Apenas o sexto e sétimo itens da pauta regrediram em valores, na comparação com julho de 2021.

A China (US$ 379.47 milhões) confirmou liderança no ranking de países fornecedores para o Amazonas, embora tenha reduzido em 15,79% as vendas em relação ao sétimo mês de 2021 (US$ 450.65 milhões). Os EUA (US$ 73.39 milhões) cederam o segundo lugar ao Vietnã (US$ 91.89 milhões). Foram seguidos por Taiwan/Formosa (US$ 61.50 milhões), Coreia do Sul (US$ 55.86 milhões) e Japão (US$ 42.87 milhões), Bélgica (US$ 41.22 milhões) e Índia (US$ 39.73 milhões). Entre as nações citadas, apenas o Vietnã mostrou número melhor do que o obtido 12 meses atrás.

O gerente executivo do CIN (Centro Internacional de Negócios) da Fieam (Federação das Indústrias do Estado do Amazonas), Marcelo Lima, destacou que, embora as importações tenham desacelerado nas variações mensal e anual, seguem positivas no acumulado do ano e devem se manter assim. “Podemos considerar esse leve aumento como normal, em razão da aproximação do final de ano, quando há um tendência de aumento de produção e venda, para atender principalmente a demanda de eletroeletrônicos em razão dos jogos da Copa do Mundo”, comentou.

Em entrevistas anteriores à reportagem do Jornal do Commercio, o dirigente avaliou que, embora a tendência seja de alta para as importações, “fatores de mercado” podem afetar essa dinâmica, a exemplo da “crise de oferta de insumos da China, em função da política de covid zero e lockdowns”, além do “fator secundário” do câmbio. Mas, descartou a hipótese de eventuais impactos da crise do IPI nas compras e vendas da indústria incentivada de Manaus.

Venezuela em baixa

Diferente do ocorrido nos meses anteriores, a Alemanha (US$ 12.46 milhões) escalou da quinta para a primeira posição, na lista de destinos das vendas externas amazonenses, graças às suas compras de ouro (US$ 11.61 milhões). Ainda assim ficou 11,63% abaixo da marca de julho de 2021 (US$ 14.10 milhões). A Colômbia (US$ 11.36 milhões) subiu do terceiro para o segundo lugar, mostrando avanço anual. Acostumadas a liderar a pauta, Argentina (US$ 10.59 milhões) e Venezuela (US$ 7.42 milhões) ocuparam as colocações seguintes, sendo acompanhados por Bolívia (US$ 5.23 milhões), EUA (US$ 4.60 milhões) e China (US$ 3.61 milhões), entre outros.

Motocicletas (US$ 11.891 milhões) subiram à liderança do ranking das exportações do Estado, com acréscimo de 24,44% sobre igual mês de 2021 (US$ 13.90 milhões). Produto que costuma encabeçar a pauta, as preparações alimentícias/concentrados (US$ 9.65 milhões) caíram para o terceiro lugar, sendo ultrapassadas pelas vendas externas de ouro (US$ 12.39 milhões) – sendo que ambos mostraram retração anual. Na sequência estão “ferro ligas”/nióbio  (US$ 6.96 milhões) e extratos de malte (US$ 5.70 milhões) – também com vendas menores ante 2021.

Apesar da presença dos concentrados e das motocicletas no pódio das vendas externas do Estado, os próximos manufaturados do PIM presentes na lista só aparecem na sétima, oitava, décima, 12ª, 19ª posições: aparelhos de TV (US$ 3.03 milhões), barbeadores e lâminas de barbear (US$ 2.77 milhões), celulares (US$ 1.39 milhão) e máquinas e aparelhos de escritório, como distribuidores de papéis-moeda (US$ 1.23 milhão), entre outros. A lista inclui ainda diversos componentes fabris, a exemplo de circuitos integrados e microconjuntos eletrônicos (US$ 5.10 milhões).

Em entrevistas anteriores, Marcelo Lima informou que as vendas de ferro-ligas/nióbio se destinam principalmente à China (US$ 3.11 milhões). A redução do volume de compras, entretanto, pode indicar menor formação de estoques de matérias primas para a indústria chinesa. Reforçou também que um acordo entre a Venezuela e atacadistas locais garantem que o país vizinho ocupe lugar de destaque no ranking, apesar de os produtos envolvidos não serem de fabricação local. “Essa variação negativa se deve, entre outros fatores, à redução das vendas para a Venezuela, bem como aos efeitos da guerra. Vale lembrar que, somadas, Colômbia, Argentina e Venezuela tem uma participação de 40% aproximadamente nas nossas exportações”, finalizou.

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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