*Augusto Bernardo Cecílio
Diariamente temos notícias acerca de conflitos mundo afora, povos em guerra, bem como fatos que mostram cada vez mais a agressividade e intolerância por tudo que possa ser ou parecer diferente, chocando a todos que querem a paz, a harmonia entre os povos, o intercâmbio entre as nações, a liberdade de expressão, de credo, de escolha sexual, enfim, um mundo equilibrado em todos os sentidos.
É complicado viver sobressaltado, com medo, e sem saber em qual ambiente ocorrerá um atentado, um assassinato, onde uma pessoa desequilibrada, fraca de espírito ou cooptada por alguém ou por um grupo, recalcada ou traumatizada, matará inocentes.
Hoje vivemos dias de incertezas. Uma crise econômica que atinge a todos – devido à globalização – e a violência em patamares inaceitáveis. Mesmo sabendo que muitos países travam conflitos (o caso da guerra na Ucrânia é o mais recente), não precisamos sair do Brasil para enfrentarmos essa triste realidade. Basta você analisar o que acontece no seu município ou no seu estado. A insegurança é muito grande.
As drogas consomem os jovens e desagregam famílias. A legislação frágil e a impunidade permitem que cidadãos sejam assassinados em acidentes de trânsito provocados por bêbados e por praticantes de “pegas”. Comerciantes são obrigados a fechar suas portas e a desempregar pessoas após muitos assaltos.
A vida continua a ser uma chama, que a qualquer momento pode ser apagada por um assaltante. E sequer se discute a questão da redução da maioridade penal, num país onde o jovem com 16 anos pode votar, pode roubar e matar, mas criminalmente é tratado como uma criança.
Sabemos que tudo que for exagerado, extremado, que envolva o fanatismo em qualquer atividade humana é um caminho aberto para a violência, para mortes, para o terror. Isso serve para a religião, política, esporte, enfim, para tudo.
Se no Brasil, que é considerado um país pacato, atualmente já virou rotina vermos ônibus incendiados, mortes encomendadas e verdadeiras guerras urbanas, imaginem o que poderá acontecer em países onde é tensa e grave a situação, por pensamentos, costumes, escolhas e crenças diferentes? Onde essas desavenças ocorrem há séculos, as crianças já crescem odiando o lado oposto.
A intolerância demonstra falta de habilidade ou até de vontade em reconhecer que somos diferentes e que essas diferenças são naturais. Ela pode ser preconcebida, podendo caminhar para a discriminação e para ações extremamente violentas. Imagine se virar moda o que aconteceu recentemente no Flamengo, com jogador sendo agredido por alguém da comissão técnica (caso do Pedro), ou um jogador sendo agredido por outro (caso da agressão de Gérson em Varela). Isso é péssimo!
O ruim de tudo isso é que justamente no século XXI, quando imaginávamos que o homem havia aprendido as lições de guerras e conflitos dos séculos passados que vitimaram milhares de pessoas, e da própria pandemia, nos encontramos novamente ameaçados pelo terror e pela discriminação.
Este século deveria ser um período de conquistas e avanços humanitários, com a inteligência sendo utilizada para novas descobertas de medicamentos, para o combate às doenças que persistem. Seria um período de intercâmbio tecnológico, para parcerias e entendimentos visando o fortalecimento das nações perante as crises econômicas e de abastecimento.
Justamente no momento em que a ONU dá sinais de fragilidade, é hora de a comunidade internacional parar de agir por espasmos. A situação da insegurança diante da escalada da violência exige comprometimento e posições firmes dos grandes líderes mundiais, sob pena de continuarmos a ver as democracias sendo atacadas e os seus filhos aliciados e recrutados por linhas inimigas.
*Auditor fiscal da Sefaz. E-mail: [email protected]