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Alta no feijão afeta restaurantes

O feijão foi o item da cesta básica com maior variação no ano aponta dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). O principal produto da alimentação do manauara sofreu variação de 115,46% nos últimos nove meses. Segundo o estudo, no mês de setembro o custo da alimentação básica na cidade acumulou uma ligeira queda de 0,01% se comparado ao mês anterior. Na variação anual, esse número foi de 9,15%. Para adquirir os itens da cesta básica em setembro, o trabalhador amazonense desembolsou R$ 401,4.
O setor de alimentos foi um dos mais afetados com a alta dos preços desses produtos essenciais, segundo a presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes do Amazonas (Abrasel-AM), Lilian Guedes. Ela comenta que, itens como feijão e arroz pesaram na balança das refeições comuns. “Os restaurantes que trabalham com prato comercial, a quilo, self servisse tiveram um impacto gigantesco com o aumento de preços dos produtos essenciais devido à queda das vendas. Mas além disso, tiveram alta de energia e outros itens que contribuíram diretamente para que em alguns estabelecimentos a redução de vendas chegasse a 50%. Tudo é uma bola de neve”, explica. Segundo Lilian, a pouca oferta somada aos envios de produtos alimentícios para fora do país influenciaram no resultado negativo.
Na capital o preço do feijão teve alta de 3,10% entre agosto e setembro com preço médio de R$ 10,28 no mês de setembro. Em agosto, o custo médio era de R$ 9,97 e no primeiro mês do ano custou R$ 5,38. “De janeiro a setembro o preço médio do feijão sofreu uma trajetória de grandes aumentos, por isso apresenta um resultado tão expressivo na variação anual. Isso tem influência da queda da primeira e segunda safra e a terceira que começou no meio do ano ainda não conseguiu reverter a situação”, explica o economista e supervisor técnico do Diesse no Amazonas, Inaldo Seixas Cruz. Em fevereiro o custo médio foi de (R$ 5,90); março (R$ 6,24); abril (R$ 6,38); maio (R$ 6,48); junho (R$ 8,25) e julho (R$ 9,38).
Na avaliação do economista, além do choque de demanda e oferta do feijão no mercado outros itens também provocaram os altos preços. “Talvez seja porque estamos com os antigos estoques comprados mais caros e os com preços mais ajustados ainda não tenham chegado. Nós também quase não produzimos e o que vem de fora depende da logística, uma vez que, quando o rio seca o tempo de viagem do produto aumenta e a quantidade de carga diminui, provocando o aumento no custo do transporte e depois transferido ao consumidor”, argumenta Seixas.
De acordo com o estudo, das 27 capitais onde se realiza a pesquisa, o preço do item apresentou queda em 21. Já o tipo carioquinha, pesquisado nas regiões Norte, Nordeste, Centro-Oeste, em Belo Horizonte e em São Paulo, caiu em 20 cidades e as variações oscilaram entre -12,13%, em Goiânia, e – 0,08%, em Rio Branco. Além do feijão, a manteiga (48,44%), o açúcar (40,95%), farinha de mandioca (34,66%) e o arroz (30,41%) foram produtos que em nove meses também sofreram maior elevação nos preços na capital amazonense. Os itens que apresentaram redução nos preços foram o tomate (-28,73%), o óleo (-3,17%) e a carne (-1,08%).

Comportamentos dos preços

No mês de setembro houve predominância de alta no preço do arroz, leite, feijão, café e carne. Já o óleo, banana e o tomate tiveram redução do valor, fato que contribuiu, para uma pequena queda da cesta em Manaus. O quilo do arroz ficou mais caro em 20 cidades pesquisadas, com exceção de Belo Horizonte, onde seu preço ficou estável. As taxas oscilaram entre (- 0,32%), em Rio Branco e (-6,37%) em Campo Grande. As maiores altas foram verificadas em Manaus (8,24%) e Salvador (4,16%). Já no ano, acumula alta de (30,41%). Entre os motivos da alta estiveram diminuição da área de plantio e foi necessária a importação de arroz. Além disso, os preços internos seguiram em alta, devido ao baixo ritmo de negócios entre produtores e indústria.
O preço do café continuou em alta, com elevação do em 24 capitais. As variações oscilaram entre 0,17%, em Belém, e 7,94%, em Belo Horizonte. As reduções foram registradas em Florianópolis (-3,98%) e Rio Branco (-2,34%). Já em Manaus, a variação mensal foi de (2,86%) e acumulada no ano de (26,37%). Para explicar o comportamento altista do café em pó está o aumento do preço do grão arábica no mercado internacional impactou na cotação dentro do país. Na capital amazonense a carne apresentou alta de (2,37%) e no ano, queda de (-1,08%). A menor oferta de carne bovina de primeira, devido à diminuição no abate de animais, levou à elevação do preço do quilo em 20 capitais. As maiores altas foram anotadas em Vitória (7,33%), Porto Velho (4,12%), Florianópolis (3,51%) e Brasília (3,11%). As reduções mais significativas ocorreram em Macapá (-5,44%) e Recife (-1,55%). O preço do quilo da manteiga também subiu em 22 capitais com variações que oscilaram entre 0,03%, no Rio de Janeiro, e 9,02%, em Boa Vista. As diminuições foram registradas em Macapá (-2,96%) e Rio Branco (-0,10%). Em Manaus, a manteiga apresentou alta de (0,76%), enquanto o leite, que um dos derivados do produto teve alta de (5,39%).

Cesta básica

Em agosto, o conjunto de itens alimentícios essenciais custava R$ 401,50. Já no mês de setembro manteve a média e registrou R$ 401,4. No mesmo período de 2015 a cesta básica custou R$ 335,73. A leve redução no preço da cesta básica na capital amazonense foi influenciada pela queda de cinco itens, destaque para os preços do óleo (5,90%), da banana (5,45%), do tomate (3,52%) e do pão (0,13%). O arroz (8,24%) foi o produto que apresentou maior alta no mês seguido do leite (5,39%), do feijão (3,10%), do café (2,86%), da carne (2,37%), do açúcar (2,07%) e da manteiga (0,76%).
Para adquirir os itens da cesta básica em setembro, o trabalhador amazonense desembolsou R$ 401,4. Considerando o valor fixado pelo governo federal em R$ 880,00, o trabalhador teve que desprender 100 horas e 22 minutos de sua jornada de trabalho mensal para adquirir os 12 produtos que compõem a cesta. O gasto com alimentação de uma família padrão com quadro pessoas foi de R$ 1.204,50.
Em setembro, o Diesse estima que o salário mínimo necessário para a manutenção de uma família de quatro pessoas deveria equivaler a R$ 4.013,08, ou 4,56 vezes o mínimo de R$ 880,00. Em agosto, o mínimo necessário correspondeu a R$ 3.991,40, o que é equivalente a 4,54 vezes o piso vigente.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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