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Comércio do Amazonas perde empresas e receita em 10 anos

Estado viu sua participação na receita bruta de revendas do Norte do Brasil encolher de 30,4% (2011) para 24,9% (2020) do total

Marco Dassori

Twitter: @marco.dassori  tWITTER: @JCommercio

Em dez anos, o comércio do Amazonas perdeu empresas e receita. No período, o Estado viu sua participação na receita bruta de revendas do Norte do Brasil encolher de 30,4% (2011) para 24,9% (2020) do total, não passando de R$ 46,7 bilhões. Em paralelo, a quantidade de unidades locais de atividades comerciais recuou 14,4%, ao somar 7.756 (2020) contra 9.062 (2011). Foi a maior perda registrada na região. Em contrapartida, o número de trabalhadores subiu 3,95%, totalizando 85.507 pessoas. Mas, assim como ocorrido na média nacional, sofreu um tombo em 2020, primeiro ano da pandemia. Os dados são da PAC (Pesquisa Anual do Comércio), do IBGE.

Assim como o Amazonas, Amapá (4,9%), Acre (4,2%) e Rondônia (12,7%) perderam participação no ranking regional de receita, entre 2011 e 2020. Vale notar que esse encolhimento seguiu na trajetória inversa à da região Norte como um todo, que aumentou sua fatia de 3,6% para 4%. Tocantins (12%) seguiu essa trajetória e escalou 5,8 pontos percentuais, sendo seguido por Pará (+1,4 p.p.) e Roraima (+0,7 p.p.), com fatias respectivas de 37% e 4,3%. O Sudeste, contudo, ainda abarca a maior parte do faturamento (49,4%), empresas, trabalhadores e salários do setor. Sul, Nordeste, Centro-Oeste e Norte ocupam as posições seguintes.

O Estado também seguiu na trajetória inversa à da região Norte em termos de quantidade de empresas. Entre 2011 e 2020, o indicador pontuou alta de 0,3% para o conjunto de unidades federativas, de 31.533 (2011) para 31.624 (2020). A maior expansão regional foi registrada em Tocantins, que partiu de 2.000 unidades locais, em 2011, para culminar em 3.030, em 2020, uma diferença de 34%. Na análise do IBGE, o incremento de Tocantins, em termos de empresas e receita, foi “influenciado pelo relevante corredor logístico que vem se estabelecendo na região”.

“Pode-se creditar à pandemia a grande perda de unidade comerciais no Estado, ocorrida nos últimos dez anos. O número vinha se mantendo, até 2019 e 2020. Consequentemente, tivemos quedas de receita, margem de comercialização e salários. Apenas o pessoal ocupado teve crescimento no intervalo desde 2011. A maioria dos indicadores puxaram para baixo a representatividade do Estado no comércio regional. Foi um ano difícil para a atividade, e levará tempo para a plena recuperação”, sintetizou o supervisor de disseminação de informações do IBGE-AM, Adjalma Nogueira Jaques.

Empregos e salários

O número de trabalhadores amazonenses no comércio subiu 3,95% entre 2011 (82.135) e 2020 (85.507). Mas, diante da pandemia, o dado já foi 2,5% mais fraco do que o de 2019 (87.663). Conforme o IBGE, o número de empregos no comércio amazonense passa por oscilações desde 2013, ano em que o setor empregou mais pessoas, chegando a 93.111. De 2015 para 2016, o setor perdeu 6% de ocupações, voltando a ganhar vagas em 2018 e 2019. Mas, em 2020, atingiu o segundo pior número da década.

No primeiro ano da pandemia, o comércio brasileiro perdeu 4% de sua ocupação, registrando o maior tombo desde 2007. Dos 404,1 mil trabalhadores que saíram do setor, 90,4% (ou 365,4 mil deles) estavam no varejo. Nesse segmento, apenas duas atividades, consideradas serviços essenciais durante a crise sanitária, tiveram incremento de pessoal: a de hipermercados e supermercados (1,8 mil pessoas) e a de produtos farmacêuticos, perfumaria, cosméticos e artigos médicos, ópticos e ortopédicos (318 pessoas).

