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Pau-rosa, uma riqueza Amazônica em reconstrução

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            Em 1955 os jornalistas perguntaram à Marilyn Monroe, então no auge da fama, o que ela usava para dormir, e ela respondeu que usava Chanel nº 5. Foi o suficiente para a marca francesa de perfume se tornar uma das mais icônicas no planeta até os dias atuais. O que poucos sabem é que a essência tão famosa do Chanel nº 5, é extraída do óleo de uma árvore só existente na Amazônia, o pau-rosa, utilizado também em outros perfumes de grife. De tão explorado, devido o alto valor do seu óleo, o pau rosa foi praticamente extinto na Amazônia.

            Pesquisas desenvolvidas no Inpa (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia), com o apoio da Fapeam (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas) tendo à frente o doutor em silvicultura, Paulo de Tarso Barbosa Sampaio, buscam reverter esse quadro de quase extinção do pau-rosa (Aniba panurensis).

            “O objetivo das pesquisas é contribuir na organização da cadeia produtiva do óleo essencial extraído de árvores de pau-rosa, com grande potencial para a economia do Estado, auxiliando as organizações comunitárias do interior do Amazonas para o manejo racional e sustentável da árvore, com a produção de mudas, o plantio, o beneficiamento e a venda do óleo diretamente às empresas interessadas”, explicou.

            “Inúmeras comunidades tradicionais no Amazonas vêm implementando plantios da espécie com a perspectiva de geração de renda. No entanto, a organização para o beneficiamento e comercialização por grupos comunitários é muito incipiente”, completou.

            O pau-rosa pode ser encontrado no Brasil, Guiana Francesa, Suriname, Guiana, Venezuela, Peru, Colômbia e Equador. “Mas, devido à excessiva exploração, sofrida desde fins do século 19 até a década de 1980, atualmente a espécie está ameaçada de extinção sendo raramente encontrada em populações naturais”, disse.

 

            Arrancavam até as raízes

            “No Pará a árvore foi completamente extinta e no Amazonas duas áreas, em Maués e Novo Aripuanã, ainda promovem o plantio do pau-rosa. Até a década de 1960, esses dois estados chegaram a ter 500 destilarias beneficiando e exportando o óleo. Imagina-se que deveriam ser centenas, quem sabe milhares, de pessoas derrubando pau-rosa na floresta, inclusive arrancando até as raízes, também rica do óleo. Junto com a borracha e a castanha, o óleo do pau-rosa integrava a lista dos principais produtos extrativos exportados por Amazonas e Pará até aquela década”, lembrou.

            Para desenvolver a pesquisa, Paulo de Tarso esclareceu que inicialmente será realizado um diagnóstico da cadeia produtiva do pau-rosa no Estado. Com essas informações será possível estimar a capacidade produtiva das organizações comunitárias dos municípios de abrangência do projeto, além de atualizar o mapa de ocorrência e produção. Serão estudadas também as características morfológicas e a variação química das variedades de pau-rosa, de diferentes origens, concentradas em plantios tanto de produtores quanto de extrativistas. Considerando um universo amostral de mais de 200 árvores.

            “Em municípios como Presidente Figueiredo, São Sebastião do Uatumã, Silves, Maués e Parintins há inúmeros plantios de pau-rosa implementados com apoio das organizações comunitárias, porém sem nenhuma organização prévia para as etapas de manejo, beneficiamento e venda”, revelou.

            “A pesquisa será desenvolvida nos municípios de Maués, Silves, Itacoatiara, Parintins, Presidente Figueiredo, Novo Aripuanã, onde antigamente houve intensa exploração predatória de pau-rosa e que atualmente há plantios da espécie. Em Maués, Zanani Magaldi, que cultiva pau-rosa há 30 anos, produz duas toneladas/ano do óleo e Raul Alencar, em Novo Aripuanã também tem uma produção similar. O litro do óleo de pau-rosa custa US$ 350, no mercado internacional”, finalizou.

 

            Gigante da Amazônia  

            De origem amazônica e conhecida internacionalmente pelo aroma do seu óleo essencial marcado pelo característico odor doce e amadeirado, muito apreciado pela indústria de perfumaria, a árvore do pau-rosa é uma das gigantes da Amazônia, podendo atingir de 30 a 40 metros de altura. Durante mais de um século foi explorada de forma totalmente irracional, com a árvore sendo derrubada, inclusive as raízes arrancadas devido também serem ricas do óleo. Os pesquisadores que estudam o pau-rosa vêm recomendando há muitos anos que para extrair o óleo essencial não é preciso derrubar as árvores, pois o óleo obtido da destilação de galhos e folhas também possui um aroma e composição química muito interessante. Assim, o óleo de pau-rosa pode ser extraído através do manejo da copa, pois a espécie apresenta uma alta capacidade de regeneração após a realização de podas.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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