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Intenção de Consumo das Famílias de Manaus em abril fica acima da média nacional

A confiança do consumidor de Manaus saiu mais fortalecida em abril, no segundo mês consecutivo de expansão. Os dados locais da CNC (Confederação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo) para a ICF (Intenção de Consumo das Famílias) revelam que o índice de crescimento mensal da cidade (+4,9%) bateu a média brasileira (+0,4%), que registrou seu primeiro resultado positivo de 2024. Na variação anual, a vantagem foi de 42,3% a 6,1%. A alta foi sustentada por melhora na percepção sobre renda, emprego e acesso crédito, assim como maior propensão a comprar bens duráveis.

O ICF de Manaus marcou 107,6 pontos em abril e segue há seis meses na zona de satisfação (acima dos 100 pontos). A confiança das famílias manauenses com rendimentos de até dez salários mínimos (104,5 pontos) progrediu 4,81%, retomando o patamar de confiança perdido em fevereiro. Famílias que ganham mais (140,1 pontos) tiveram incremento maior (+5,81%) e se mantêm confiantes desde novembro de 2022. No confronto com a fraca base de comparação de abril de 2023 (75,6 pontos), o indicador da CNC apontou uma escalada de 42,3% na intenção de consumo da capital. 

Em âmbito nacional, o ICF registrou sua primeira melhora no ano, quebrando uma sequência de quatro meses de queda. As famílias brasileiras aumentaram sua propensão ao consumo em 0,4% em relação a março, segurando o patamar da confiança (103,1 pontos) no quadrante positivo pelo oitavo mês seguido. O partindo de uma base mais forte, o índice da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo ainda cresceu 6,1% sobre abril do ano passado (97,1 pontos).

O reforço na vontade de comprar ocorre um mês após a Peic (Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor), medida pela mesma entidade, mostrar progressão entre as famílias de Manaus embarreiradas por contas a pagar (82,9% ou 549.142 delas) e leve redução entre as negativadas (52,5% ou 347.550). O Icec (Índice de Confiança do Empresário Comercial), também da CNC, reforçou alta e marcou 115,6 pontos. No mês da Páscoa, e em meios aos preparativos para o Dia das Mães, os lojistas da cidade avançaram nas expectativas de vendas e intenções de contratar, mas demonstram menor propensão a investir.

Renda e emprego

Ao contrário dos últimos meses, todos os sete subíndices do ICF tiveram alta mensal em Manaus, embora três continuem no patamar de insatisfação. Em sintonia com a redução gradual dos juros, a maior surpresa veio justamente da compra a prazo/acesso a crédito (+9,2%) e do “momento para duráveis” (+6,4%), que ainda contam com as menores pontuações da lista. Houve alta acima da média também para o entendimento sobre emprego atual (+5,4%) e renda atual (+5,1%). Já as perspectivas profissional (+3,3%) e de consumo (+4%) avançaram menos, assim como o nível de consumo atual (+2,3%).  

Apesar da melhora, o segundo escore mais baixo veio novamente da situação atual do crédito (90,3 pontos). Em torno de 44,1% dos entrevistados consideram que o acesso a financiamentos está mais difícil do que no ano passado, enquanto 34,4% apontam que ficou mais fácil e 14,8% dizem que empatou. A pior pontuação vem do subindicador de “momento de aquisição de bens duráveis” (79,4 pontos): 52,8% consideram que esta não é a melhor hora para se endividar com compras. Em ambos os casos, a insatisfação é a regra apenas entre as famílias mais pobres.

O nível de consumo atual também ajuda a puxar a média de Manaus para baixo. Mesmo com os aumentos seguidos, o subindicador tem o terceiro mais baixo número da lista (92 pontos) – embora famílias com renda acima de dez mínimos contem com pontuação muito maior (129,3 pontos). A fatia de manauenses que estão indo menos às compras (41,2 pontos) praticamente não saiu do lugar no confronto com março. A parcela dos consumidores que dizem estar consumindo mais subiu para 33,2%, e os 23,8% restantes se dizem indiferentes. 

A avaliação sobre a renda familiar atual (122,5 pontos) e da perspectiva de consumo (119,4 pontos) se mantiveram além da linha divisória da satisfação. Uma minoria cadente de 24% dos entrevistados em Manaus diz que a renda familiar piorou em relação ao cenário de econômico de 12 meses atrás. No outro extremo, uma parcela crescente de 46,5% enxerga melhora e 27,9% consideram que está igual. Em paralelo, 46,1% das famílias de Manaus esperam compras maiores nos próximos meses, 26,7% apostam em um cenário adverso e 23,3% aguardam estabilidade.

A perspectiva profissional (134,1 pontos) continua no topo da lista, seguida a alguma distância pelo subindicador de situação atual do emprego (115,3 pontos). Nada menos do que 59,6% das famílias espera melhora na carreira nos próximos seis meses, mais que o dobro das que têm opinião contrária (25,4%) e quase quatro vezes maior do que os indecisos (15%). Ao mesmo tempo, aumentou a distância entre as que se dizem “mais seguras” profissionalmente (36%) e que se declaram “menos seguras” (20,7%). Por outro lado, 22% não enxergam mudanças e 20,8% estão desempregados.

Juros e inadimplência

Em entrevistas recentes à reportagem do Jornal do Commercio, o presidente em exercício da Fecomercio-AM, Aderson Frota, avaliou que os indicadores mais recentes apontam para uma tendência de recuperação do consumo e da atividade comercial. “Estamos vivendo a diminuição contínua da inadimplência das famílias e novas oportunidades de emprego começam a surgir. Há a perspectiva preocupante de uma nova estiagem severa, mas nossas expectativas são positivas”, afiançou, acrescentando que a chegada do Dia das Mães é motivo de otimismo e expectativas para o setor.

Em comunicado à imprensa, a CNC atribuiu a recuperação do ICF nacional à redução das taxas de juros para as pessoas físicas e seus reflexos na redução da inadimplência dos consumidores. “A disponibilidade de crédito desempenha um papel importante no consumo das famílias e, consequentemente, aquece a economia como um todo”, afirmou o presidente da entidade, José Roberto Tadros. Ele alerta, no entanto, que a desaceleração do saldo de concessões de crédito ao longo dos últimos 12 meses é motivo de atenção para o varejo. 

No mesmo texto, o economista-chefe da entidade, Felipe Tavares, ressalta que a percepção dessa mudança no cenário de crédito difere conforme a renda do consumidor. “A curva ascendente, ainda que seja percebida nos dois espectros de renda, é mais acentuada para os que ganham mais”, comparou. “Para os mais ricos, a satisfação vem subindo quase ininterruptamente nos últimos 12 meses, com apenas alguns períodos de queda das casas decimais. Para os mais pobres, a regra vem sendo a oscilação”, encerrou.

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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