As belas catedrais europeias são, sem dúvida, um grande legado arquitetônico para a humanidade. Ganharam os céus vencendo os desafios tecnológicos e as capacidades construtivas de uma época; sem os conhecimentos atuais da engenharia civil, sem o auxílio dos cálculos matemáticos apurados, sem recursos de computadores ou outro aparato tecnológico qualquer. Mas, em todas elas, se tentarmos saber quem são seus construtores, encontraremos imensas dificuldades.
Essas construções levaram séculos para serem concluídas. E o trabalho de muitos, que dedicaram toda sua vida para construí-las, perderam-se na História. Não é diferente do que ocorre conosco em nossa caminhada. Muitos de nossos sacrifícios, de nossos esforços passam despercebidos por todos. Ninguém percebe quantas vezes alguém se cala para que uma discussão não ganhe proporções indesejadas, ou quando avança horas na noite, a velar o sono de um enfermo. Ficam perdidas no anonimato as boas ações como quando, mesmo sem tempo, nos dispomos a ouvir alguém, a ceder a vez para o outro em uma fila, a fazer um favor que nos foi solicitado. No entanto, todas essas ações ficam registradas em nosso corpo fluídico para a construção de nossa catedral íntima. Assim, jamais desanimemos pelo não reconhecimento da sociedade ou da família, frente aquilo que fazemos.
Trabalhemos e vivamos oferecendo o que temos de melhor, na nossa vida familiar, nas lides profissionais ou na convivência social. É verdade que, muitas vezes, criamos expectativas de que alguém reconheça e valorize o que fazemos. Porém, mesmo se isso não ocorrer, mesmo assim, nosso trabalho nunca será anônimo. Afinal, são princípios racionalistas cristãos que orientam nossas atitudes, disciplina que praticamos, para erigir a catedral de virtudes e valores nobres em nossa intimidade. Como os construtores de outrora, toda uma existência de dedicação será válida quando compreendemos que nossa vida na terra ecoa por toda a eternidade.