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Investment grade e as PMES

A nova classificação de investment grade do Brasil pela agência Standard & Poor’s foi muito comemorada. No entanto, o assunto passou longe da discussão sobre os efeitos práticos da notícia, principalmente para os empreendedores de pequeno e médio porte. Analisando o atual cenário – PIB em alta, dólar em queda e economia mais do que fortalecida – podemos concluir que eles serão os principais beneficiados, caso o governo e o Banco Central consigam domar a inflação que começa a dar sinais de alta.
Antes de explicar como isto pode ocorrer, é necessário entender o que realmente a classificação significa. No mundo todo, os fundos de investimentos possuem regras de aplicação, risco, aderência etc. Uma delas restringe a aplicação em países que não tenham este investment grade. Ou seja, haverá muito mais investimento estrangeiro e maior entrada de dólares no país. Para se ter uma idéia do impacto disto, somente em renda fixa e ações, o Banco Central, que estimava cerca de US$ 12 bilhões para 2008, já dobrou sua previsão.
Mas para onde irão tais recursos? A resposta mais simples é dizer que irão se disseminar pela economia e gerar novas linhas de investimento, como muitos já se apressaram em dizer. É exatamente isto que vai ocorrer. Porém, passada a euforia inicial, podemos analisar com mais calma e detalhar melhor como os diversos setores podem aproveitar este fato.
Quando se fala em novos investimentos, supõe-se que boas idéias geradas por pequenos e médios empreendedores podem ser diretamente impactadas. Mas não é tão simples assim. Não é qualquer empresa que conseguirá ter acesso a estes recursos. Tais investimentos costumam ser seletivos. Por isto, ter uma contabilidade atualizada, departamento financeiro em dia, busca de tecnologias e responsabilidade social são diferenciais praticamente obrigatórios nesta nova era da economia brasileira.
Manter os instrumentos de controle em dia sempre foi essencial para qualquer negócio. Mas agora, as ferramentas de planejamento estratégico, análise econômica e fluxo de caixa tornaram-se primordiais para a performance das pequenas e médias. Com mais investidores e fundos propensos a despender mais recursos por aqui, não faltarão financiadores de boas idéias e de bons gestores. Outros países já passaram por momentos parecidos e dele saíram grandes empresas, que nasceram com uma boa idéia e poucos recursos.
Um exemplo significativo é a Microsoft, hoje uma das maiores empresas do mundo. Começou literalmente em uma garagem após uma bela sacada de Bill Gates e seu sócio Paul Allen. Quando o negócio começou a dar certo apareceram investidores, que tornaram a empresa mais global e competitiva. Em menor escala, isto pode ocorrer com qualquer companhia – desde que ela se mostre rentável e principalmente confiável.
Não é difícil prever que nos próximos meses haverá uma avalanche de investimentos no país. Portanto, não faltarão oportunidades para pequenas e médias empresas receberem aportes de capital ou até participarem mais de fusões. O mercado financeiro também passa a ter outro olhar sobre o chamado middle market, que começa a realizar IPOs, bem recebidos na Bolsa de Valores.
Negócios bem estruturados estão sempre mais propensos a receber este tipo de investimento. Atualmente, os instrumentos de controle proporcionam maior transparência para todos. Portanto, uma boa gestão e, principalmente, empreendimentos promissores, farão a diferença. As dificuldades passadas por todos no início da década de 1990, com a abertura de mercado no Brasil, foram decisivas para que ganhássemos em qualidade e competitividade. Hoje, pequenos e médios têm mercado certo por aqui e também exportam e competem de igual para igual com estrangeiros.
As pequenas e médias empresas podem e devem se aproveitar deste momento ímpar na economia brasileira. Embora crises sejam anunciadas mundo afora, por aqui a situação é mais do que favorável. A recente alta da inflação não deve atrapalhar tanto, haja vista que o governo já deu sinais de que não deixará que ela dispare e ao mesmo tempo não provocará uma recessão para contê-la. É hora de fazer a lição de casa. Quem dormir no ponto pode ficar para trás.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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