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De estátua em estátua. De Tenreiro a Zezinho

No início do ano a artista plástica Rosa dos Anjos esteve envolvida em uma polêmica ao pintar de dourado a estátua de Tenreiro Aranha, localizada na popular praça da Saudade. Massacrada por parte da imprensa e por historiadores que alegaram ter a artista danificado uma peça histórica, Rosa dos Anjos ‘deu a volta por cima’ ao receber apoio até de historiadores de fora de Manaus que afirmaram não haver problema algum em se pintar de dourado monumentos históricos em bronze, e que isso ocorre em vários lugares do mundo.

“Outra coisa que comprovei foi que, após limpar a sujeira da estátua, verifiquei que ela era dourada. Criaram tanto caso pela pintura dourada, e originalmente a estátua é dourada”, disse.

“E ainda comemoro, também, o fato de trazer à luz a história de quem foi Tenreiro Aranha. Teve gente que me criticou e não sabe nem quem foi Tenreiro Aranha, outros quiseram me rebaixar, me chamando de artesã, como se ser artesã fosse uma coisa menor. Eu comecei fazendo artesanato, e isso muito me orgulha, e evoluí para a produção de peças de arte, como as estátuas que se encontram no zoológico do Cigs, por exemplo. Tenho até esculturas em cidades fora do Amazonas”, contou.

Dentro do universo das estátuas, Rosa acaba de concluir mais uma. A do ator/cantor Zezinho Corrêa, que será afixada em frente à Casa de Praia Zezinho Corrêa, na Ponta Negra. Depois de fechado por mais de 20 anos, o espaço foi reaberto no dia 1º, homenageando Zezinho, morto em 6 de fevereiro de 2021, e que teria completado 72 anos no dia 21 de abril.

Exemplo de pessoa

“Recebi o pedido da prefeitura de Manaus para fazer a estátua do Zezinho Corrêa há umas três semanas, e me deram o prazo de dez dias para entregar a obra. Geralmente, uma estátua como essa eu levo uns 30 dias para concluir, então tive que trabalhar direto para aprontá-la, o que aconteceu no prazo estipulado”, revelou.

A estátua, medindo 2m30, mostra o cantor em sua pose clássica quando cantava as animadas músicas da banda Carrapicho. Diferente da estátua de Tenreiro fundida em bronze pelo artista plástico italiano Enrico Quattrini , em seu ateliê, na Itália; a estátua de Zezinho Corrêa foi montada numa estrutura de aço trançado, coberta por uma camada de cimento numa técnica desenvolvida pela própria artista, em seu ateliê, em Manaus. Finalizando, a obra de arte foi pintada, não de dourado, mas na cor bronze, com tinta automotiva. Ficou pesando mais de 500 quilos.

“Para aqueles que, no episódio do Tenreiro Aranha, me chamaram de artesã, deixo o exemplo de Zezinho Corrêa. Ele foi o curador da minha primeira exposição, em 1992, na Galeria Moacir Andrade, do Sesc. Eu estava começando e falei a ele que queria mostrar o meu trabalho. Prontamente acreditou no meu trabalho, sem preconceito algum. A exposição foi de meus primeiros quadros, e miniaturas artesanais de onça”, lembrou.

Zezinho nasceu em Carauari, interior do Amazonas. Iniciou sua carreira como ator, no Rio de Janeiro. Atuou em vários musicais antes de começar a cantar na década de 1980. No grupo Carrapicho, estourou na década de 1990 com o single Tic, tic, tac. Além de sua carreira com a banda, teve uma carreira solo de sucesso, gravando um CD no Teatro Amazonas, em 2001. Este ano foi homenageado pela escola de samba Reino Unido da Liberdade com o enredo ‘Bate forte o tambor, Furiosa! Eu quero é Tic-tic-tac! A Reino Unido abre as cortinas para Zezinho Corrêa’.

Espaço multiuso

A Casa de Praia Zezinho Corrêa ocupou o lugar onde fez muito sucesso a discoteca Papagaio’s e depois funcionou o Local Casa de Praia. No espaço, agora, acontecerão atividades de lazer, turismo, negócios, artesanato e gastronomia numa área de 1.650 metros quadrados, incluindo a administração, um restaurante, quatro lanchonetes, banheiros, playgrounds, palco, áreas de convivência, e área para exposição de artesanato. A expectativa é a geração de 100 empregos diretos na Casa de Praia.

A prefeitura de Manaus resolveu homenagear o cantor amazonense por Projeto de Lei do vereador Antônio Peixoto. Em 2021, Peixoto apresentou o Projeto que tinha a proposta de homenagear Zezinho, dando seu nome ao anfiteatro da Ponta Negra. Ocorre que o anfiteatro já tem um nome, proveniente da Lei nº 380, de 20 de dezembro de 1996, em honra de Armando de Souza Lima.

“E também uma pessoa só pode ter seu nome num espaço público depois de um ano de seu falecimento. Foi então que o prefeito decidiu restaurar aquele local, que estava totalmente abandonado, e a homenagem pode finalmente ser feita”, declarou o vereador.

“É uma felicidade enorme participar deste evento de inauguração e, principalmente, saber que o nome de Zezinho Corrêa fará parte de um belo cartão postal, de nossa capital, perpetuando o seu legado junto à população em um espaço destinado às artes. Tenho certeza que ele se sentiria honrado com esta homenagem”, concluiu.

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Evaldo Ferreira

é repórter do Jornal do Commercio
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