Pesquisar
Close this search box.

Construção segue inflação

Em sintonia com o choque inflacionário da guerra na Ucrânia, o custo da construção civil do Amazonas sofreu repique, e escalou em março. O passivo por metro quadrado ficou 1,93% mais caro, passando de R$ 1.479,37 para R$ 1.507,93. A alta correspondeu a quase o dobro da média nacional (+0,99%), e foi quatro vezes maior do que a do levantamento anterior (+0,27%). Também superou o IPCA, no mesmo mês em que a inflação oficial registrou o maior valor desde o Plano Real. Os dados são da pesquisa do Sinapi (Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil), do IBGE.

O incremento registrado pelo Estado foi o terceiro maior do país. Ao contrário do ocorrido no mês anterior, o valor médio do custo dos insumos subiu 2,07%, ao pontuar R$ 933,73 (março) contra R$ 914,81 (fevereiro). O acréscimo global do indicador do IBGE para o Amazonas foi puxado também pelos dispêndios das construtoras amazonenses com mão de obra, que emendaram um terceiro mês seguido de alta e ficaram 1,71% mais salgados na mesma comparação, saltando de R$ 564,56 para R$ 574,20. 

O índice de alta do Sinapi do Amazonas bateu a inflação oficial, conforme o mesmo IBGE. Pressionado pelos preços dos segmentos de educação e alimentação, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo subiu 1,62%, em março, acelerando ante fevereiro (+1,01%) –o maior patamar para o mês desde 1994 (+42,75%). A mesma dinâmica também se deu no trimestre, com uma ligeira vantagem do indicador local da construção civil (+3,45%) sobre o IPCA (+3,20%). Na análise dos últimos 12 meses, os papéis se mantêm (+15,78% contra +11,30%, na ordem).

Com a alta fortalecida na variação mensal de março (+1,93%), o Estado decolou do 24º para o terceiro lugar do ranking nacional de maiores altas percentuais. Só ficou atrás de Mato Grosso (+4,14%) e Minas Gerais (+3,84%). Em contrapartida, Tocantins (+0,05%), Ceará (+0,06%) e São Paulo (+0,1%) figuraram nas últimas posições. Em termos regionais, a maior alta foi no Centro-Oeste (1,69%), com reajustes na parcela dos materiais em todos os seus Estados. Na sequência vieram o Sudeste (+1,14%), o Norte (+0,96%), o Nordeste (+0,82%) e o Sul (+0,40%).

Abaixo da média

O custo por metro quadrado no Amazonas (R$ 1.507,93) segue abaixo da média nacional (R$ 1.549,07), e se manteve na 18ª colocação entre os maiores valores do país. Santa Catarina (R$ 1.732,14), Rio de Janeiro (R$ 1.691,80) e Acre (R$ 1.648,13) ainda registram os dispêndios médios mais elevados do país. Na outra ponta, os valores mais baixos ficaram no Rio Grande do Norte (R$ 1.375,82), Sergipe (R$ 1.378,32) e Pernambuco (R$ 1.402,05).

Em termos de custo de materiais (R$ 933,73), o Estado subiu da 16ª para a 13ª posição, em uma lista liderada pelo Acre (R$ 1.052,55), Tocantins (R$ 1.020) e Distrito Federal (R$ 1.016,32), e encerrada por Rio Grande do Norte (R$ 846,44), Piauí (R$ 849,02) e Pernambuco (R$ 877,77). Em termos de mão de obra, o Amazonas ainda ocupa uma colocação ainda mais baixa (17ª), em uma lista com os extremos em Santa Catarina (R$ 794,82) e Sergipe (R$ 494,36). As respectivas médias nacionais, por outro lado, foram R$ 927,28 e R$ 621,79. 

“A alta nos preços dos insumos e da mão de obra, elevaram consideravelmente o indicador em março. Dessa forma, a estabilidade registrada no mês passado, voltou a flutuar para cima, elevando os acumulados do ano e dos últimos 12 meses. A ocorrência de reajuste na mão de obra pode ter sido o principal motivo da forte elevação. Assim, a média do último trimestre passou a demonstrar maior aumento, o que abre uma expectativa de elevação nas próximas divulgações”, frisou o supervisor de disseminação de informações do IBGE-AM, Adjalma Nogueira Jaques.

Em texto postado na Agência Brasil, o gerente do Sinapi, Augusto Oliveira, destaca que, em âmbito nacional, a parcela dos custos do setor relativa aos materiais (+0,48%) caiu em relação a fevereiro (+0,77%) e vem apresentando desaceleração ao longo de 2022 –em movimento contrário ao registrado no Amazonas. “Este é o menor índice observado desde julho de 2020. Na comparação com março de 2021 (+2,20%), houve uma queda expressiva de 1,72 pontos percentuais”, salientou.

“Aumento pontual” 

Embora concorde que o índice de aumento detectado para os custos da atividade foi significativo, o presidente do Sinduscon-AM (Sindicato da Indústria da Construção do Estado do Amazonas), Frank Souza, considera que o reajuste foi um ponto fora da curva. O dirigente reforça que “não há mais ambiente” no mercado que sustente novas altas significativas no indicador, mas não deixa de salientar a pressão das commodities, como ferro e petróleo. 

“Acho que esse aumento é muito pontual. No quadro geral do Brasil, continuamos à frente apenas de seis Estados, em termos de custos globais. Acredito que isso se deve especialmente ao momento pelo qual passa a maior parte das obras, que demanda materiais de acabamento e serviços mais caros. É claro que aí entra também o componente inflacionário, o aumento de 15% no aço, por exemplo. Devemos ter ainda um novo reajuste de 7%. E há também os combustíveis, que puxam muitos preços para cima. Mas, ainda acredito que a tendência é de estabilização nos preços do setor”, finalizou.

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
Compartilhe:​

Qual sua opinião? Deixe seu comentário

Notícias Recentes

Pesquisar