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Eneva dá início à construção de duas usinas termelétricas no Complexo de Azulão, em Silves

A Eneva anunciou oficialmente, nesta segunda (25), o início das obras do Complexo Termelétrico Azulão 950. Localizado em Silves (a 181,37 km de Manaus), o empreendimento prevê o aporte de R$ 5,8 bilhões na construção de duas usinas termelétricas de gás natural (Azulão I e II). Somadas, as térmicas contarão com 950 MW de capacidade instalada, e serão conectadas ao Subsistema Norte do SIN (Sistema Interligado Nacional). O lançamento das obras foi realizado em uma cerimônia no município, com a presença do governador Wilson Lima, executivos da empresa e autoridades locais.

A companhia é a principal operadora privada de gás natural onshore no Brasil, atuando desde a exploração e produção até o fornecimento de soluções de energia. Dona de 14 campos de gás natural, de um parque de geração de 5,95 GW de capacidade contratada, e com investimentos em seis Estados das regiões Norte/Nordeste, a Eneva também é um dos players privados que entraram no mercado de petróleo e gás do Estado, ao adquirirem antigos ativos fixos da Petrobras – o outro é a Atem, que comprou a Reman (Refinaria de Manaus). 

Em fevereiro, a Eneva anunciou a declaração comercial de dois novos campos de exploração – Campo de Tambaqui e Azulão Leste – em Silves e Itapiranga (a 227 quilômetros de Manaus), com expectativa de gerar até 1 mil novos empregos e investimento de até R$ 350 milhões. Com a construção do Complexo Termelétrico Azulão 950, a empresa espera fornecer energia a 3,7 milhões de residências em todo o país, entre o fim de 2026 e o início de 2027. Antes disso, no pico da obra, previsto para meados de 2025, o empreendimento deve gerar em torno de 5.000 empregos diretos.

Texto distribuído pela assessoria de imprensa da Eneva aponta que as obras devem priorizar contratação de mão de obra local e fornecedores de serviços regionais. “Nosso projeto tem uma logística que envolve alta tecnologia e movimenta fabricantes de equipamentos em todas as partes do mundo. Nosso objetivo é trazer desenvolvimento socioeconômico à região do Amazonas e para o país, por meio da geração de emprego e renda, além de também contribuir com a transição energética e segurança elétrica do país”, declarou o CEO da companhia, Lino Cançado, no mesmo texto.

Matriz econômica

Durante o evento, o governador do Amazonas ressaltou o impacto positivo do empreendimento e a diversificação da economia estadual. “Estamos entregando uma matriz econômica muito grande para o Amazonas, que hoje tem uma reserva de 40 bilhões de metros cúbicos de gás natural, e um potencial de chegarmos a 100 bilhões de metros cúbicos. Estamos criando as condições necessárias para o setor expandir ainda mais, e alavancar a economia do nosso Estado”, afiançou.

Wilson Lima salientou que o mercado de gás natural tem se consolidado como “forte alternativa” de desenvolvimento econômico no Amazonas. E afirmou que a atração de investimentos como a da Eneva comprova o acerto na definição do novo marco legal para o serviço de distribuição e comercialização do gás natural no Amazonas, realizada em 2021. No entendimento do chefe do Executivo amazonense, a iniciativa gerou competividade e dinamismo ao setor. 

“A quebra do monopólio de gás, com a ajuda da Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas [Aleam], foi decisiva para que esse empreendimento da Eneva, a exploração do gás natural, pudesse ser viabilizado, assim também como para atração de outros empreendimentos para o Amazonas. A operação da Eneva é fundamental porque passa um recado importante para o mercado sobre a segurança jurídica e a confiabilidade que se pode ter no governo de que as regras não serão mudadas”, disse o governador.

De acordo com a ANP (Agência Nacional do Petróleo), o Amazonas possui a maior reserva de gás em terra do país, o que sinaliza potencial para o Estado tendo em vista o avanço na utilização em empreendimentos comerciais, unidades residenciais, indústrias e veículos. Segundo a Cigás (Companhia de Gás do Amazonas), o Estado já tem mais de 18,3 mil unidades consumidoras contratadas; sete postos de combustíveis em operação com GNV (gás natural veicular); e a rede de distribuição de gás natural, que já possui 287 quilômetros de extensão, abrangendo mais de 20 bairros da capital.

“Enorme potencial”

O geólogo, analista ambiental, ex-secretário estadual de Mineração, ex-superintendente da CPRM (Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais), Daniel Nava, assinalou à reportagem do Jornal do Commercio que os investimentos anunciados pela Eneva se inserem na Bacia Sedimentar Amazonas com “enorme potencial” para gás natural. “Considero estratégico o posicionamento geopolítico do Complexo Azulão próximo ao Linhão de Tucurui e ao Projeto Minero-industrial do Potássio em Autazes, um polo que se caracteriza por ser grande consumidor de energia para refrigeração da mina subterrânea e produção da planta industrial de fertilizantes minerais”, frisou.

O também geólogo e consultor ambiental, Jorge Garcez, contou à reportagem que o campo que deu origem ao Complexo de Azulão 950 é parte de uma descoberta de 25 anos atrás, e adquirida pela Eneva em abril de 2018, tendo entrado em produção entre 2021 e 2022. No entendimento do especialista, o Estado só tem a ganhar com essa iniciativa.

“A relevância desse projeto está no fato de sua localização estratégica no Médio Baixo Amazonas. É um projeto pioneiro de gás da Bacia do Amazonas. Além do fornecimento de energia limpa, o Projeto Azulão contribuirá para o desenvolvimento econômico do interior. Vai levar emprego, renda e oportunidades para municípios distantes, priorizando a mão-de-obra local e a capacitação, além de criar melhores condições de investimentos. O é um importante garantidor das principais atividades industriais, comerciais, residenciais e de serviços nessa região”, concluiu.

Boxe ou coordenada: Investimentos também em capacitação

O empreendimento veio acompanhado de ações para capacitação de mão de obra. Durante a cerimônia, foi anunciado também o lançamento de um edital da nova unidade do Cetam no município e da seleção de bolsas para três turmas. Com o termo de cooperação técnica firmado em outubro de 2023, entre governo estadual e Eneva, a obra já começou e é realizada pela empresa, como uma contrapartida social. O investimento total é de R$ 10 milhões, sendo R$ 7 milhões para obras e melhorias na infraestrutura. A empresa também destinará recursos para bolsas de estudo dos alunos (R$ 1.320, cada). 

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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