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Indústrias de Manaus têm nova queda no desempenho

Faturamento é recorde até novembro do ano passado/Crédito: Divulgação

Marco Dassori

Twitter: @marco.dassori  Face: @jcommercio

O PIM perdeu força nas vendas pelo segundo mês seguido, em maio. As vendas em dólares subiram 1,87% ante abril, passando de US$ 1.07 bilhão para US$ 1.09 bilhão. O resultado, no entanto, foi 9,92% menor do que o de 12 meses atrás (US$ 1.21 bilhão). Convertido em reais (R$ 5,15 bilhões), o decréscimo mensal foi de 1,53%, enquanto o tombo anual foi de 18,51%. O acumulado do ano seguiu positivo para o faturamento em ambas as medidas. A alta em dólares (US$ 5.66 bilhões) foi de 13,04%, sendo acompanhada por uma elevação mais modesta de 3,11%, em reais (R$ 28,12 bilhões).

Assim como ocorrido nos meses anteriores, os subsetores mais fortes do PIM foram em direções opostas: enquanto bens de informática e duas rodas avançaram, eletroeletrônicos recuaram. Com isso, os resultados do acumulado ficaram ainda mais distantes da projeção inicial de o setor crescer 35% em 2022. Os dados são dos Indicadores de Desempenho do Polo Industrial de Manaus, e foram divulgados pela Suframa, nesta sexta (29). A mesma base de dados informa, por outro lado, uma nova desaceleração nos empregos, embora estes tenham se mantido acima do patamar histórico das 100 mil vagas.

Na análise em dólares, 21 dos 26 subsetores listados pela Suframa fecharam o acumulado de janeiro a maio no azul. A maior alta proporcional se deu novamente no segmento minoritário de “diversos”, o único a alcançar alta de três dígitos (+80,32% e US$ 37.34 milhões). Foi seguido de longe pelos polos de brinquedos (+59,02% e US$ 20.42 milhões) e de duas rodas (+51,92% e US$ 2.06 bilhões). O tombo mais significativo veio de couros e similares (-15,42% e US$ 3.55 milhões).

Majoritárias e responsáveis, juntas, por praticamente metade do faturamento total do PIM, as divisões de bens de informática e eletroeletrônicos voltaram a ficar em extremos opostos em termos de faturamento. A primeira emendou o quarto mês de liderança, respondendo por 32,74% de participação e alta de 45,30% em cinco meses (US$ 4.51 bilhões). A segunda correspondeu à metade desse share (16,46%), ao ver suas vendas encolherem 7,269% (US$ 2.27 bilhões). As posições seguintes do ranking foram ocupadas pelos subsetores de duas rodas (14,93%), termoplásticos (8,47% e US$ 1.17 bilhão), químico (8,34% e US$ 1.15 bilhão) e metalúrgico (8,22% e US$ 1.13 bilhão). 

Entre os principais produtos do PIM, os destaques positivos de produção no acumulado vieram das motocicletas, motonetas e ciclomotores (alta de 22,71% e 573.353 unidades), tablets (+31,35% e 1.014.035), unidades evaporadoras para split system (+168,63% e 164.824), unidades condensadoras para split system (+119,89% e 74.150), compact discs (+39,86% e 1.243.250), aparelhos de GPS (+89,95% e 23.744) e lâminas e cartuchos (+42,65% e 70.841.061). Tradicionais carros-chefes do Polo, entretanto, foram na direção oposta. A lista inclui TVs com tela LCD (-14,48% e 3.908.558) –apesar de o ano ser de Copa –e celulares (-57,42% e 2.450.140), entre outros. 

Empregos desaceleram

Os empregos do PIM seguiram acima da marca dos 100 mil, mas, o contingente desacelerou pelo sétimo mês seguido, e atingiu o menor número do ano. A média obtida em maio foi 103.647 vagas, entre trabalhadores efetivos, temporários e terceirizados. Ficou 1,04% abaixo do dado de abril (104.733), sendo o menor patamar desde junho de 2020 (103.763). Já a comparação com o mesmo mês do ano passado (102.742) mostrou acréscimo de apenas 0,88%, ficando estatisticamente estável.

