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Selo, a magia e o pesadelo

Merece reflexão o selo de qualidade conferido ao Brasil pela agência Standard & Poor’s, como destino seguro para os investidores. É um ponto positivo, assim como a recente classificação da economia brasileira como a sexta do ranking mundial. Contudo, esses itens estão longe de representar um “momento mágico” e nem devem contar como obra exclusiva do atual governo. A administração petista, inegavelmente, tem sua cota no processo, mas pratica uma escorchante arrecadação tributária e, ao assumir, já recebeu em andamento muitos empreendimentos de anos, até décadas anteriores, que hoje apresentam seus resultados, garantindo o dinheiro que o governo distribui como esmola em troca de votos, em vez de investir no desenvolvimento. É a roda do tempo e da história fazendo seu trabalho.
O presidente, os ministros e todos os que têm alguma responsabilidade governamental, não podem se esquecer da obrigação que têm de investir com seriedade para o futuro e, com isso, garantir que seus sucessores também tenham o que comemorar. Devem garantir a estrutura suficiente à absorção do capital internacional – que é especulativo e volátil e vai embora se não encontrar terreno favorável –, evitar que a chegada desse dinheiro seja aloprada ou sufoque o empresariado nacional, e criar reais condições para que o momento, definido pelo presidente como “mágico”, também seja bom para a população, não só para o governo e a elite governante.
Apesar dos feitos econômicos que sustentam sua imagem e a propaganda oficial, nosso país é portador de uma incomensurável dívida social para com o povo. No mesmo dia em que o governo festeja autonomia na produção de petróleo, pagamento da dívida externa, boa posição econômica internacional e outras macro-vantagens, brasileiro pobres continuam morrendo e padecendo sem atendimento nas portas de hospitais e pronto-socorros, o Rio de Janeiro (principal cartão postal nacional) vive a epidemia de dengue com quase 100 mortos, a população sofre com a insegurança pública, muitas crianças não vão à escola e outras vão, não conseguem aprender, mas, mesmo assim, recebem diploma para satisfazer a estatística oficial. É um lamentável passivo que não condiz com a bandeira de “país de primeiro mundo”!
O Estado gestor tem a obrigação constitucional de oferecer uma sociedade salubre, com oportunidades de educação e trabalho para todos os seus cidadãos. E dispõe, inclusive, de legislação penal para punir aqueles que não cumprem com suas obrigações. Mas o Brasil, infelizmente, não tem cumprido com seu dever sócio-econômico para com a população e, nestas condições, é moralmente impedido a exigir certos comportamentos do cidadão.
Enquanto não oferecer oportunidades básicas de vida, saúde, educação, moradia e trabalho para todos os cidadãos e evitar que milhares deles caiam nas garras do crime organizado como única fonte de renda, não adianta só o Brasil aparecer bem colocado entre as economias mundiais e dispor de artifícios que o tornam atrativo ao investimento estrangeiro. Continuaremos na humilhante posição de país injusto, cruel e… subdesenvolvido.

MDIRCEU CARDOSO GONÇALVES, Tenente PM é diretor da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo) – [email protected]

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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