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Cachoeiras na rota do turismo em Rio Preto da Eva

Os municípios do Amazonas possuem belezas naturais desconhecidas pela maioria dos manauaras, porém, nem é preciso ir muito longe para desfrutar desses aprazíveis lugares, como é o caso de Rio Preto da Eva, a 80 km de Manaus. O único problema de uma viagem àquela cidade são os vários trechos da AM-010 (Manaus/Itacoatiara), com imensas crateras. Deve-se evitar ir ou vir por essa estrada, à noite. Além dos buracos na pista, áreas rurais não possuem iluminação pública.

Rio Preto da Eva não se resume ao rio Preto, que corta a cidade. Toda uma estrutura de cafés regionais, bares, restaurantes, hotéis, pousadas e balneários disponibilizam serviços para os visitantes. O que muitas pessoas não sabem é que o município ‘esconde’ em meio às matas, em áreas distantes do centro urbano, belíssimas cachoeiras vertendo água gelada. Todas estão em terrenos particulares, mas algumas liberam o acesso mediante pagamento de ingresso. Uma delas é a Cachoeira do Cabeludo. A referência é o quilômetro 113, da AM-010. A partir daí, para a esquerda de quem ruma para Itacoatiara, segue-se pelo ramal do Procópio, 16 km de pista asfaltada, que leva até a porteira do terreno onde se encontra a cachoeira.

O proprietário da área, de 83 ha, é o paraense Raimundo Nonato dos Santos Costa. Ele mora no local há 40 anos, mas só recentemente o filho homônimo de Raimundo resolveu transformar o bonito espaço num empreendimento turístico.

“Eu gostava de caçar e vinha para essas matas. Um dia, em 1982, cheguei até onde ficava a cachoeira e gostei do local. O dono do terreno quis vendê-lo, e eu comprei. Naquela época aqui ainda era bem mais isolado do que é hoje”, recordou.

Vendendo o JC

Raimundo, hoje com 72 anos, gosta de lembrar quando chegou a Manaus, em 1961, ainda com doze anos, vindo de Belém para morar com um irmão. Foi jornaleiro. Vendeu Jornal do Commercio, O Jornal e Diário da Tarde, pelas ruas da cidade. Um dia, adolescente, quis ganhar o mundo. O Circo Garcia estava em Manaus e Raimundo foi lá, se oferecer para acompanhá-los. Foi aceito e seguiu viagem. Quando estava em Santarém, numa de suas folgas, o garoto foi passear no porto. Nem imaginava que numa das embarcações ali atracadas, estava sua mãe. Avisada pelo filho de Manaus, que Raimundo ‘fugira’, ela veio de Belém atrás dele. Ao vê-lo no porto, o trouxe de volta à capital amazonense. Acabara ali a aventura de Raimundo pelo mundo.

Durante os 20 anos que morou em Manaus, Raimundo trabalhou em várias atividades, até descobrir a cachoeira e vir morar naquelas paragens, onde criou o casal de filhos. Plantou verduras e hortaliças, vendidas na feira de Rio Preto da Eva, existente até hoje.

“Não tinha com quem deixar os dois, então os levava. Atava uma rede e os agasalhava dormindo, enquanto vendia minha produção”, contou.

Nesses 40 anos em que mora no terreno, Raimundo manteve a vegetação nativa praticamente intocada. O atrativo maior é a cachoeira, de cerca de dois metros de altura, no Igarapé das Pedrinhas, abundantes no fundo do igarapé. As águas límpidas negras e geladas, com forte correnteza, são altamente relaxantes.

“Sempre gostei de viver longe da bagunça da cidade, por isso consegui me acostumar aqui, e meus filhos cresceram pensando da mesma forma”, revelou.

Visão de empreendedor

Há algum tempo, Raimundo Filho, 30, resolveu transformar o terreno numa área para turismo.

“As pessoas chegavam, entravam no terreno para ir tomar banho na cachoeira, e nem pediam nossa autorização. Então resolvi acabar com aquilo. Construí a cerca com a porteira. Agora, quem quiser entrar, tem que pagar”, avisou.

Os preços variam: carros: R$ 20; vans, R$ 30; microônibus, R$ 50; ônibus, R$ 100, e quem quiser fazer camping, é cobrado R$ 10, por pessoa.

Importante: uma pequena ponte de acesso ao terreno de Raimundo foi derrubada pela força das águas e uma pinguela foi construída ao lado. Veículos mais pesados devem evitar atravessá-la. O ideal é estacionar nas imediações e as pessoas irem caminhando até o terreno, não muito distante.

Devido à energia não ser perene no local, é facultado aos visitantes trazer bebidas e alimentos.

“Como as pessoas estão descobrindo aqui e vindo cada vez mais, têm nos dado dicas e, com o tempo, vamos atendendo às solicitações. É importante as pessoas ligarem (9 9522-3975) para agendar a visita”, informou.

Raimundo pai e Raimundo filho recebem os visitantes de domingo a domingo, das 7h às 17h. Só são aceitos pagamentos em espécie. O local ainda não possui redes sociais.

Além da Cachoeira do Cabeludo, outras duas cachoeiras também são liberadas para o público, com entrada paga: a Cachoeira do Fole, no quilômetro 14 do ramal do Procópio; e a Cachoeira do Jarbas, no quilômetro 93, com entrada pela ZF8, antiga estrada velha, um pouco além da ZF7, ramal da Embrapa.       

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Evaldo Ferreira

é repórter do Jornal do Commercio
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