A média mensal de mão de obra do Polo Industrial de Manaus ao longo dos cinco meses iniciais deste ano, por outro lado, marcou estabilidade novamente, e novamente com troca de sinal. No total, foram contabilizados 105.618 postos de trabalho no exercício atual, o que equivale a uma leve variação positiva de 0,05% ante o “ano cheio” de 2021 (105.568). Mesmo assim, foi o melhor número desde 2016 (86.885), embora ainda tenha ficado bem distante do patamar de 2015 (105.015). 

Levando em conta só a mão de obra efetiva, o saldo no aglutinado até abril deste ano ficou negativo em 1.907 vagas, dado o predomínio dos desligamentos (13.143) sobre as contratações (11.236). Foi o quarto dado negativo seguido, após os cortes promovidos até fevereiro (-343), março (-1.219) e abril (-1.740). Também foi o pior resultado da série histórica fornecida pela Suframa, desde 2018 (-1.310). Em divulgações anteriores, a autarquia federal informou que as ocupações diretas em mão de obra representam mais de 80% dos empregos da indústria amazonense, em média.

Em texto divulgado por sua assessoria de imprensa, o titular da Suframa, Algacir Polsin, considerou que o balanço parcial do ano foi positivo para a indústria incentivada de Manaus. Na análise do dirigente, a expectativa para os próximos meses também é positiva, em virtude da aproximação das festas de fim de ano e eventos que tendem a aquecer a economia até dezembro. “É positiva, por conta da sazonalidade de todos os anos e agora também por conta de eventos como a própria Copa do Mundo. O que a gente observa é que a inflação está sendo reduzida e há uma tendência de melhora no mercado para o segundo semestre”, avaliou.

“Recuperação moderada”

Em entrevista concedida ao jornal o “Globo”, ao falar da queda de vendas do segmento no acumulado até maio, o presidente da Eletros (Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos), José Jorge do Nascimento Júnior, ressaltou que a base de comparação foi fortalecida pelo pico de vendas de produtos da linha branca, nos meses mais duros da pandemia. Mas, concordou que o consumidor está “bastante retraído”. 

“A venda desses produtos de maior valor é muito dependente do nível de confiança e mesmo voltando gradualmente o emprego, para que o cliente decida comprar um televisor ou uma geladeira é preciso um cenário mais positivo”, ponderou. “É natural que haja retração, afinal, estes produtos são de vida útil bastante longa”, emendou, acrescentando que a expectativa para o segundo semestre é de uma “recuperação moderada”, em razão da Black Friday, Copa do Mundo e Natal.

“Crescimento sustentado”

A avaliação é diferente no polo de duas rodas. Diante dos números de maio, o presidente da Abraciclo (Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares), Marcos Fermanian, já havia demonstrado otimismo para os meses seguintes. Em entrevista coletiva concedida neste mês, o dirigente reforçou as apostas e elevou a projeção de crescimento de 7,9% (1,29 milhão de unidades) para 10,5% (1,32 milhão) ao final do ano.

“As unidades fabris retomaram o ritmo das linhas de montagem e registram crescimento sustentado. Somado a isso, temos um mercado com tendência de alta, com o avanço dos serviços de entrega (delivery), o maior uso da motocicleta nos deslocamentos urbanos, além do fator aumento dos preços dos combustíveis”, comemorou.

Fermanian ressalvou que, mesmo com o aumento da expectativa de produção, a entidade segue atenta às “diversas variáveis” que podem impactar negativamente no mercado, como a alta da inflação e o aumento da taxa de juros. “São fatores que reduzem bastante o poder aquisitivo da população. Além disso, estamos num ano eleitoral e, como acontece sistematicamente, isso gera muito estresse no mercado”, encerrou.

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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