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Amazonas encanta com uma culinária inigualável  

O Amazonas e o Pará têm semelhança na gastronomia. E até na rivalidade. Dizem que o paraense costuma ser muito bairrista, principalmente em relação ao amazonense. Lembremos que o nosso Estado foi desmembrado do Grão-Pará, mantendo ainda hoje certas particularidades na culinária do Estado vizinho, porém há aspectos que se diferenciam bastante.

Ao contrário do amazonense, o paraense faz questão de manter suas tradições, tanto na música como nos pratos regionais, muito apimentados, preparados em sua maioria por insumos regionais pitorescos.

Quem não conhece a maniçoba, que se assemelha ao sarapatel de tartaruga e de outros quelônios? É preparada com mandioca braba, cozinhada por vários dias (até três semanas) antes de ser servida com carne de porco, de bovino, frango, entre outros ingredientes característicos da região.

“Lembra, inclusive, um pouquinho a feijoada”, diz o chef Thiago Castanho, paraense, um estudioso da gastronomia da Região Norte. Outra grande iguaria é o tacacá, um caldo à base de tucupi, recheado com goma, jambu e camarão, levando (dependendo do gosto do cliente) pimenta e sal à vontade.

O tacacá também é muito consumido no Amazonas, mas é no Pará onde existem as melhores receitas para o preparo, segundo especialistas. Porém, em termos de peixes, os amazonenses reúnem um farto acervo de espécies que deixam o visitante encantado com sabores altamente diversificados.

“A culinária regional é extremamente rica. Podemos aproveitar tudo de insumos regionais, inclusive sobras de itens que geralmente acabam no lixo”, diz a chef, engenheira de alimentos e pesquisadora em gastronomia amazônica Sigrid Nara Ruiz, que já desenvolveu mais de 50 projetos tecnológicos agregando ingredientes extraídos da própria floresta.

Chef Thiago Castanho, paraense, um estudioso da gastronomia da Região Norte

Fruto de sua pesquisa, um dos mais badalados é o preparo instantâneo de uma sopa à base de vários peixes da região, que vem em pó e pronta para ser degustada após poucos minutos no fogo.

“É uma boa opção para quem tem pouco tempo para se dedicar à cozinha em casa, aliás, em quaisquer circunstâncias. O produto proporciona o mesmo sabor de tambaqui, matrinxã, tucunaré, entre outros peixes bem apreciados na região”, diz ela, sem esconder a sua paixão pela culinária amazonense. “Temos muitos potenciais. Qualquer ingrediente pode virar uma poção mágica, deliciosa, usando-se muita criatividade”, acrescenta a especialista.

Sigrid também desenvolveu um tempero em pó à base de camarão que, em certa época do ano, é abundante no município de Manacapuru, localizado na RMM (Região Metropolitana de Manaus).

Chef, engenheira de alimentos e pesquisadora em gastronomia amazônica Sigrid Nara Ruiz

Pelo menos 80% do camarão acaba sendo desperdiçado por falta de estrutura para armazenamento, segundo a especialista. “Foi aí que tive a ideia de reaproveitar toda essa fartura de camarão, produzindo o condimento, podendo ser usado largamente no preparo de pratos. O camarão que iria pro lixo vira um ingrediente poderoso”, afirmou.

Outras iguarias

Tanto no Amazonas como no Pará, o açaí é altamente consumido. Na Região Norte, a iguaria vem acompanhada de peixe frito, carnes e de frutos do mar, estes últimos em terras paraenses, onde há peixes de água doce e salgada, algo que se diferencial do nosso Estado

“Não perco a menor oportunidade para tomar um açaí comendo peixe, carne, inclusive com farinha ovinha, que estala nos dentes, sendo muito saborosa”, diz a dona de casa Haline Miranda, flagrada pela reportagem saboreando a iguaria em uma casa que vende frozen da fruta (tipo sorvete) na zona sul de Manaus. “Vale a pena vir frequentemente para degustar tanta delícia”, disse ela.

O tucumã é outro ponto alto. Além de degustado no X-Caboquinho, também é largamente consumido in natura pela população. Tem um sabor inigualável, sendo rico em vitaminas do complexo B, em gorduras e sais minerais, segundo nutricionistas. Isso só para citar alguns diferenciais.

Já a caldeirada de tambaqui, assado também ou na opção moqueca, dão o ar na identidade da comida amazonense, sem falar no célebre jaraqui, conhecido pelo bordão popular “quem come jaraqui não sai mais daqui”, uma referência ao encanto que o Amazonas desperta nos visitantes que vêm para conhecer estas terras de perto, tanto nacionais como estrangeiros.

Chef Débora Shornik assina o menu especial na Latam

Fazendo diferença nas alturas

A gastronomia amazonense é, hoje, um grande trunfo para alavancar o turismo na região, aponta a Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes), que nos últimos anos vem incentivando a classe a investir em melhor qualidade nos pratos altamente difundidos no mercado consumidor local, nacional e internacional.

Hoje, a repercussão sobre os pratos à base de peixe é tão grande que a Latam já desenvolve cardápios exclusivos à base de pirarucu e outros peixes muito apreciados em suas viagens internacionais, aliás uma ação que faz parte de uma parceria com o órgão de turismo no Amazonas, entre eles Amazonastur, entre outras instituições.

O menu fica por conta da chef Débora Shornik. A principal atração é o prato ‘Amazônia Encantada’ para os passageiros das cabines Premium Business e Economy. Inspirado na Região Norte, a iguaria oferece pirarucu grelhado com legumes da estação, feijão manteiguinha, creme especial e farofa de especiarias amazônicas. 

Marcelo Peres

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