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Entrevista Nair Blair: “vemos uma polarização tendenciosa”

MARCELO PERES

Face: marcelo-peres  Twitter: @JCommercio 

Candidata ao governo do Amazonas pelo Agir 36, (apesar de ter a candidatura rejeitada pelo TRE/AM), a empresária Nair Blair promete fazer tudo diferente em relação aos políticos que ocuparam o cargo anteriormente, inclusive do atual governador do Estado, que disputa a reeleição. Ela se apresenta como uma chapa puro sangue, formada por mulheres, trazendo uma proposta ousada que impressiona à primeira vista -a concessão de um auxílio estadual de R$ 1.500 que beneficiará imediatamente pelo menos 1 milhão de famílias a partir de 2023, caso vença as eleições de outubro deste ano.

Blair mostra muita tranquilidade, apesar de seu nome estar ainda sub judice no TRE-AM (Tribunal Regional Eleitoral do Amazonas) pelo episódio envolvendo o então governador José Melo, cassado por compra de votos. “Mesmo que minha candidatura seja indeferida, continuaremos até o fim para mostrarmos as nossas propostas aos eleitores”, afirma Blair.

A candidata se diz inocente por ter sido arrolada em um problema que sequer reuniu provas, condenando-a sem antes ser julgada, sem que fossem seguidos todos os trâmites legais. “Tudo aconteceu à revelia. Fiquei chocada. Fui eu que coloquei o Amazonas na posição internacional de destaque em termos de segurança durante a Copa Mundial de 2014”, lamenta.

Blair avalia que até agora os governantes nada fizeram para melhorar a vida dos amazonenses. Ao contrário, continuam defendendo os seus mesmos interesses, em detrimento de grande parte da população que passa fome, segundo ela.

Diferente dos demais, o nosso compromisso é com as pessoas. Nos comprometemos a fazer diferença com a experiência que temos. Não estamos prometendo criar a roda que já existe. E fazer nenhum tipo de acordo, conchavos políticos. Não temos nenhum financiamento além do fundo eleitoral que veio do partido. E também com recursos próprios”, afirma ela.

A candidata não se intimida com as pesquisas de opinião que apontam o favoritismo do atual governador Wilson Lima (UB) e de Amazonino Mendes (Cidadania) nas intenções de voto. “Vemos uma polarização tendenciosa para favorecer a velha política no Amazonas”, questiona.

Nair Blair participou da live  ‘JC às 15h’, comandada pelo jornalista Fred Novaes, diretor de redação do Jornal do Commercio.

 OBS: A entrevista foi concedida antes do julgamento de sua candidatura pelo TRE/AM

Jornal do Commercio – Temos duas candidatas nas eleições deste ano para o governo do Amazonas. Como avalia essa presença e o que uma mulher pode oferecer em termos de diferencial estando no cargo?

Nair Blair – Fiquei muito feliz pela oportunidade dada às mulheres, que foi quase uma imposição do TSE, e também por conta do financiamento eleitoral. Só aqui no Amazonas nós somos quase que 65% de representatividade. E os cavalheiros que aqui estão também são filhos de uma mulher.

A nossa chapa é puro sangue, temos uma mulher como vice a dra. Rita Nobre, que tem um intenso trabalho junto às comunidades, visionária, trabalhadora, aceitou de fazer uma chapa puro sangue, genuinamente feminina, que inclusive foi impacto nacional.

JC – Como foi o seu envolvimento na política, já que não esteve tão presente na disputa e de repente aparece concorrendo nas eleições?

NB – Na realidade, eu sempre trabalhei nos bastidores, fui técnica. Comecei militando já com dez e 12 anos, tinha um parente próximo que se candidatou a vereador de Manaus, depois concorreu para senador, foi vitorioso.

Acompanhei Jefferson Péres  que saiu de vereador para senador. Estive com ele durante 12 anos. Fui representante de 48 municípios do interior em Brasília. Trabalhei mais de 20 anos com capacitação de recursos, projetos, execução orçamentário. Me especializei em gestão pública e prestação de contas.

Como sempre trabalhei e gostei muito de ajudar a capital e os municípios, vi que, além do conhecimento, o momento precisava de um técnico ou uma técnica que tivesse compromisso e respeito pela população.

