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PIB brasileiro avança acima do esperado

Marco Dassori

Twitter: @marco.dassori  Instagram: @jcommercio

O PIB brasileiro avançou acima do esperado pelo mercado, no segundo trimestre. No período, a economia brasileira somou R$ 2,40 trilhões em valores correntes – contra os R$ 2,25 trilhões anteriores. O crescimento do Produto Interno Bruto foi de 1,2%, em relação aos três primeiros meses de 2021, sendo o quarto dado positivo seguido nesse tipo de comparação. O resultado fez a soma dos bens e serviços produzidos em solo nacional avançar 3,2% ante o mesmo trimestre de 2021, além de subir 2,5% no semestre e 2,6% no acumulado dos últimos 12 meses. É o que revelam os dados do Sistema de Contas Nacionais Trimestrais, e foram divulgados nesta quinta (1º), pelo IBGE.

A melhor notícia é que, segundo o órgão de pesquisa, a atividade economia brasileira superou em 3% o parâmetro pré-pandemia, registrado no último trimestre de 2019. Com isso, o PIB atingiu o segundo maior patamar da série histórica, logo atrás do dado do primeiro trimestre de 2014. Assim como ocorrido nos levantamentos anteriores, o incremento foi puxado pelo setor de serviços, que incluiu o comércio e responde por 70% das riquezas produzidas pelo país. A indústria, contudo, obteve a maior alta do período e colecionou um segundo trimestre de desempenho positivo. A agropecuária, por outro lado, praticamente empatou, após o recuo do primeiro trimestre.

O consumo das famílias cresceu 2,6% na virada trimestral, no melhor resultado desde os quatro últimos meses de 2020 – às portas da segunda onda. Em contraste, o consumo do governo retraiu 0,9%. Em relação a igual intervalo de 2021, foram registradas altas respectivas de 5,3% e de 0,7%. O IBGE atribuiu o maior consumo das famílias ao crescimento da massa salarial real, aumento do crédito a pessoas físicas em relação ao segundo trimestre de 2021, além do saque extraordinário do FGTS e antecipação do décimo terceiro salário para aposentados e pensionistas do INSS.

Já a chamada “formação bruta de capital fixo”, que corresponde ao volume de investimentos na economia brasileira, avançou com mais força ainda na variação trimestral e atingiu 4,8% de alta, enquanto a expansão anual foi de 1,5%. De acordo com o órgão de pesquisa, a rubrica respondeu por 18,7% do PIB brasileiro, e sua elevação é justificada principalmente pelo crescimento das atividades de construção e de desenvolvimento de softwares. Vale notar que esta última foi uma das menos impactadas pelos efeitos da pandemia, assim como o setor financeiro, a agropecuária e a indústria extrativa.

Indústria na frente

Diferente do ocorrido nos meses anteriores, coube à indústria a maior taxa de expansão trimestral. O setor cresceu 2,2% ante o primeiro trimestre, no melhor resultado desde o terceiro trimestre de 2020 (+14,7%), período de recuperação dos impactos econômicos da primeira onda – e de base de comparação depreciada. A performance foi carreada pelas atividades de eletricidade e gás (+3,1%), de água, esgoto, atividades de gestão de resíduos (+3,1%), da construção (+2,7%), das indústrias extrativas (+2,2%) e das indústrias de transformação (+1,7%). 

Em relação ao mesmo trimestre de 2021, o incremento global foi de 1,9%. O melhor desempenho veio dos grupos que envolvem eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos (+10,8%), influenciado pelo desligamento de térmicas. A construção (+9,9%) foi puxada pelo aumento do número de pessoas ocupadas, enquanto as indústrias de transformação (+0,5%) quebraram um jejum de três trimestres, graças ao avanço na fabricação de coque e derivados do petróleo; couros e calçados, produtos químicos, papel e celulose e bebidas. As indústrias extrativas, contudo, recuaram 4%, impactadas negativamente pelos segmentos de minérios ferrosos e de petróleo e gás.

“A crescente do PIB nacional foi especialmente impulsionada pelo segmento industrial. Houve crescimento em todos os seus subsetores, inclusive na construção civil, que enfrentou momento difícil durante a pandemia. 

A indústria de transformação, após três períodos de inflexão negativa, subiu 0,5%. Esse é um indicador importante que denota um processo de estabilização e retomada da atividade fabril, mesmo diante das questões econômicas e políticas”, comentou o presidente da Fieam, Antonio Silva.

Serviços e agropecuária

Os serviços escalaram 4,5% ante os três primeiros meses de 2022, e também ante o mesmo período de 2021. O comércio – que aparece como um de seus subsetores – subiu 1,7%. O melhor número veio de “outras atividades de serviços” (+3,3%) – que comporta muitos serviços prestados às famílias, como alojamento e alimentação. A performance positiva também se espraiou por transporte, armazenagem e correio (+3%), informação e comunicação (+2,9%), atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados (+1,4%) e atividades imobiliárias (+0,3%). O dado negativo veio de administração, defesa, saúde e educação públicas e seguridade social (-0,8%).

“A tendência da economia é caminhar para um patamar de solidez, apesar de todos os percalços. Não obstante as dificuldades que passamos na pandemia, o PIB está crescendo e a inflação caindo. E temos perspectiva de crescimento acelerado nos empregos formais. Em relação ao Amazonas, o comércio certamente foi destaque, inclusive nas contratações. Isso tudo mostra o papel e compromisso da atividade comercial, que gera a maior participação de arrecadação de tributos, empregos e PIB regional. Comércio e serviços serão os setores com expressividade mais enfática nessa recuperação”, frisou o presidente em exercício da Fecomércio-AM, Aderson Frota.

Agropecuária oscila

A agropecuária, que havia recuado 0,9% no último trimestre, variou 0,5% no segundo trimestre deste ano. Mas, a comparação com igual intervalo do ano anterior mostrou retrocesso de 2,5%. Entre os produtos agrícolas, cujas safras são significativas no segundo trimestre, soja e arroz apresentaram decréscimo na estimativa de produção anual e perda de produtividade. Já o milho e o café apontaram crescimentos de 27% e 8,6%, respectivamente. As estimativas da pecuária são positivas, com destaque para os bovinos.

Em texto postado no site da Agência de Notícias IBGE, a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis, destaca que os números globais foram impactados pelo menor peso da safra e o ganho de peso da safra do café. “Esse setor é muito ligado à sazonalidade. No semestre, a agropecuária vem caindo, puxada pela retração na produção da soja, que é a nossa maior lavoura. De acordo com o Levantamento Sistemático da Produção Agrícola [do mesmo IBGE], a previsão é de queda de 12% nessa produção. Isso impactou bastante o resultado da agropecuária no ano”, concluiu. 

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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