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Follow-Up – Desafio amazônico

A Amazônia está na ordem do dia –no governo federal, nas principais revistas ou nos mais importantes jornais. Parece que o Brasil começa a entender (talvez por pressão externa) a importância estratégica de uma região gigantesca que corresponde a aproximadamente 60% do seu território. Além da extensão física, detém a maior bacia hidrográfica da Terra (20% da água doce do planeta), recursos minerais e incomensurável biodiversidade. Disto já sabemos há tempos. Todavia, ainda hoje nos faltam capital financeiro e recursos científicos e tecnológicos para transformar esse potencial em riqueza efetiva.
Nas sociedades mais desenvolvidas, o bioma da Amazônia sempre despertou fascínio entre biólogos e naturalistas (Humboldt, Bates, Agassiz, Martius, Spix, Wallace, Spruce, La Condamine etc). Atualmente, com a crescente preocupação em relação à poluição e depredação do meio ambiente, as nações avançadas estão seriamente preocupadas com o desmatamento que se processa velozmente na região. A ciência moderna já conhece bem o papel da Amazônia na regulação do clima mundial.
Do lado extremo daqueles que não crêem na capacidade nacional para vencer o desafio amazônico se situa Paulo Emílio Vanzolini. Formado em medicina pela USP, com doutorado em zoologia pela Universidade Harvard (EUA), esse especialista em biodiversidade, de renome internacional, também se projetou como excelente compositor de música popular. É autor, entre outras, de uma das mais famosas canções da música popular brasileira: “Ronda”.

Visão irônica

Na visão irônica de Vanzolini, prestes a completar 85 anos –decepcionado com a ação do governo para interromper a devastação que se processa na região–, exposta em entrevista concedida à Folha de S. Paulo, “a única saída para a floresta é trancar e perder a chave”. É uma metáfora que bem ilustra seu desânimo e sua decepção. Do alto da experiência que a idade lhe confere e da impecável formação acadêmica, declarou, com mais contundência, sem esconder seu desapontamento: “Vejo a situação da Amazônia com grande desgosto. A equipe dessa ministra é muito ruim. O Capobianco é o pior. Agora ele inventou essa história de gestão do patrimônio genético”. E acrescenta: “A Amazônia inteira quer derrubar a floresta. Principalmente o pessoal que vive lá mesmo. O único jeito seria diminuir a população. Não existe desenvolvimento sustentável. É uma besteira completa. Enquanto a população crescer, você não vai negar comida… Enquanto tiver gente fazendo mais gente, como você vai comer sem matar os bichos que estão por lá?”. Há ainda a ação dos predadores profissionais que, sedentos de lucro, grilam as terras e derrubam as florestas.
Infelizmente, somos levados a concluir que o desafio amazônico é complexo, de difícil (ou impossível) solução, levando em conta a falta de conhecimento científico, as limitações de recursos financeiros e humanos, e a escassez de valores éticos que há no país. É um cenário que se agrava com a falência de um Estado de baixa produtividade e perdulário, que capta cerca de 50% da renda nacional para manter uma estrutura administrativa –com raras exceções– ineficiente. Em plena sociedade do conhecimento temos um Estado arcaico que opera sob modelo cartorial (e medieval) herdado dos colonizadores ibéricos.

Crítica do Millôr

No melhor estilo de um Voltaire, talvez acidificado pela liberdade de imprensa que se usufrui no Brasil de hoje, a coluna do Millôr na Veja da semana passada teceu crítica mordaz à atual sociedade. Tratando-se de um escritor que é unanimidade nacional em matéria de humor inteligente, reproduz-se, a seguir, parte dessa crítica: “Não temos do que nos queixar. Desde que elegemos democraticamente o Jânio, o Geisel, o Sarney e o FHC, aumentamos o número de nossos corruptos, ultrapassando países do primeiro mundo, nisso e na violência, que, felizmente, já é incontrolável. Pois já temos gente entre nós perto de produzir bombas atômicas domésticas. Estamos ampliando as favel

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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