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Sindicato burlava direitos trabalhistas

Em uma semana de atuação, a Junta Governativa Provisória do Sindicato dos Metalúrgicos do Amazonas (Sindmetal-AM) encontrou indícios de irregularidades apuradas na auditoria que está sendo feita na entidade. A informação foi dada na manhã de ontem (4), durante a coletiva realizada na sede do sindicato, pelo Presidente da Junta, Adriano Simões Mendes. A auditoria está concentrada nas denúncias relacionadas ao balneário, finanças e trabalhistas. Segundo ele, a perícia aponta que, era feito um único saque realizado normalmente em cheque direto na agência com assinatura do presidente e tesoureiro. Em seguida era sacado em conta corrente, depois feitos os pagamentos que a contabilidade não tem os comprovantes.
“Uma pessoa do sindicato se diria a agencia bancaria com o cheque para ser compensado e sacado e, imediatamente os valores eram depositados nas contas. É possível identificar através dos comprovantes que eram feitos de forma nominal, ou seja, o valor especifico era depositado diretamente na conta daquele favorecido. É importante ressaltar que, muitos prestadores de serviço eram praticamente obrigados a abrir a conta naquela determinada agencia bancaria para facilitar essa transição financeira”, explica Mendes. Ele comenta que, na descrição do movimento bancário, o normal de uma empresa que tem que prestar contas e que não tem fins lucrativos é fazer um livro caixa onde cada pagamento é amarrado a uma nota fiscal com boleto.
De acordo com o presidente, o saldo das contas bancarias do Sindmetal-AM é considerado insignificante diante da contribuição mensal da instituição que, gira em torno de 1 milhão e meio. “Para a nossa surpresa os valores são pequenos e inclusive, com alguns empréstimos que foram feitos com valores significativos, na casa dos 500 mil para ser pago a curto prazo. Isso enfatiza que existe uma gestão no mínimo estranha do dinheiro que o sindicato recebe, no qual o nosso trabalho e tentar apurar o motivo do empréstimo junto a instituição financeira”, disse. Segundo a perícia, só no mês de agosto deste ano, no mesmo dia em um período de dez minutos, foram feitos depósitos de um único saque que ultrapassam os 30 mil.
Ainda de acordo com a perícia, as principais despesas que mais aparecem na lista da entidade, são referentes a uniformes, consultoria, serviços na área da saúde, questões jurídicas, rádio, CUT e Diesse. “Como era feito com cheque e sacado para serem feitos pagamentos sem comprovantes, não há como dar o número exato, vamos ter que fazer trabalho de pente fino para identificar e cruzar, além do troco que sobrava entre um cheque e os pagamentos”, conta o engenheiro civil, perito e avaliador, Gustavo Merolli. Na auditoria também foram detectadas irregularidades quanto ao pagamento dos direitos trabalhistas dos 17 funcionários do sindicato.

Balneário

Referente ao balneário, localizado no quilômetro 27 da rodovia estadual AM-010, Merolli, diz que a questão deve ser dívida em duas: o balneário em si como construção e a outra exploração comercial. “Identificamos no registro do imóvel que não há nenhuma averbação da área construída, IT da obra, combate a incêndio, extração de tratamento de esgoto, ou seja, as questões prediais foram feitas, mas não tem nenhum documento que comprove a possibilidade de uso do local. Já no segundo, o patrimônio foi arrendado por uma terceira pessoa que tem a receita do balneário, sem ter ligação com a instituição, mas o sindicato continuava pagando periodicamente várias despesas do local, que chegavam a 50 mil, sem ter retorno”, explica. Ele conta que, no momento não há como informar valores, mas será apurado o possível conflito de interesse.
Conforme o presidente da Junta Governativa do Sindmetal-AM, está sendo difícil levantar e apurar todas as irregularidades, uma vez que, foram levados materiais da sede. “Após a diretoria anterior sair, observamos a ausência de HDs e notebooks que pudessem nos ajudar ainda mais nesse trabalho de auditoria e perícia, mas nem por isso deixamos de evidenciar algumas irregularidades junto ao balneário do sindicato, as contas no qual o sindicato efetua, aquilo que recebe dos associados e das empresas, além de pagamentos dos fornecedores, que já foram detectadas com provas contundentes para apresentar a justiça”, afirma Mendes.
Na sua avaliação, seria fácil de gerir todo o recolhimento mensal do Sindicato de uma forma que fosse aplicada para o trabalhador. “Mas infelizmente conseguimos detectar que muitas das coisas eram para usufruo próprio e então abre precedentes para que as coisas viessem a ficar desorganizada para que, quem chegar aqui não pudesse encontrar vestígios de um eventual desvio”, aponta o presidente.

Próximos passos

A comissão irá continuar no processo de investigação e perícia, onde é importante ressaltar que quinzenalmente por obrigação, será apresentado a justiça um relatório de trabalho realizado no período. Nesta sexta-feira (7) será entregue à justiça o primeiro relatório.
A Junta Governativa Provisória foi instaurada no dia 23 de setembro para apurar as denúncias a fim de que possam ser realizadas novas eleições e deve permanecer por até 90 dias, podendo ser prorrogada pelo mesmo período. As atividades do sindicato permanecem funcionado normalmente.
Valdemir Santana foi afastado do posto de presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do Amazonas por força de liminar expedida pelo juiz plantonista da 12ª Vara do Trabalho de Manaus, Adilson Maciel Dantas. A decisão cumprida pelo oficial de justiça Arquibaldo de Sá Teixeira, apontava inúmeras denúncias de irregularidades na última eleição da entidade, ocorrida em abril desde ano. Toda a diretoria do sindicato foi afastada.
Valdemir Santana disse não ter conhecimento das denúncias levantadas pela Junta Governativa Provisória do Sindicato. Segundo ele, a comissão seria formada por empresários que tentam assumir a entidade, acusando sua diretoria de irregularidades. De acordo com Santana, a Junta teria sacado altos valores da conta do sindicato. “Acho estranho esse levantamento em menos de uma semana e os altos saques realizados por eles para pagar assessoria, enquanto isso, os funcionários ainda não receberam”, disparou. Ainda segundo Santana, as prestações de contas da sua gestão referente aos anos de 2014 e 2015 estão regulares e que todas as acusações deverão ser provadas na justiça.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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