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População ainda está dividida sobre os atos no bicentenário da Independência

MARCELO PERES

Face: @marcelo-peres  Instagram: @jcommercio 

Os atos durante o bicentenário da independência ainda repercutem, reverberando fundo no seio da população brasileira. E dividem as opiniões, principalmente entre os seguidores do presidente Jair Bolsonaro (PL), que disputa a reeleição, desenhando um cenário político muito acirrado no Brasil.

Para muitas pessoas, as comemorações da maior data cívica não deveriam ter sido transformadas em palco político em um momento em que o País se debruça para a escolha de seus representantes nas próximas eleições, assistindo violência política, na esteira dos seguidores de Bolsonaro e do ex-presidente Luiz  Inácio Lula da Silva (PT), a maior liderança da esquerda brasileira.

No entanto, esse sentimento não tem a mesma ressonância nos setores pró-bolsonaristas. Tanto no Amazonas como em outros Estados, o espetáculo que se viu durante o 7 de Setembro impactou muito o eleitorado, segundo analistas políticos. Em especial, junto àqueles com maior discernimento, melhor interpretação, para entender as nuances e as estratégias lançadas para fisgar o eleitor brasileiro.

“Foi avassalador, inoportuno, recorrer, usar os recursos do erário público para fazer palanque político em uma data tão importante para o Brasil. Afinal, estávamos comemorando os 200 anos da independência, uma marca histórica em nossa trajetória”, diz Laís Miranda, professora de sociologia, que não esconde o constrangimento, mesmo sendo apoiadora do presidente Jair Bolsonaro.

Mas nem todos compartilham da mesma opinião. Caio Alves, estudante de direito, mas formado já em sociologia, vê os atos do presidente como uma voz na multidão para gritar contra a corrupção perpetrada pelos governos de esquerda.

Bolsonarista de carteirinha, Caio vê em Bolsonaro a maior liderança para colocar o Brasil nos eixos, equilibrar as contas públicas, fazendo com que os recursos cheguem aos seus reais destinos. “Ele (o presidente) é criticado e atacado por lideranças que não querem mudanças no Brasil, só defendendo seus interesses e o status quo, mantendo suas oligarquias e benesses em detrimento da maioria da população”, diz ele. “Tudo que ameace essa pequena minoria oligárquica bate de frente com suas lideranças”, acrescenta.

Essa particularidade também se observa em grande parte de estratos sociais menos aquinhoados, onde Bolsonaro encontra boa aceitação. Muitos não escondem o repúdio a Lula, demonizado pelos esquemas do mensalão e do  petrolão que marcaram os governos do PT. E que ainda estão muito vivos na memória dos brasileiros.

Vendedor de picolés na Betânia, zona sul de Manaus, Manoel Picanço diz não entender como o ex-presidente voltou ao cenário político. “Um homem que foi acusado de  fazer tanta coisa ruim, desviando dinheiro público, não poderia estar aí de novo disputando as eleições”, avalia ele. “O Brasil não pode mudar assim”, acrescenta. “Bolsonaro veio mesmo para acabar com toda essa farra. E estou com ele”, afirma..

Catadora de latinhas, atividade de onde tira o seu sustento diário, Margareth Picanço não gosta nem de ouvir falar em Bolsonaro. Para ela, Lula ainda representa esperança por dias melhores, para não faltar comida na mesa. E ainda sobre o mais importante – a geração de novos empregos e renda à população.

“Botaram ele (Lula) preso para não ganhar a eleição. Todo mundo sabe que o ex-presidente defende os mais pobres. Nós nunca passamos tanta fome assim quando ele foi presidente”, afirma ela. “O Brasil tem que se ligar. Lula é a nossa maior esperança hoje”, ressalta.

Campanha

Maior articulador da campanha de Bolsonaro no Amazonas, o Coronel Alfredo Menezes (PL), candidato ao Senado pelo Amazonas nas próximas eleições, disse que a esquerda se aproveita de todas as ocasiões para prejudicar a imagem do presidente. E que o 7 de Setembro foi oportuno para criticarem ainda mais o presidente da República.

Para ele, o Brasil passa por momentos de grandes transformações para acabar com a corrupção histórica que vem sangrando o erário público por muitos anos. O problema é que os anseios por mudanças atingem diretamente lideranças que não abrem mão de seus interesses escusos.

“Não podemos admitir ações contra a nossa democracia e a liberdade tão prezada pelo presidente. Ele (Bolsonaro) nunca interferiu na forma como as pessoas se expressam, mesmo sendo contra a sua imagem”, disse o candidato.

O senador Omar Aziz (PSD-AM), que disputa a reeleição para a única vaga do Senado pelo Amazonas nas eleições deste ano, também criticou o presidente. Ele e Bolsonaro protagonizaram grandes embates durante a CPI da Pandemia, comissão da qual foi presidente no Congresso.

“Ele nunca fez nada pelo País. Ao contrário, foi responsável pelas milhares de mortes durante a pandemia. Sempre foi um negacionista. Só não morreu mais gente porque nós conseguimos, depois de muita luta, trazer as vacinas para vacinar a população”, alfineta Aziz.

Depois dos atos pelo bicentenário, Bolsonaro disse estar confiante de que pode vencer a corrida ao Planalto já em 2 de outubro. Prova disso, segundo o chefe do Executivo, são as multidões que arrastou nas comemorações do 7 de Setembro em Brasília, no Rio de Janeiro e em São Paulo.

“Acho que está decidida a eleição no primeiro turno. Não tem explicação para o outro lado ganhar. Não foi apenas aqui, foi no Brasil todo”, afirmou. Bolsonaro rebateu críticas de adversários – alguns deles, inclusive, recorreram ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) – de que se apropriou de uma data nacional e da máquina pública para fazer campanha. 

“Estão me acusando do quê? Estive no 7 de Setembro em Brasília, acabou o desfile, tirei a faixa e fui para dentro do povo. Se qualquer outro candidato quisesse comparecer ali, não tinha problema nenhum. Não foi um ato meu, foi um ato da população”, garante.

Marcelo Peres

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