Saímos de uma pandemia. Foi um momento difícil .E vimos que precisamos de um gestor que saiba, realmente, trabalhar com a coisa pública. Tudo isso me motivou a disputar a um cargo.

Vi uma entrevista do atual governador dizendo que depois de três anos e meio conseguiu fazer o projeto básico para recapeamento da AM-010. E fiquei chocada. E isso, inclusive, foi que me motivou a estar hoje concorrendo.

JC – Nessa transição dos bastidores da política para estar hoje como protagonista, você tem também tem uma via como empresária. Pode falar sobre isso? E quais são as atividades?

NB – Fui funcionária pública por 30 anos. E hoje sou empresária do ramo de tecnologia. Já tem cinco anos. Na realidade, ensaiei essa atividade em 2014, na Copa do Mundo. Foi meu primeiro projeto privado.

Ganhei um concurso para trabalhar com projeto de inovação na Fifa. Por coincidência, esse jogo foi no Brasil. Fomos vencedores, tiramos grandes concorrentes do setor. E, a partir daí, demos continuidade ao projeto dando segurança no atendimento à saúde, e agora nas plataformas de educação.

JC – Essa expertise também traz sua experiência nas suas propostas para o governo do Estado….?

NB – Sim. Na realidade, é um fator preponderante. Pouca gente conhece as tecnologias utilizadas no Polo Industrial e nas fábricas. Tudo aqui está muito atrasado.

O Amazonas sempre foi pioneiro em inovação. Nesse momento, o governo está travado. Se você quiser obter qualquer tipo de informação, quer seja na área militar, de  saúde e de educação, vai ter problemas. Não tem dados no portal de transparência.

Não tem um registro efetivo tecnológico. Nada digitalizado. Não tem como saber sobre o remanejamento de gastos durante a pandemia.

A título de exemplo. Sabemos que ficamos durante dois anos em lockdown. As crianças ficaram afastadas das escolas. Mesmo assim, o governo pagou bilhões em transporte escolar.

Como você pode pagar uma empresa se não prestou o serviço? Isso tirou bilhões de reais.

JC – Precisa de dados….

NB – Não sei o que ele fez. Isso demonstra ou uma inexperiência, uma incapacidade gerencial absurda, ou essa catástrofe  de gestão.

Mas está acabando. Temos aí oito novas oportunidades, das quais quatro são da velha política e as outras da nova, não nova do ponto de vista do atual candidato que está no governo que conseguiu se superar, sendo pior do que a velha política.

JC – As pesquisas continuam polarizando em dois candidatos que estão à frente. Como vê sua presença nesses dados e de que forma pode mudar esse cenário?

NB –  O que vemos hoje é uma polarização tendenciosa, de alguém que realmente fazendo um clássico Fla x Flu para  retomar o que aconteceu em 2018, de que o antigo foi trocado pelo novo.

Mas realmente foi uma vergonha, eles querem ir nessa linha de polarização. Mas o que vejo hoje é lamentável. Temos hoje bons nomes. O amazonense não pode dizer que não tem opções.

Diferente dos demais, o nosso compromisso é com as pessoas. Nos comprometemos a fazer diferença com a experiência que nós temos.

Não estamos prometendo criar a roda que já existe. Não estamos fazendo nenhum  tipo de acordo, de  conchavos políticos. Não temos nenhum financiamento além do fundo eleitoral que veio do partido. E também com recursos próprios.

Não estamos presos, não temos nenhuma secretaria engessada. E podemos fazer diferente, prestando serviços de qualidade, fazendo ainda uma cobrança efetiva.

JC – Você já teve muitas caminhadas junto à população. Qual o principal anseio que vem observando durante essas atividades?

NB – Ficamos até preocupados porque a população está muito calada. Está, como dizem os nordestinos, bem sofrida. Vemos as pessoas desacreditadas, perderam a esperança. Na abordagem, elas dizem a mesma coisa – precisamos mudar. Por favor, nos ajudem a mudar.

O candidato que hoje está no governo participa de eventos, coloca a estrutura dele, de shows, de evento faraônico, a população vai lá e toca fogo. Aí ele diz que é o crime organizado. Ninguém mais aguenta a mentira dele.

