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Comércio do Amazonas desacelera pela terceira vez seguida, no mês da Black Friday, aponta IBGE

O varejo do Amazonas emendou seu terceiro mês consecutivo de desaceleração de vendas, em novembro. Desfavorecidos por dois dias a menos, e pelos impactos da crise da vazante, os lojistas tiveram resultado 0,4% mais fraco do que o de outubro, reforçando as perdas daquele mês (-0,5%). Foi o quinto dado negativo de 2023, nesse tipo de comparação. O confronto com o mesmo período do exercício anterior, contudo, apontou alta de 2% para o movimento no mês da Black Friday, reanimando os ganhos do setor nos acumulados do ano (+3,1%) e dos 12 meses (+2,7%). 

A desaceleração do Amazonas veio na direção contrária da média nacional, que marcou seu segundo mês de virtual estabilidade (+0,1%), com resultados positivos para eletroeletrônicos, móveis e vestuário. A elevação sobre novembro de 2022 chegou a 2,2%, mantendo os acumulados dos 11 meses (+1,67%) e 12 meses (+1,5%) no campo positivo. Diferente do ocorrido na maioria dos meses anteriores, segmentos de bens de maior valor agregado e dependentes de crédito conseguiram pontuar. É o que revela a Pesquisa Mensal do Comércio, do IBGE, divulgada nesta quarta (17). Diante dos números, a CNC revisou para baixo suas estimativas de crescimento para o setor.

O varejo avançou em apenas 12 das 27 unidades federativas, entre outubro e novembro. Com o recuo de 0,4%, o Amazonas caiu da 11ª para a 13ª posição, empatando com o Ceará. O melhor dado veio do Espirito Santo (+13,3%) e o pior, de Goiás (-4,2%). O incremento de 2% no comparativo com o mesmo mês de 2022 (-0,8%) foi 14º melhor resultado nesse tipo de comparação, em uma lista encabeçada pelo Espírito Santo (+12,4%) e encerrada pela Paraíba (-16,4%). No acumulado de 2023, o Estado subiu da sétima para a oitava posição, com Tocantins (+12,1%) e Paraíba (-8,8%) nos extremos.

Inflação e crédito

O ritmo ainda ameno do IPCA de setembro (+0,28%) não impediu o descolamento na receita nominal – que não leva em conta a inflação do período –, e ajudou as vendas menos do que o esperado pelos comerciantes. A variação mensal da receita nominal do varejo amazonense subiu 1%, em desempenho ainda pouco melhor do que o de outubro (-0,1%). O confronto com novembro do ano passado indicou uma escalada de 5,8%, enquanto os acumulados do ano (+4,4%) e dos 12 meses (+4,5%) também pontuaram elevações comparativamente mais robustas. As respectivas médias nacionais foram +0,7%, +4,8%, +4,1% e +4,7%.

Em razão do tamanho da amostragem, o IBGE ainda não segmenta o desempenho do comércio no Amazonas. Sabe-se apenas que os subsetores de veículos e material de construção, desta vez, tiveram saldo positivo, levando o varejo ampliado a um aumento mensal de 1,4% – contra os -0,7% anteriores. Houve incremento de 4,7% frente ao mesmo mês do ano anterior, segurando o crescimento de janeiro a novembro em 3,4%. Já a variação anualizada expandiu 3,7%. O Estado bateu a média nacional (+1,3%, +4,3%, +2,6% e +2,3%) em todas as comparações.

O comércio brasileiro registrou um mês positivo em seis dos oito segmentos investigados pelo IBGE, principalmente para equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (+18,6%); móveis e eletrodomésticos (+4,5%); e tecidos, vestuário e calçados (+3%). As divisões de combustíveis e lubrificantes (+1%); artigos de uso pessoal e doméstico (+1%); e hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (+0,1%) também pontuaram bem. Já artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (-1,6%); e livros, jornais, revistas e papelaria (-1,5%) encolheram.

Black Friday e dólar

Em texto postado no site da Agência de Notícias IBGE, o gerente da pesquisa, Cristiano Santos, assinala que, em âmbito nacional, O comércio vem de uma trajetória de crescimento em 2023, “mas sem avanços significativos mês a mês”. Segundo o pesquisador, o setor apresentou uma “volatilidade muito baixa” com resultados muito próximos de zero. Dessa forma, com exceção de janeiro, o restante do ano apresentou indicadores de estabilidade ou taxas muito baixas.

Para o gerente da pesquisa, um dos fatores que explicam o resultado é a Black Friday. “Outro fator que mais contribuiu para o desempenho de equipamentos e material para escritório, informática e comunicação foi a depreciação do dólar, que recuou 2,5% em novembro, ajudando as vendas dos produtos de informática”, explicou. Já o subsetor de hiper e supermercados, que tem peso de 50% no indicador, não cresce há dois meses. “Com o aumento no rendimento real e na ocupação, algumas pessoas podem estar direcionando seu dinheiro para o pagamento de dívidas e evitando o consumo”, conjecturou.

Em comunicado à imprensa, a CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo) informou que reduziu sua projeção de crescimento para o varejo brasileiro em 2023, de 1,8% para 1,6%. “A inflação mais baixa em novembro não foi o bastante para garantir o avanço no consumo das famílias e impulsionar o setor”, frisou o texto. E acrescentou que, diante da “menor perspectiva de crescimento econômico em 2024”, também projeta crescimento de 1,6% nas vendas no varejo este ano. A entidade ressalva, contudo, que o setor pode se beneficiar da esperada queda do custo do crédito, que deverá impulsionar as vendas de bens duráveis.

Vazante e Natal

Em entrevista recente à reportagem do Jornal do Commercio, o presidente em exercício da Fecomercio-AM, Aderson Frota, disse que o setor não teve desempenho expressivo em 2023 e que a estiagem “bateu muito forte” no setor. Mas, ressalvou que os comerciantes são capazes de se reinventar. “Tivemos aumento de custo e prazos quadruplicados. Mas, o Natal é uma data surpreendentemente forte e sempre pode mexer com o desempenho do ano”, ponderou.

Também em entrevista recente à reportagem, o vice-presidente da ACA, Paulo Couto, avaliou que a concorrência das vendas pela internet, em um ambiente de altas taxas de juros e endividamento pesaram mais do que os impactos da vazante. “Empresas com lojas do interior tiveram muita dificuldade de abastecer suas filiais, por conta da estiagem. O comércio já vinha com vendas e rentabilidade baixas, embora o consumidor sempre compre no Natal, mesmo com dificuldades”, encerrou. 

Lílian Araújo

É Jornalista, Artista, Gestora de TI, colunista do JC e editora do Jornal do Commercio
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