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Na busca por objetivos, Sócrates Bomfim enfrentou dificuldades

O empresário Guilherme Aluízio teve contato com Sócrates Bomfim em 1960, quando começou a namorar Selma Bomfim, filha de Sócrates. Seguindo o dito popular de que “a primeira impressão é a que fica”, até hoje o empresário guarda a primeira imagem daquele que viria a ser o seu sogro. “Era um homem encantador, de porte físico expressivo, gestos e palavras bem pronunciadas e um timbre forte. Essas qualidades lhe facilitavam ser um debatedor fora de série”, completou.
Guilherme Aluízio lembra que antes de conhecer Sócrates Bomfim pessoalmente, já ouvira falar ser ele um empresário ousado e culto. “Naquela época, década de 1940, 1950, vários produtores do interior comercializavam essência de pau-rosa em Manaus para exportação, mas era um mercado desorganizado. Sócrates teve a idéia de criar uma cooperativa com esses produtores e centralizar o comércio do pau-rosa para ter o controle dos preços de venda. Ganhou dinheiro com o produto até o momento em que as essências sintéticas entraram no mercado, derrubando o preço do pau-rosa”, lembra.
Para Guilherme Aluízio, o grande empreendimento da siderurgia idealizado por Sócrates Bomfim tinha tudo para dar certo, mas encontrou pesadas barreiras que não ­conseguiu transpor. “O aço do Sul chegava muito caro a Manaus. A idéia dele era produzir esse aço aqui para baratear os preços. Questões políticas e grupos poderosos da siderurgia nacional também ajudaram a atrapalhar o andamento do empreendimento”, lembra Aluísio.

O fim do sonho

A Siderama (Companhia Siderúrgica da Amazônia) ficou sendo projetada de 1960 a 1967. Para se ter idéia de como SócratesBonfim havia pensado em tudo, através de pesquisas realizadas por especialistas, havia sido descoberta uma jazida de manganês, no rio Aripuanã, outra de ferro, no rio Jatapu, algumas das matérias-primas para a confecção do aço, e no rio Negro, na reserva do Arara, estavam sendo plantados eucaliptos para a produção de carvão que iria alimentar os fornos da siderúrgica. Todas essas áreas faziam parte do complexo Siderama.

Construção das instalações

Em 1967 começou a construção das instalações da siderúrgica, onde atualmente está localizado próximo do porto da Ceasa. Cinco anos depois, em 1972, ela entrou em funcionamento. “O objetivo inicial de Sócrates Bomfim era produzir 28 mil toneladas anuais de aço, muito embora em um projeto de ampliação das ­instalações a capacidade chegasse 60 mil toneladas de aço anuais”, recorda Guilherme Aluízio.
Mas o grandioso sonho de Sócrates Bomfim chegou logo ao fim. No ano seguinte, 1973, no devido tempo, sem conseguir o esperado aporte financeiro da Sudam (Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia), a Siderama teve que apagar em definitivo o fogo de seu Alto-Forno. “A siderúrgica só atingiu a produção de 5 mil toneladas de ferro gusa, todo exportado para o Japão e só. Não conseguiu nem chegar ao processo de produção de aço”, disse Guilherme.

Situação difícil

Vendo a situação difícil de sua empresa, Guilherme Aluízio conta que o sogro procurou várias soluções, mas todas esbarravam em algum problema. “Lembro que ele ficou triste, amargurado, com o destino do empreendimento, mas nunca o vi se queixar de nada ou apontar culpados pelo negócio. Se limitou a ir morar no Rio de Janeiro, onde ficou até morrer, aposentado e sem ter recebido nenhuma indenização do governo federal que, dois anos depois, assumiu a direção da Siderama e em seguida a fechou em definitivo”.
Para aquelas pessoas que, como Sócrates Bomfim, são ousadas e sonham atingir objetivos que parecem impossíveis, Guilherme Aluízio dá um conselho: “Continuem sonhando porque é com sonhadores, como Sócrates Bomfim, que o Amazonas chegará ao destino que merece”, finalizou.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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