Considerando todas as unidades federativas nortistas, houve crescimento no número de pessoas ocupadas em unidades locais do comércio, de 294.383, em 2011, para 326.510, em 2020, o que representa 9,9% mais pessoas trabalhando no setor. O Estado da região com maior número de pessoas ocupadas é o Pará, com o total de 119.483. Já a maior elevação no número de empregos foi a de Roraima, que saltou de 14.359 pessoas ocupadas, em 2011, para 19.330, em 2020, uma diferença de 25,7%.

Em 2020, em média, cada empresa comercial no Brasil pagou 1,8 salário mínimo por mês, registrando queda diante dos salários pagos em 2011, quando registrou 1,9 salário mínimo. A região Norte apresenta salário médio mensal de 1,7 salário mínimo, empatando com o Centro-Oeste e superando apenas o Nordeste (1,4 s.m.). Em dez anos, o salário médio dos Estados nortistas caiu de 1,8 para 1,7 salário mínimo “É interessante observar que entre 2019 e 2020, no primeiro ano de pandemia, também houve essa queda”, destacou o IBGE-AM, no texto de divulgação da pesquisa.

Em todo o país, os valores mais baixos vieram dos representantes e agentes do comércio (1,1 s.m.), do comércio varejista de produtos alimentícios, bebidas e fumo (1,3 s.m.) e do comércio varejista de tecidos, vestuário, calçados e armarinho (1,3 s.m.). “É interessante notar que a tendência de queda de remuneração é puxada por atividades que pagavam salários mais elevados, como combustíveis e lubrificantes; e máquinas aparelhos e equipamentos (-0,7 s.m.)”,, destacou a gerente de Análise Estrutural do IBGE, Synthia Santana, em texto veiculado pelo site da Agência de Notícias IBGE.

Segmentos e margens

O varejo possuía a maior participação no Amazonas, em unidades locais (78,3%), pessoas ocupadas (67,8%), salários (61,3%) e margem de comercialização (55,3%). Na receita bruta de revenda e de comissões sobre vendas (45,5%), praticamente empatou com o atacado (45%). Este empregava 24,9% das pessoas no comércio, detinha 16,6% das unidades locais, e era responsável por 29,4% dos salários, retiradas e outras remunerações pagas. O comércio de veículos, peças e motocicletas, por sua vez, empregava 7,3% das pessoas do setor de comércio, possuía 5% das unidades locais, e pagava 9,3% dos salários.

No mesmo ano, os comerciantes amazonenses somaram R$ 10,6 bilhões em margem de comercialização – que é a diferença entre receita líquida de revenda de mercadorias e o custo das mercadorias. A maior parcela (R$ 5,86 bilhões) foi obtida pelo comércio varejista, seguida pelo atacado (R$ 3,99 bilhões) e o subsetor de veículos, peças e motocicletas (R$ 745,6 milhões). A pesquisa não forneceu comparativos anuais para as rubricas.

Synthia Santana salienta que, em âmbito nacional, o atacado foi “um pouco mais resiliente”, diante do primeiro ano de pandemia. “As exportadoras, por negociarem diretamente com outras empresas ou entidades, fazem parte do atacado. O fato de, em 2020, o comércio internacional ter apresentado um comportamento mais expressivo também eleva o subsetor a resultados que divergem um pouco do que foi exibido pelo varejo, que teve queda no número de empresas e de pessoas ocupadas”, comparou.

Já o segmento de comércio de veículos estaria em declínio, em função de “crises sucessivas” na economia brasileira. “No comércio, os componentes internos acabam tendo um pouco mais de influência nesses resultados, porque afetam a capacidade das famílias de fazerem um planejamento sobre seus orçamentos e investimentos em itens domésticos como é o caso do automóvel, que compromete a renda por bastante tempo. Essa falta de capacidade de previsibilidade de futuro e incerteza de renda afetam bastante a aquisição de itens de maior valor”, concluiu.

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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