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AUTOESTIMA

Muito se fala em autoestima. Proliferam blogs, sites e perfis em redes sociais oferecendo pretensas dicas de “como melhorar a autoestima”, porém muitas vezes sob um viés inexato: associando o termo, por exemplo, ao marketing de serviços de estética ou de empresas do ramo da moda, para passar a ideia (incompleta) de que um novo corte de cabelo, um tratamento de pele ou uma roupa nova seriam as fórmulas eficazes para garantir nossa autoestima.

É evidente que, para a maioria das pessoas, estar em boa forma física, circular com um corte de cabelo que agrada, portar peças de vestuário que caem bem, dirigir o veículo desejado ou ter a pele bem cuidada são circunstâncias capazes de trazer bons sentimentos, de proporcionar satisfação. Mas tais situações, por si sós, não bastam para traduzir ou ensejar uma autoestima elevada.

Autoestima significa autoamor, apreço próprio. Pode-se afirmar, por isso, que a mais estreita relação da autoestima é, verdadeiramente, com o autoconhecimento. Sim, pois se é inviável amar quem não conhecemos, é inevitável concluir que conhecermos a nós mesmos é o primeiro passo para chegarmos, posteriormente, ao autoamor. Do contrário, as alegrias decorrentes do tratamento estético ou da roupa nova, embora válidas, podem ser efêmeras, deixando sempre a sensação de algum vazio a preencher. 

O processo de construção da autoestima se dá ao longo da vida, desde a infância. Por fatores diversos, lamentavelmente tal processo é passível de falhas no caminho, mas a boa notícia é que a qualquer momento torna-se possível retomá-lo ou melhorá-lo, principalmente por meio da psicoterapia.

É fundamental, pois, o papel da psicoterapia no desenvolvimento ou na consolidação da autoestima, o que passa necessariamente por uma mudança de foco. As referências externas devem substituir-se pelo olhar para dentro, a partir do qual saberemos quem somos, do que gostamos, do que não gostamos, etc.

A indispensável viagem interior nem sempre é fácil, e sendo guiada torna-se mais segura. Todavia, algumas dicas preliminares podem ser compartilhadas, sob a certeza de que colocá-las em prática auxilia bastante com o processo. 

De início, é preciso identificar nossos pontos fortes e nossos pontos fracos; podemos até mesmo colocá-los no papel. É um exercício que faço com meus pacientes e que parece simples, porém a maioria das pessoas com baixa autoestima encontra dificuldades para realizá-lo. O propósito é o de trabalhar a autoaceitação, permitindo que direcionemos corretamente nossas energias, investindo no terreno dos pontos fortes e organizando os pontos fracos que queremos ou que precisamos melhorar.

A segunda dica elementar é viver no presente, pois viver no passado nos prende aos nossos erros pretéritos e viver no futuro nos traz ansiedade. Então a vida deve ser aqui e agora. A propósito, existem técnicas como mindfulness, capazes de auxiliar nesse propósito.

A terceira orientação fundamental é honrar a própria história. É preciso que nos perguntemos de onde viemos, onde chegamos, o que já superamos, o quanto caminhamos sem perceber… Trata-se de uma prática que costuma ser bem desafiadora para quem vivencia baixa autoestima, já que esta é frequentemente acompanhada de um processo depressivo, ensejador das denominadas distorções cognitivas. Por isso, o auxílio de um terapeuta nessa caminhada muitas vezes é necessário.

A próxima dica, embora simples, também requer esforço: não se comparar. Lembremos que nas redes sociais, por exemplo, as pessoas postam suas fotos mais bonitas, passam a ideia de sucesso profissional, compartilham viagens, festas, momentos de alegria, enfim, exteriorizam uma “vida perfeita”. É importante não cairmos nessa armadilha. Resistamos a qualquer comparação que não seja com nós mesmos.

Fechando o rol de dicas, chamo a atenção para a necessidade do autocuidado. Embora já esclarecido anteriormente que a boa aparência física, isoladamente, não constitui garantia absoluta de autoestima elevada, é claro que não deixa de ser um componente importante. Contudo, outras formas de autocuidado devem ser consideradas em paralelo, a exemplo do autocuidado emocional (fazer terapia), do autocuidado intelectual (ler um bom livro), do autocuidado social (reunir-se com amigos) e do autocuidado espiritual (exercitar sua fé, qualquer que seja).

Não há qualidade de vida sem autoestima elevada. Dediquemo-nos, pois, à nossa autoestima, sem olvidar que a ajuda profissional é necessária, quando avançar por conta própria nesse processo torna-se difícil.

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