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ARTIGO: Professores agredidos. O quadro é negro!

No dia dos professores, algumas perguntas: O tão falado “bullying” só existe quando acontece com alunos, crianças ou jovens? E quando acontecem ameaças, intimidações diversas, agressões, tentativas de assassinatos e outros crimes contra os professores? Quem protege os mestres na ida, na vinda e no seu ambiente de trabalho? Quem, na época de eleições, se lembra dos baixos salários e de condições insalubres? Quem tenta evitar que pais utilizem escolas como depósitos de filhos, transferindo responsabilidades pela educação aos educadores? Quem questiona o excesso de direitos e a extensa cobertura dada pelo Estatuto da Criança e do Adolescente-ECA? O que fazer quando, na maioria das vezes, menores são detidos praticando delitos, matando, roubando ou participando de quadrilhas? A Câmara dos Deputados analisa o Projeto de Lei 267/11, da deputada Cida Borghetti (PP-PR), que estabelece punições para estudantes que desrespeitarem professores ou violarem regras éticas e de comportamento de instituições de ensino. Em caso de descumprimento, o estudante infrator ficará sujeito a suspensão e, na hipótese de reincidência grave, encaminhamento à autoridade judiciária competente. A proposta muda o ECA (Lei 8.069/90) para incluir o respeito aos códigos de ética e de conduta como responsabilidade e dever da criança e do adolescente na condição de estudante.
De acordo com a autora, a indisciplina em sala de aula tornou-se algo rotineiro nas escolas brasileiras e o número de casos de violência contra professores aumenta assustadoramente. Além dos episódios de violência física contra os educadores, há casos de agressões verbais, que, em muitos casos, acabam sem punição. E o projeto, que tramita em caráter conclusivo, será analisado pelas comissões de Seguridade Social e Família; de Educação e Cultura; e de Constituição e Justiça e de Cidadania.
Em seu Blog “Falando Francamente”, a pernambucana Amannda Oliveira coloca o assunto em discussão. “Quando eu era estudante do ensino médio, os meus professores me serviam de referência, era possível ser amiga deles. Ao mesmo tempo em que podíamos brincar com eles, havia um respeito enorme por aqueles que nos ensinavam um pouco mais dia a dia. É muito triste perceber que o desrespeito e a violência ao professor imperam no dia de hoje. É terrível perceber como a violência invadiu as salas de aula e que os alunos tem se transformado por vezes em marginais, por pertencerem a famílias desestruturadas, que os criam como bichos soltos no mundo. Quando eu estudava, os professores eram mestres queridos e muitos me ensinaram parte do que vivo hoje e fazem falta”.
Após a postagem principal, dezenas de professores deixaram seus comentários, aqui transcritos sem citar nomes: Como professor de rede pública há 19 anos (e dois em cursos, totalizando 21), eu sei o quanto esta lei é tanto urgente como imprescindível. Não se pode descrever o horror das humilhações e coações morais. Só quem passou sabe. Estas agressões, abusos, ameaças estão assassinando o professor “vivo”. Muitos já desistiram, muitos estão de licença, fazendo tratamento, muitos estão abandonando o oficio.
Margarete Matos Figueiredo dá o seu depoimento: “Sou professora há 24 anos em escola pública e privada e estou atualmente de licença. Doente não só com o desrespeito de alguns alunos, mas também com pais, colegas, poder político, desvalorização do ambiente de trabalho, salário indigno, etc. Já adoeci, estou em tratamento psiquiátrico e psicológico. A Lei deve ser ampliada para o cumprimento de um ensino de qualidade total. São muitas vertentes para haver mudanças necessárias. O Ministério Público deveria cumprir seu papel fiscalizador. As Leis já existem, falta cumprir. Estou exausta de lutar”.
Mais depoimentos: “Sou uma otimista incorrigível e ainda acredito que nossos jovens têm jeito, que a educação em nosso país pode tornar-se algo do qual realmente possamos nos orgulhar. Por enquanto, vou tentando entender o que se passa com nossa juventude, com nosso momento pós-moderno, onde a violência, assim como o sexo e o desrespeito total, tornaram-se banais. Espero que consigamos sobreviver a esse momento e não desistamos de nosso sacerdócio, mesmo que às vezes nos seja tão penoso ser professor. Já estava na hora de uma Lei que valorize a autonomia do professor na sala de aula. Precisamos agora que essa Lei ganhe vida e deixe de ser apenas letras mortas. Nós professores precisamos de apoio, pois diante de algumas situações, muitas vezes, nos encontramos sem saber como agir diante das agressões dos educandos”.
“Há 15 anos em sala de aula, e com um processo rolando por ameaça de morte, por parte de um aluno, estou muito contente e espero que este projeto deixe o papel e chegue à sala de aula, para podermos ter um suporte contra a falta de educação e limites que hoje correm soltos pelas nossas escolas”. (Lia Yugue)
“É impressionante que precise de uma Lei para que os alunos aprendam a respeitar um professor. Esse princípio deveria partir de casa. Minha mãe nunca precisou me ensinar a respeitar meus professores. Respeitava antes de tudo como pessoas que são, muito antes de serem professores. Acho que não só os infratores devem sofrer sanções como também seus responsáveis, pois a ausência de valores e conceitos se deve e muito às famílias acharem que a escola deve também educar sua prole, que aumenta a cada dia visando receber os benefícios do governo”.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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