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Pecuária de corte e leiteira em baixa no Amazonas

A produção pecuária do Amazonas encerrou o primeiro trimestre deste ano com um novo desempenho negativo na pecuária de corte do Amazonas, que acompanhou a média nacional em baixa recorde, em sintonia com a alta da inflação. A atividade leiteira também apresentou resultados pífios, impactada pela pandemia e pela cheia. A suinocultura, por outro lado, prosseguiu trajetória ascendente, enquanto a avicultura de postura estabilizou em alta. É o que mostram os dados mais recentes das Estatísticas da Produção Pecuária, composto por três pesquisas trimestrais do IBGE.

De janeiro a março de 2021, foram abatidos 40.964 bovinos no Estado, 28,56% a menos do que em igual intervalo de 2020 (57.342) e 9,78% abaixo do registro de outubro a dezembro de 2020 (45.403). Foi o resultado mais baixo para o primeiro trimestre, desde 2010 (38.745), em uma série histórica iniciada em 1997. O dado nacional (6.560.963) também encolheu em relação ao trimestre anterior (7.363.482) e ao mesmo período de 2019 (7.335.886). As quedas nos abates de bois no Amazonas (31.535) foram de 11,60% ante os três meses finais de 2020 (35.675) e de 24,46% no confronto com o ano passado (41.745). O órgão de pesquisa não informou os dados sobre as vacas. 

O quarto trimestre de 2020 também registrou o abate de 3.872 cabeças de suínos, com acréscimo de 52,68% em relação ao acumulado de janeiro a março de 2021 (2.536) e incremento de 166,85% no confronto com o trimestre inicial de 2020 (1.451) – período de ensaio para uma retomada que seria abortada pela primeira onda da pandemia. O Estado – que contou novamente com três informantes – superou a média nacional (12.621.763), que cresceu menos ante o trimestre anterior (12.549.887) e do ano passado (11.944.134).

A mesma dinâmica se deu na análise pelo peso das carcaças. Os bovinos (9.213,369 toneladas) amargaram retrações de 11,48%, em relação aos três meses anteriores (10.408,923 toneladas), e de 26,63%, em comparação ao mesmo período do exercício anterior (12.557,162 toneladas). No caso dos suínos (241,879 toneladas) foram registradas expansões de 48,96%, ante o acumulado de outubro a dezembro do ano passado (162,377 toneladas), e de 197,82%, no confronto com o primeiro trimestre de 2020 (81,215 toneladas).

Produção pecuária de corte e leiteira fechou trimestre no vermelho – Foto: Divulgação

Ovos e leite

A produção amazonense de ovos de galinha cresceu 0,91%, na comparação do intervalo de janeiro a março deste ano (14.873 mil dúzias) com o trimestre final de 2020 (14.738 mil dúzias), mas ficou 31,79% acima do patamar dos três meses iniciais do ano passado (11.285 mil dúzias). Na média brasileira, a produção da avicultura de postura local (978.250 mil dúzias) seguiu trajetória descendente diante dos três meses anteriores (991.381 mil dúzias), embora tenha crescido em relação ao primeiro trimestre de 2020 (974.972 mil dúzias). 

A quantidade de galinhas poedeiras registradas no Amazonas apontou desempenhos positivos nas duas comparações, indicando diferenciais de produtividade, em cada caso. Houve acréscimo de 2,29% entre o trimestre inicial de 2021 (2.069.050) e o final de 2020 (2.022.778), enquanto o confronto com o dado do mesmo acumulado do ano passado (1.941.457) rendeu expansão de 6,57%. O desempenho seguiu em sintonia com a média nacional (174.078.437), que seguiu positiva nas comparações com o quarto trimestre de 2020 (173.814.566) e os primeiros três meses do mesmo ano (172.709.771).

A aquisição de leite cru, por sua vez, foi de 2,599 milhão de litros, no trimestre inicial deste ano, 3,45% a menos do que nos três meses anteriores (de 2,692 milhão de litros) e 6,51% aquém do patamar apresentado no mesmo período de um ano antes (2,780 milhão de litros). Na média nacional (6.555.592) houve recuo na variação trimestral (6.795.388) e alta na anual (6.440.948). Os dados do abate de frango e da produção de couro não foram informados para o Amazonas, em razão do número reduzido de informantes locais e da necessidade de manter o sigilo sobre os mesmos.

Efeito substituição

O supervisor de disseminação de informações do IBGE-AM, Adjalma Nogueira Jaques, avalia que a queda no número de cabeças bovinas abatidas no Amazonas pode ser um reflexo do aumento no preço final da carne, o que pode ter reduzido à demanda, justificando a consequente queda no preço das carcaças em relação ao trimestre anterior, e em relação mesmo trimestre do ano anterior. O pesquisado aponta, contudo, um possível efeito substituição, ao observar que o abate de suínos vem crescendo de trimestre para trimestre, “culminando com o melhor desempenho da série histórica”. 

“Isso indica que o preço mais em conta em relação à carne bovina potencializou a maior produção da carne suína, no Amazonas. O leite cru, por outro lado, manteve sua produção praticamente no mesmo nível do trimestre anterior. Já a produção de ovos marcou um aumento desde o terceiro trimestre do ano passado, refletindo uma maior demanda para consumo. No primeiro trimestre de 2021 manteve o nível alto de produção, sem aumento significativo em relação ao trimestre anterior”, ponderou.

Cheia e pandemia

No entendimento do presidente da Faea (Federação da Agricultura e Pecuária do Amazonas), Muni Lourenço, a redução no abate de bovinos ocorre principalmente em função da “grande cheia” deste ano da das medidas ambientais restritivas. “Além disso o contexto da pandemia ainda afeta o segmento como um todo. Mas, a expectativa é de aumento da produção, a partir do reconhecimento internacional de livre de aftosa sem vacinação para 14 municípios amazonenses”, ressalvou.

De acordo com o dirigente, a pecuária leiteira também foi impactada pela cheia, que inviabiliza a produção de várzea e em áreas de pastagens de terra firme. Outro fator apontado é o aumento dos custos de insumos, com a “disparada” dos preços de soja e de milho, que são base da ração de matrizes leiteiras. “A produção de ovos se mantém com desempenho estável nos últimos meses, apesar de também estar enfrentando momento delicado com o aumento significativo de preços de milho e soja, insumos fundamentais para a alimentação das poedeiras”, finalizou.

Foto/Destaque: Divulgação

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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