A partir de 2 de maio, o Amazonas passa a ser reconhecido como área livre de febre aftosa sem vacinação, para seus gados bovino e bubalino. A decisão está na Portaria nº 665, do Mapa (Ministério da Agricultura e Pecuária), publicada nesta segunda (25) no DOU (Diário Oficial da União). A medida beneficia também os rebanhos da Bahia, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Piauí, Rio de Janeiro, Roraima, São Paulo, Sergipe, Tocantins e Distrito Federal. A partir dessa data, a aplicação da vacina contra a doença será interrompida nas unidades federativas listadas.
A iniciativa tende a beneficiar um rebanho de 2,5 milhões de bovídeos (categoria que inclui bovinos e bubalinos) no Amazonas, atendendo a um anseio antigo dos produtores amazonenses. Mais de 60% desse plantel está concentrado em 14 municípios do Sul do Estado: Apuí, Boca do Acre, Canutama, Humaitá, Lábrea, Manicoré, Novo Aripuanã, Pauini, Guajará, Envira, Eirunepé, Ipixuna, Itamarati e parte de Tapauá. As localidades listadas entretanto, estão dispensadas de vacinar, pois já possuem o status sanitário Livre de Febre Aftosa Sem Vacinação, desde 2021.
Texto da Secom (Secretaria de Estado de Comunicação Social) destaca que a elevação do Amazonas a área livre de febre aftosa sem vacinação foi um pedido do governo do Estado, atendido pelo governo federal. Em reunião com o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, ocorrida no final de fevereiro, em Brasília, o governador Wilson Lima já havia recebido a sinalização de que o Amazonas estava nesse caminho. “Isso é importante porque abre as portas para que possamos exportar nossos produtos e fortalece a produção rural do nosso estado”, destacou o chefe do Executivo estadual.
O reconhecimento coroa ações empreendidas pelo Executivo amazonense há mais de duas décadas, que remontam o inicio das coordenação das ações de defesa pecuária pelo Idam (Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Amazonas), em 2001; e a instituição do Programa de Erradicação da Febre Aftosa no Estado do Amazonas pela Codesav (Comissão Executiva Permanente de Defesa Agropecuária), em 2003.
Campanha continua
O presidente da Adaf (Agência de Defesa Agropecuária e Florestal do Estado do Amazonas), José Omena, ressaltou à reportagem do Jornal do Commercio que a campanha de vacinação no Amazonas, iniciada em 15 de março, continua até 30 de abril. Ele explica que o status “livre sem vacinação” só será efetivamente mantido se o índice vacinal no Estado superar a marca de 95%.
“É fundamental esclarecer que a portaria Mapa Nº 665 vale a partir de 2 de maio. Apenas a partir desta data, o Estado terá o status sanitário ‘Livre de Aftosa sem Vacinação’. Todos os pecuaristas devem vacinar seus bovinos e bubalinos, sob pena de não termos o status confirmado”, alertou, acrescentando que a conquista depende da participação de todos e que “é preciso vacinar agora para não vacinar mais”.
De acordo com José Omena, quando o Amazonas obtiver, de fato, o reconhecimento de livre de aftosa sem vacinação, os pecuaristas do Estado terão mais segurança para investir no melhoramento do rebanho, podendo pensar, até mesmo, em exportação. “O Amazonas tem um grande potencial para a atividade pecuária sustentável. Nossa expectativa é de crescimento e mais desenvolvimento para o Estado, sobretudo no interior”, asseverou.
Reconhecimento internacional
Assim que o Estado referendar o status “livre de aftosa sem vacinação”, o próximo passo será o reconhecimento internacional, por parte da Omsa (Organização Mundial de Saúde Animal). Segundo a portaria, a partir de 2 de maio, será proibido armazenar, comercializar e usar vacinas contra a febre aftosa no Amazonas, Amapá, Bahia, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Piauí, Rio de Janeiro, Roraima, São Paulo, Sergipe, Tocantins e Distrito Federal.
A meta do Mapa é que o Brasil se torne totalmente livre de Febre Aftosa sem vacinação até 2026. A partir de 1º de maio de 2024, haverá restrição na movimentação de animais e produtos entre os Estados que suspenderam a vacinação e aqueles que ainda a praticam. Também estará vetada a entrada de animais vacinados nas unidades federativas listadas na Portaria nº 665, a menos que sigam orientações específicas do Mapa.
“É mais um uma conquista histórica, sanitária e econômica para o Amazonas e nossos pecuaristas. Esse reconhecimento é o mais elevado status sanitário que um Estado pode ter nacionalmente, mas o trabalho continua para alcançarmos o reconhecimento internacional. É importante que continuemos vacinando os rebanhos, pois a portaria entrará em vigor a partir do dia 2 de maio”, reforçou o titular da Sepror, Daniel Borges.
Ações e investimentos
O presidente da Faea (Federação da Agricultura e Pecuária do Amazonas), Muni Lourenço, salientou à reportagem que o novo patamar da pecuária bovídea amazonense só foi atingido graças a “significativas ações técnicas” e “vultosos investimentos” dos governos e do setor privado. Segundo o dirigente, foram mais de cinco décadas de campanhas de vacinação, sorologia e tantas outras atividades em todo Estado.
“Tudo isso para atender as rigorosas exigências técnicas do Mapa e estruturar eficientemente o serviço de defesa agropecuária. Da parte do setor privado, criamos o Fundepec [Fundo de Defesa Agropecuária do Amazonas], um fundo emergencial privado indenizatório. E mantivemos permanente mobilização dos pecuaristas em torno da vacinação dos rebanhos”, enfatizou.
No entendimento de Muni Lourenço, trata-se de uma “conquista histórica” que representa esforço e superação de dificuldades próprias de um “imenso Estado”. “Principalmente com as dificuldades de distância e logística para transporte de vacinas e disponibilidade do serviço de defesa agropecuária em todos os municípios. As expectativas são positivas, de que esse status sanitário trará um horizonte promissor para o desenvolvimento da pecuária em nosso Estado, inclusive com a valorização da cadeia produtiva e o incremento da geração de emprego e renda no interior”, finalizou.
Boxe ou coordenada: Saiba mais sobre a campanha de vacinação
Os produtores devem adquirir as vacinas nas casas agropecuárias ou no escritório do Idam de seu município. As vacinas devem ser aplicadas até 30 de abril e a notificação junto à Adaf deve ser feita até 15 de maio. Esta deve ser a última campanha após a inclusão do Amazonas entre os Estados que pleiteiam o status Livre de Aftosa sem Vacinação.
Para esta última campanha, a Sepror (Secretaria de Estado de Produção Rural) investiu aproximadamente R$ 1,6 milhão, proporcionando a aquisição de 375 mil doses. A campanha visa atingir os bovídeos de todas as idades na primeira fase, de 15 de março a 30 de abril. Desde 2019, o Amazonas já investiu R$ 4,1 milhões na compra de 1.534.610 doses de imunizante, visando alcançar o status de estado livre da febre aftosa sem vacinação.