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Amazonino pode determinar os rumos do PT em abril

Para quem anuncia desde o ano passado a intenção de não participar do processo eleitoral de 2012, o prefeito Amazonino Mendes (PDT) está saindo melhor do que se esperava, armando um jogo de xadrez em que ele é sempre o dono do xeque-mate. Além da questão da água, de cuja polêmica é a estrela maior, o prefeito também aumenta sua força dentro do PT (Partido dos Trabalhadores), onde trava batalha de titãs com os grupos do governador Omar Aziz (PSD) e do senador Eduardo Braga (PMDB), além do grupo do deputado federal Francisco Praciano, que ainda sonha com a possibilidade da candidatura própria.
Controlando o PT, Amazonino garante grande espaço de tempo na TV e causa estragos nas articulações de Braga e Omar para viabilizarem uma candidatura em parceria com os petistas. Enquanto isso, o líder do governo na Assembleia Legislativa, deputado Sinésio Campos, tenta virar a mesa e mudar as regras do jogo depois de ver diminuída a influência do seu grupo na batalha para a escolha dos delegados que deverão decidir em abril, e não mais em março, se o PT lança candidato próprio ou se vai funcionar como apêndice da recandidatura de Amazonino Mendes, ou, ainda, se apoia o nome de Braga ou de qualquer outro candidato avalizado pelo senador juntamente com Omar Aziz.
Em entrevista ao Jornal do Commercio, Sinésio diz que, apesar de os partidários do prefeito controlarem hoje a maioria dos delegados, o PT ainda pode alimentar o sonho de disputar as eleições municipais com candidato próprio. “Defendemos a candidatura própria com flexibilização, o PT não pode se isolar na capital, defendo a composição com os partidos da base aliada. Ou o PT sai com candidato próprio ou apoia uma candidatura de fora, o PT tem suas instâncias democráticas e no momento oportuno vai decidir pelo melhor caminho”, argumenta.
Na recente reunião colegiada para escolha dos delegados que decidirão em abril os rumos da sigla ficou bastante evidente a supremacia dos grupos que apoiam Amazonino Mendes dentro do PT. As chapas encabeçadas, respectivamente, pelo secretário municipal de Habitação, Valtair Cruz (91 delegados), e pelo sindicalista Valdemir Santana (201 delegados), somam um total de 292 delegados.
A estatística garante a supremacia dos grupos “amazonistas”, já que as chapas dos demais coletivos somados não superariam os 292 delegados que podem levar o partido a se aliançar com Amazonino em abril. A chapa do secretário estadual de Articulação Política, José Raimundo Farias (Zeca do PT), conta apenas com 23 delegados, seguida pela chapa do presidente regional da sigla, ex-senador João Pedro, que soma 32 delegados. Depois aparece a chapa do deputado Sinésio Campos, com 43 delegados. A somatória desses números resulta em 98 delegados, os quais, acrescentados aos 110 da chapa liderada por Francisco Praciano, chegam a 208 delegados, abaixo, portanto, dos 292 pró-Amazonino.

“Donos de chapas enganaram os filiados”

À esquerda de Sinésio Campos e dos demais grupos que medem forças no PT, o deputado José Ricardo Wendling vê dificuldades para candidatura própria, mas disse ao JC que o grupo liderado por Praciano, de que faz parte, continuará a luta em favor de uma chapa única, por entender que só assim o partido terá chance de eleger uma grande bancada de vereadores à Câmara Municipal. Mas, ele lamenta o desgaste dos grupos progressistas. “Somos a terceira força, Sinésio e João Pedro perderam influência e os partidários de Amazonino cresceram em função do número de novos filiados que fizeram, comprometidos com o apoio ao prefeito municipal”, comenta.
No entanto, José Ricardo ainda aposta em uma reviravolta, inclusive, tendo em vista as circunstâncias do processo eleitoral que definiu a escolha dos delegados. “O secretário Valtair Cruz e sindicalista Valdemir Santana são forças que representam 58% dos delegados. Esses dois grupos, que estão nas mãos do Amazonino, podem decidir os rumos do partido, mas há fatos que devem ser relevados”, salienta.
“Se os quinhentos delegados, recentemente eleitos, decidirem pela candidatura própria, o processo será outro, haverá prévias e aí nossos mais de 4 mil filiados serão chamados a votar”, diz o deputado, afirmando a participação das bases “poderá mudar um fato quase consumado”.
Ele aposta nas bases e explica que quando da escolha dos delegados, “muitos filiados votaram nas chapas, mas sem saber das vinculações com Amazonino, os filiados não gostam do Amazonino, e é bom que eles não sejam enganados, é bom que os donos das chapas não enganem os filiados”,
Interpelado sobre a possibilidade da Executiva Nacional intervir no Amazonas caso o PT decida pela aliança com Amazonino, José Ricardo respondeu dizendo tratar-se de “uma questão remota”. Segundo ele, “o PT é um partido democrático, o PT deixa a critério das executivas estaduais e municipais a questão da candidatura própria ou a alianças. Não há uma decisão nacional quanto a Manaus e toda e qualquer informação sobre isso não é verdadeira”
José Ricardo diz que, apesar das dificuldades, o coletivo Mensagem, no próximo encontro sobre tática eleitoral tentará convencer os outros coletivos sobre a tese da candidatura própria, a fim de o partido consiga eleger bom número de vereadores. “Nesse momento, tá todo mundo conversando internamente, os grupos que apoiam Braga ou que são simpáticos ao Omar, estão todos conversando. Quanto mais rápido as coisas forem decididas, melhor para compormos as coisas para a Câmara, pois há a questão do voto de legenda que nos preocupa muito e o próprio crescimento do partido em Manaus. Eu sustento que é importante ter cabeça (candidato próprio) no primeiro turno, para elegermos o maior número possível de vereadores”.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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