Vejo que, realmente, a população quer mudanças. Nada novo, mas pessoas que tenham compromissos. E nenhum deles até hoje fez.

Tudo deles é construir 10 mil, 50 mil escolas, mas muitos só fizeram uma. Se estivemos unidos, conseguiremos fazer muito, sem passar essas promessas invasivas que não levam a lugar nenhum.

JC – Qual a sua expectativa para o julgamento da candidatura no TRE?

NB – Estou tranquila, graças a Deus. Eu confio muito na justiça, que foi sempre muito fiel ao cumprimento das leis. Tenho certeza que, depois desse monte de solicitações para retirada da minha candidatura, o TRE terá um bom senso, vai analisar que sou realmente ficha limpa.

Sofri o mesmo em 2018, mas consegui reverter, tendo deferida minha candidatura. Estou muito tranquila. Ainda que minha candidatura não seja deferida, vamos seguir até o fim.

Não desmerecendo os outros de candidatos, as nossas propostas são mais exequíveis e estão mais próximas das comunidades do nosso Estado.

JC – Se a sua situação eleitoral ficar sub judice, não teme que a população tenha uma má impressão ou dúvida sobre votar em você?

NB – Não. Já conheço várias autoridades, vários prefeitos que já estão segundo mandato, e que ficaram sub judice. Hoje, a população quer alguém que trabalhe e possa fazer por eles aquilo que até agora ninguém fez.

JC – Pode apontar o principal problema que o Estado precisa ter mudança de rota completa e que a Nair Blair tem condições de encontrar uma solução?

NB – Hoje o nosso problema que, inclusive desencadeia todos os outros, é a questão da fome, Temos 50% da população amazonense vivendo abaixo da linha da pobreza. É muito grave. Os índices são muito graves. Também a questão escolar. E todos eles estão ligados à situação da fome, falta de alimentação.

Propomos, diferente do auxílio emergencial limitado a 150 reais, do governo do Estado, é colocarmos um auxílio permanente de 1.500 reais. Mas haverá alguns critérios de avaliação que a gente não vai poder atingir, não tendo dinheiro no Estado, num primeiro momento, mais de 2 milhões e 200 mil pessoas.

Mas  de, já no primeiro semestre, pretendemos beneficiar 1 milhão de família que padecem desse mal. Parte desse valor será para necessidades para arrumar o cabelo, fazer a manicure, e o restante em alimentação. Tem um alcance social integral.

JC – Como vê a questão da representatividade da mulher e que tipos de ações podem atender aos anseios femininos:

NB – Na realidade, não tem uma política pública específica para as mulheres. Vamos  falar do ser humano de um modo geral. Todos sofrem praticamente os mesmos problemas. Vamos ter que erradicar a linha  da pobreza.

Temos que tirar o maior número de amazonenses dessa situação em menor tempo possível de tempo, Se vencermos as eleições, a ideia é passar esse auxílio já nos primeiros dois dais de governo. As crianças com o material escolar completo. Vamos fazer os d evidos ajustes.

JC – Você fala de um auxílio de 1.500 reais. Isso não causaria um endividamento do Estado….?

NB – A gente não vai dar dinheiro para todo mundo. Isso é óbvio. Vamos fazer uma seleção para ver quem, realmente, estar dentro desse limite, na extrema linha da pobreza.

Outro assunto muito importante é a questão do financiamento para o auxílio. Sei onde tem fundos internacionais que podem subsidiar essas ações. Como não transparência nos gastos dos Estado, não podemos avaliar o quanto foi feito.

Sabemos que o auxílio estadual tem irregularidades. Muitos já recebem a ajuda federal. E quanto chegam para receber o benefício do Estado, são confrontados se preferem continua com o governo federal ou com o governo local. Pra mim, isso é chantagem. Uma malversação dos recursos públicos.

Conheço várias pessoas que vieram denunciar e que foram obrigadas a deixar a senha para não receber o auxílio. As licitações de serviços são irregulares. E ninguém fiscaliza. Isso preciso ser revisto.

JC – Qual o seu posicionamento em relação à disputa pela Presidência da República? Qual o seu candidato?

