Ainda não foi desta vez, mas os trabalhadores da construção civil do Amazonas estão próximos a deflagrarem greve geral a qualquer momento, em virtude da não aprovação das reinvindições da categoria. Entre as reivindicações, está o reajuste de 6%, mais 2,5% de aumento real sobre o INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), além de cesta básica mensal.
A lista dos trabalhadores inclui ainda uma reivindicação antiga: a elevação de cinco categorias de trabalhadores da construção –pedreiros, carpinteiros, pintores, ferreiros, armadores e bombeiros hidráulicos– equiparando-os aos níveis salariais de outras capitais brasileiras.
Por enquanto, as negociações estão na estaca zero e a data base foi alterada para 1º de julho, com o objetivo de dar mais tempo às negociações, que já se arrastam há mais de um mês. A deflagração da greve que estava prevista inicialmente para ontem, no entanto, acabou sendo adiada.
O presidente do Sintracomec/AM (Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil do Amazonas), Roberto Bernardes, salienta que a exigência não é absurda. “Nós estamos tentando negociar da melhor forma possível, mas é um absurdo o que nos foi proposto. Aumento real de 1% é no mínimo humilhação para nossa categoria”, desabafou.
O sindicalista questionou também a avaliação do patronato sobre o ritmo da atividade no Amazonas, que estaria abaixo da média de outros centros urbanos do país. “O que vemos é um forte crescimento no setor. É claro que ainda temos muitos problemas, como a falta de mão de obra especializada, mas o sindicato está lutando para alcançar esse objetivo”, ponderou.
As empresas, segundo o presidente do Sinduscon/AM (Sindicato das Indústrias da Construção Civil do Amazonas), Eduardo Lopes, vão continuar esperando uma posição da SRTE/AM (Superintendência Regional do Trabalho do Amazonas), já que foram esgotadas as negociações e não se chegou a qualquer acordo. “Estamos aguardando também o julgamento do dissídio da categoria, que será feito pelo TRT [Tribunal Regional do Trabalho], até o final de julho”, acrescentou.
“Fora da realidade”
Lopes julgou que a primeira proposta lançada pelo sindicato da categoria foi acima das possibilidades da classe patronal. “A construção civil do Amazonas não vive um grande momento. Portanto, 14 % de reajuste estão fora da realidade”, justificou.
O Jornal do Commercio procurou diversas construtoras para falar sobre o assunto, mas estas preferiram não se pronunciar pelo fato de ainda não terem recebido nenhum comunicado oficial por parte dos sindicatos que representam as duas partes.