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Rodízio de trabalhadores continua como padrão nas fábricas do distrito

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Há dúvidas se os trabalhadores temporários do PIM (Polo Industrial de Manaus) contratados no último trimestre de 2018, para a demanda adicional das festas de fim de ano, serão efetivados. A validade da maior parte dos contratos de trabalho expira até fevereiro, mas as lideranças laborais e patronais avaliam que, apesar da confiança do empresariado no ambiente de negócios que emergiu a partir da posse do novo governo federal, é cedo demais para apostar em contratações.

As notícias mais recentes não são positivas. Um total de 12 indústrias do PIM já mandou embora em torno de 1.000 trabalhadores em janeiro, conforme o Sindmetal (Sindicato dos Metalúrgicos do Amazonas). A maioria dos desligamentos foi registrada nas linhas de produção de condicionadores de ar e de maquinas de automação.

O presidente da entidade, Valdemir Santana, destaca que todos os empregados em questão eram efetivos, com “muitos anos” de atuação nas empresas. “Tenho que ser otimista. Mas, não vejo os novos governos falando da necessidade urgente de garantir empregos. E lembro que, há exatamente um ano, o panorama era de contratações. Não de demissões”, comparou.

Na próxima semana, o Sindmetal deve tentar um novo acordo com as empresas para assegurar vaga para pelo menos 5.000 temporários no Distrito Industrial, a partir de fevereiro. A expectativa é que o combinado siga parâmetros semelhantes aos registrados em junho de 2018, com a diferença de que menos empresas estarão envolvidas.

“Aquele acordo superou nossas expectativas: conseguimos chegar perto dos 6.000 temporários. Em 2018, fechamos com 18 fábricas, mas dessa vez vamos tratar com cinco ou seis. Muitas acabaram ficando no caminho e não cumpriram. As empresas têm capacidade para isso e, com um número menor envolvido, fica mais fácil de fiscalizar”, analisou.

Reforma Trabalhista

Boa parte das dispensas se deve mais à flexibilidade trazida pela Reforma Trabalhista e a Lei da Terceirização, do que ao refluxo da demanda, segundo o Sindplast (Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Plástico de Manaus). A entidade destaca que boa parte do segmento está preferindo terceirizar a atividade fim. Dos 9.000 trabalhadores atuantes nas 84 fábricas do polo termoplástico, em torno de 2.000 são terceirizados. De novembro de 2018 até a primeira quinzena de janeiro de 2019, as indústrias do subsetor plástico do PIM demitiram mais de 720 trabalhadores efetivos para dar lugar aos terceirizados.

“Não há razão para otimismo. A rotatividade aumentou muito e a maioria das terceirizadas não paga benefícios. Um trabalhador temporário ganha R$ 1.350, em média, com todos os direitos, pois é celetista. Já um terceirizado recebe apenas o salário mínimo e quase mais nada. E, por conta disso, não vê motivo para vestir a camisa da empresa”, desabafou o presidente do Sindplast, Francisco Brito.

Em sua convenção coletiva, o sindicato procurou incentivar as contratações, ao permitir as fábricas do segmento trabalhar com até 50% de mão de obra temporária, desde que não empregassem terceirizados. “Mas, as empresas não são obrigadas a seguir isso e, infelizmente, estão considerando mais interessante terceirizar mesmo”, lamentou.

Demanda sazonal

O presidente da Fieam (Federação das Indústrias do Estado do Amazonas), Antonio Silva, lembra que as empresas procuram, com a terceirização, otimizar despesas em um ambiente de crise. E acrescenta que, enquanto a demanda de mercado brasileiro se mostrar sazonal e não contínua, não será possível para as fábricas operarem com contratos de trabalho de “prazo indeterminado”.

“A indústria está confiante e a tendência é aproveitar a mão de obra, desde que haja produtividade. Mas, os governos mal assumiram e ainda não dá para ter um diagnóstico preciso para sentir qual será o verdadeiro rumo da economia nos próximos meses. Creio que a maior parte dos contratos será prorrogada por mais tempo, mas é cedo demais para falar em efetivação”, ponderou.

O Jornal do Commercio procurou entrar em contato também com a SRTE/AM (Secretaria Regional de Trabalho e Emprego do Estado do Amazonas) para obter dados mais aprofundados sobre a questão e ouvir o atual superintendente, Gilvan Mota. Mas, foi informado pela assessoria de imprensa que, em virtude da extinção do Ministério do Trabalho e demais mudanças institucionais na área, o órgão está impossibilitado de fornecer informações ou emitir qualquer declaração.

 

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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