NB – Nacionalmente, o nosso partido apoia o presidente Lula. Mas nos deixou livres no Estado do Amazonas a chapa de Bolsonaro. Estamos nessa empreitada e não sabemos ainda se o partido vai dar um outro rumo nos próximos dias. Estamos sabemos que está ocorrendo uma polarização severa e o presidente está aqui associado ao atual governador.

Então, não sabemos que condução a campanha do presidente Bolsonaro vai tomar em relação a isso. Somos de centro-direita e a gente não quer polarizar. Acredito que independentemente do tipo de presidente que esteja lá, não vai inviabilizar o trabalho técnico que planejamento para a população do Estado do Amazonas.

JC – Você participou da mobilização durante as comemorações do 7 de Setembro em Manaus? Como avalia esses atos?

NB – Não, participei no Rio. Havia mais de 3 milhões de pessoas em Copacabana. Vi um movimento pacífico. Achei muito interessante. Espero que realmente as urnas sejam o desejo da população e da maioria. Houve um debate em que as mulheres cresceram sua credibilidade junto à população.

E as duas mulheres candidatos nos deixaram encantadas com seus posicionamentos. todos nós decidimos marchar com o presidente Bolsonaro. É nos que nós realmente acreditamos.

JC – E dessa experiência de 12 anos com Jefferson Péres, que é uma figura icônica na política amazonense, o que trouxe em termos de aprendizado?

NB – Tenho muitas saudades. Várias vezes vi ele dizendo, chateado, que preferira ser vereador em Manaus que senador aqui, defendendo de fato o q eu deveria ser defendido, não ficando em discussões vazias.

Aprendiz muito com ele, que ninguém pegue no seu pulso. Eu era o braço dele na questão de orçamento. Aprendiz e também ensinava.

A vantagem era que se espera sempre o melhor. O presidente da Nokia o convidou para participar da Copa acompanhados de 20 pessoas, com tudo pago. E ele não aceitou, e disse que não conhecida ele. E quem nem sabia das pretensões. Há certos tipos de situações que você não deve aceitar. Se alguém pede uma coisa, vou ser obrigado a dar.

JC – O episódio envolvendo o então governador José Melo teve muita visibilidade. O que traz dessa experiência para hoje?

NB – Muita tristeza e sofrimento. Foi lamentável. Vim pra cá pra fazer a Copa do Mundo. E não pra votar e ser operadora política de ninguém.

Além disso, não vi meus filhos por oito anos por uma questão política questão foi criada por mim. Eu estava no lugar na hora errada. Estava numa reunião de pastores fazendo orações quando a Polícia Federal chegou. Acho isso inadmissível. Falta de respeitos com as mulheres. Muitas são soltos imediatamente por juízes que fazem conciliações, mesmo cometendo crimes atrozes.

Eu não fui ouvida, fui condenada sem ter sido julgada. Simplesmente me prenderam, sem nenhum tipo de acusação formal ou mecanismo jurídico. Eu não votava aqui e nem morava no Brasil.

Eu coloquei o Amazonas numa posição de destaque internacional em segurança na Copa do Mundo. Fique estarrecida porque me colocaram como mulher, negra, comprando votos. Criaram todo um factoide para eu aparecer no Fantástico.

JC – Vemos a arrecadação do Amazonas crescendo. Mas ainda assistimos muitas mazelas. O que faria com esses recursos?

NB – Faria tudo diferente do que eles estão  fazendo. Graças a Deus, eu não tenho prioridades em carros, vinhos, joias. Não tenho esses fetiches e essas insanidades. Pessoas que foram carentes e agora jantam com vinhos de 200 reais. É um absurdo. Um governante ganhar 30 mil reais e estar desfilando com um relógio de 2 milhões de reais.

Como não temos conchavos políticos, não teremos problemas em pagar. Como acontece na atual gestão e nas outras anteriores, é que eles fazem acordos por dinheiro. São campanhas milionárias, apesar que no tribunal o valor é menor.

Antigamente, ganhava quem tinha mais dinheiro. E na hora que governasse o governante ficam como marionete. Somos uma chapa puro sangue de profissionais.

Somos mulheres, mães, empresárias e pessoas que respeitam a população.

Marcelo Peres

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