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Jovens encontram nos selos um bom passatempo

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Em tempos de adolescentes com a ‘cara enfiada no celular’ é até difícil imaginar que ainda existam jovens colecionando selos, uma atividade secular (o primeiro selo do mundo, o Penny Black, foi lançado em 1840, na Inglaterra; e o segundo, o Olho de Boi, lançado no Brasil, em 1843).

Selos foram inventados para selar cartas. Uma forma de taxar o envio delas. Mas, também, por causa da internet, até as cartas seladas estão cada vez mais raras. Ainda assim os selos continuam em alta entre os colecionadores. Além de ser uma atividade lúdica, estes pedacinhos de papel, dependendo da raridade, podem valer centenas, milhares, milhões de reais.
O Clube Filatélico do Amazonas completará 50 anos de existência em outubro e, nessas décadas todas tem reunido seus associados, ao menos uma vez por semana em alguma agência dos Correios. Há mais de 15 anos o encontro acontece na Agência Monsenhor Coutinho, na praça do Congresso mas, sem renovação, os associados estavam rareando. Para surpresa dos associados sessentões, há alguns meses adolescentes começaram a surgir nas reuniões, e tão interessados no assunto quanto eles quando tinham a mesma idade.

“Estava pesquisando sobre o marechal Rondon, na internet, e apareceu uma notícia sobre o lançamento de um selo sobre ele. Queria comprar o selo, mas não sabia onde encontrar. Um dia, em 2017, estava perdido aqui próximo à praça do Congresso, vi a agência dos Correios e resolvi entrar para perguntar sobre o selo. Fui perguntar, sem saber, exatamente para a dona Nati Cruz, a responsável em organizar as reuniões do Clube Filatélico do Amazonas”, lembrou Adriel de França Silva, 18.

O selo do Rondon não tinha, mas como Adriel é apaixonado por história do Brasil, comprou outro, da princesa Leopoldina.

“O selo da princesa Leopoldina pertence a uma série de seis selos que comemora os 200 anos da independência do Brasil, em 2022. Além da princesa, já comprei o do D. João VI e do José Bonifácio. Estou aguardando os três próximos, e não parei mais de colecionar ”, falou.
 
Caixa cheia de selos
Adriel é aluno do CMPM V (Colégio Militar da Polícia Militar) e integra um grupo de alunos apaixonados por história. Logo ele mostrou para os colegas como os selos são importantes difusores de fatos históricos, e nem demorou para vários se interessarem por aqueles minúsculos pedaços de papel.

Luiz Guilherme Rossetti Pizato, 17, começou sua coleção de selos em janeiro deste ano e desde então passou a ser um frequentador assíduo do Clube Filatélico. Apaixonado por histórias de guerra e de países, em especial da Alemanha, o jovem se direcionou para esta temática.

“Um senhor, sabendo que eu colecionava selos da Alemanha, me deu uma caixa cheia deles. Disse que os tinha fazia tempo, mas que não lhe interessavam. Qual não foi minha surpresa quando, ao pesquisar sobre os selos, descobri que vários deles eram da época da Segunda Guerra. Agora estou atrás de um que tem a cara do Hitler. É raríssimo, mas vai que eu encontro”, falou.
 
O Selo do Acre
Yasmin Rodrigues Dal Médico, 16, é a primeira integrante feminina do grupo de garotos apaixonados por história, e agora selos. 
Seu interesse é a Segunda Guerra Mundial e foi exatamente este assunto que a levou ao colecionismo de selos.

“O Adriel publicou no Instagram dele a foto do selo dos 50 anos da tomada de Monte Castelo, pelos brasileiros, na Segunda Guerra. Procurei-o para saber sobre o selo e como ele já estava ‘fazendo a cabeça’ dos colegas para colecionar selos, acabei me tornando colecionadora”, contou.

Assim como ganha muitos selos dos colecionadores mais antigos e experientes, Adriel presenteia os colegas que se interessam pelo colecionismo com os mesmos mimos.
Para Nati Cruz, funcionária dos Correios e coordenadora do Clube Filatélico do Amazonas, “os Correios tem o maior interesse em estimular o colecionismo, tanto que cede essa sala para os encontros e aí aparecem colecionadores de selos, cédulas, moedas, carrinhos. Todas as sextas-feiras estamos aqui, na agência Monsenhor Coutinho, das 15h às 17h, num encontro de boas conversas e troca de conhecimentos”, revelou.

“Os senhores do Clube acharam curioso nós não tocarmos nos nossos celulares durante as reuniões, mas gostamos de estar nas redes sociais como qualquer adolescente, apenas aqui nos concentramos na conversa sobre coleções e história, pois o pessoal do Clube tem muito a nos ensinar”, falou Adriel.

Em tempo. O Amazonas tem um selo que pertence à elite dos selos raros, o Selo do Acre, impresso em 1899. Naquela época o território do Acre estava integrado ao Amazonas. 
Fala-se no mundo do colecionismo que só existiriam cinco exemplares dele. Um deles pertenceu a um colecionador de Manaus e foi vendido recentemente, após sua morte, para colecionador de outro estado, diz-se que por alguns milhares de reais.                        
 

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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