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Cidade de Manaus já registra falta de remédios por queda na importação de insumos

MARCELO PERES

Face: marcelo.peres Twitter: @JCommercio 

A indústria farmacêutica nacional aponta falta de insumos para a produção de remédios, situação que impacta negativamente no preço final ao consumidor. O problema se arrasta desde as fases mais agudas da pandemia. Em geral, a oferta de medicamentos vem caindo consideravelmente no Brasil.

Em Manaus, farmácias de manipulação dizem estar sem matéria-prima para atender demandas do mercado local. As dificuldades também são verificadas no segmento de pets. Medicamentos tradicionais, em especial a prazosina, de uso humano, mas também utilizada em casos de obstrução urinária em gatos e cachorros, estão em falta.

Segundo farmacêuticos, os insumos são importados principalmente da China e da Índia. Hoje, os dois países passam por uma nova onda da pandemia, impossibilitando manter a exportação para outros mercados, como acontece agora no Brasil.

“Estamos deixando de atender a muitas encomendas porque não há insumos para manipular remédios”, diz o farmacêutico Augusto Silva, sócio de uma farmácia de manipulação em Manaus. Para ele, é importante buscar outros fornecedores. Porém, a guerra entre a Rússia e a Ucrânia também está gerando muitas dificuldades, algo semelhante ao fornecimento de fertilizantes, de onde o País importa pelo menos 90% de toda a matéria-prima usada no agronegócio brasileiro.

Consumidores também reclamam. A dona de casa Ivete Noronha disse que não consegue encontrar o remédio habitual para pressão. “Tive que retornar ao médico para ele prescrever outro medicamento. O que tomava antes está em falta”, contou.

A mesma situação acontece com o assistente de veterinária Lailson Borani. Desde a infância, ele tem uma doença genética intestinal que o obriga a tomar uma droga específica todos os dias. “É só parar de tomar, e a situação volta a incomodar muito”, afirmou. Borani disse que voltou ao médico. O profissional prescreveu outro remédio, enquanto o usado habitualmente não estiver disponível no mercado.

Está muito claro que a indústria farmacêutica não passou ilesa ao aumento dos custos de insumos e os impactos causados à produção já chegam ao consumidor. Mais uma vez, o desequilíbrio entre oferta e demanda gera, entre outras consequências, falta de medicamentos nos hospitais das redes pública e privada, restrição de certos remédios em farmácias e drogarias e reajustes de algumas substâncias.

A conselheira nacional de Saúde, Débora Melecchi, disse que a guerra na Ucrânia impactou a falta de medicamentos no Brasil. Segundo ela, a dependência de insumos farmacêuticos de outros países reflete na saúde do País.

“O Brasil tem uma dependência externa muito grande. Ainda hoje, dependemos, pelo menos, de 90% dos insumos da China e da Índia. Junto a esse contexto, quando há diante dessa guerra na Ucrânia, acaba refletindo diretamente no nosso País”, afirma.

Medidas

Para amenizar a situação, o governo federal autorizou a suspensão do preço máximo para a aquisição de remédios em falta. Até agora, preços de nove substâncias já foram revistos, número que deverá saltar para pelo menos 20 até o fim de 2022.

Segundo o Ministério da Saúde, o objetivo é tentar evitar o desabastecimento de antibióticos e analgésicos, por exemplo, no momento em que a indústria afirma que a alta dos custos de produção impulsionou os preços de comercialização a um patamar acima do teto estipulado. A suspensão tem validade até o fim de 2022.

A preocupação com o cenário já fez inclusive a Frente Nacional de Prefeitos e o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde encaminhar ofícios ao Ministério da Saúde alertando para a situação. Eles citam falta de antibióticos, antitérmicos, xaropes, antigripais, entre outros.

O levantamento mais recente da CNM (Confederação Nacional dos Municípios) mostra que 80,4% dos municípios têm sofrido com a falta de medicamentos. Amoxicilina lidera a lista e a dipirona vem em segundo lugar. 

A dipirona injetável e a prednisolona também se encontram entre os mais mencionados. A ausência dos medicamentos já dura entre 30 e 90 dias na metade dos casos. O problema se estende por mais de 90 dias em 20% das situações.

Marcelo Peres

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