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Modelo de liderança no Brasil

Fatores históricos de relevante impacto ainda se encontram vigorosamente presentes na forma de gerir pessoas na vida organizacional brasileira. A influência do modelo de liderança tradicional atravessou séculos e culminou na atual dificuldade de se desenvolver tanto a autonomia do pensamento e da ação do trabalhador quanto nos comportamentos resistentes e defensivos de boa parcela de líderes. A estatística perde terreno para a simples curiosidade e avança às fileiras do estudo comprometido com a compreensão do fenômeno.
Pode-se acompanhar a análise dos números aqui relatada ora com a necessária frieza, ora com a inevitável perplexidade causada pelos dados que desenham o contorno do modelo autoritário que reinou (de cabo a rabo, praticamente) ao longo da história iniciada no século dezesseis.
Pois bem, de 1500 a 1822, viveu-se o período denominado Brasil Colônia. Portugal era a autoridade, cujas ordens políticas e econômicas atravessavam o Atlântico, sofrendo resistência ocasionalmente. O Brasil Império deu-se de 1822 a 1889 também sob o regime centralizador, ainda que forças contrárias tivessem pleiteado em vão maior participação no poder. Nestas duas primeiras épocas, se iniciou e findou-se tardiamente a escravidão de indígenas e africanos sob a batuta do rígido autoritarismo.
A partir de 1889 até os dias atuais convencionou-se chamar de Brasil República. Embora seja justamente nesta última época que se tenha alcançado a democracia, a autoridade ainda se fez valer nas mãos dos presidentes que chegaram ao Palácio do Catete, no Rio de Janeiro, e, com destaque a Getúlio Vargas, nos quinze anos em que governou de modo ditatorial. Menciono ainda, em especial, a era da ditadura militar, que cravou a espora no lombo, de 1964 a 1985. De Castelo Branco a Figueiredo, sobretudo com Médici, a autoridade cunhou sua marca, foi nela que o modelo autoritário de liderança apertou o arreio e lustrou as botas ao fazer valer a conhecida frase: “Manda quem pode, obedece quem tem juízo”.
Não se pode esquecer que, de 1945 a 1964, o Brasil respirou os ares da democracia com Dutra, Vargas (em nova performance), Juscelino Kubitschek, Jânio e João Goulart. E, somente após 1985, com o abrandamento (leia-se controle) dos ânimos dominadores das forças armadas, seguiu-se a um novo tempo de liberdade.
Respiremos fundo, pois é chegada a hora de avaliar o cenário numérico e expor a estatística na qual reside cada traço do modelo de liderança brasileiro. Então, dos quinhentos e oito anos de existência do Brasil, 466 deles foram dedicados, com maestria, ao autoritarismo. Mais: restaram 42 anos de tempo para o exercício da democracia. Ou seja, qualquer gráfico é capaz de representar facilmente as duas parcelas resultantes e sua brutal diferença, 91,73% refere-se à fase da liderança autoritária em suas várias nuances e 8,27% simboliza o estágio da liderança democrática. Ou ainda, menos de um décimo caracteriza a situação histórica brasileira em relação ao modelo de liderança utilizado em tal período. Somos infantis em matéria de democracia. Não se pode tachar de maduro aquilo que o devido tempo ainda não avalizou. Já pensou no caso?
Então, cumpre-se ponderar acerca dos efeitos sofridos até o momento em razão de a cultura estar impregnada do modelo autoritário. Não se desfaz de algo tão profundamente enraizado. A sua presença está na educação ancestral que ainda permeia a geração atual (quiçá as vindouras). Sem se dar conta do que se pregam dentro das variadas instituições sociais (casas e escolas, destacadamente), pais e educadores podem doutrinar (sem que se tenha a devida consciência) suas crianças a se comportarem nos moldes entendidos como “os mais corretos”. Isto é, frases bombardeantes do estilo: “Apenas obedeça” (sem maiores explicações), “Não me afronte”, “Não abra a boca para o seu chefe”, “É melhor ficar quieto”, “Os homens lá de cima mandam”, entre outras, se aplicadas com frequência, acabam por implantar as respectivas crenças. “Água mole em ped

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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