Pesquisar
Close this search box.

Entre o sabor e o ardor

Entre o sabor e o ardor

Pimentas, ou você as ama, ou as odeia. Foi pensando neste primeiro grupo que o funcionário público Agenaldo Júnior Almeida Matta resolveu investir num empreendimento, aparentemente comum, mas que devido aos toques especiais dados pelo rapaz, está fazendo sucesso desde o começo: produção de molhos de pimenta.

“Pra você ver como situações ruins podem levar a finais totalmente opostos. Por causa da pandemia, da quarentena e do isolamento social, fiquei agoniado e a cabeça começou a pensar no que eu poderia fazer para passar o tempo. Lembrei dos molhos de pimenta, cujas receitas vêm passando de geração para geração, na minha família, desde os ancestrais de Portugal”, contou.

Júnior Matta ouviu da mãe Suzete e da tia Palmira, que a mãe delas, sua avó Laurinda, já preparava os tais molhos na distante aldeia de Faia, vila de Sernancelhe, em Portugal.

“Eu cresci, em casa, comendo pratos portugueses, todos com pimenta, então vem daí o meu amor e conhecimento por esse condimento existente em todo o mundo, nas mais variadas espécies”, disse.

Durante o isolamento social, para preencher as horas ociosas, Júnior resolveu produzir e engarrafar os molhos para dar de presente aos amigos. Logo os amigos tornaram a pedir o produto, agora querendo pagar. Foi então que acendeu a luz da ideia em Júnior. Transformar o passatempo num empreendimento.

“Foi como um rastilho de pólvora. A propaganda boca a boca fez o resto. Logo, pessoas que eu nem conhecia, estavam ligando para pedir os molhos”, riu.

Empresa em 45 dias

Formado em Rádio e TV, com especialização em Marketing, Júnior não teve maiores dificuldades para dar uma identidade ao seu produto. Surgiu, então, o molho de pimentas Pimentas da Matta, com o sugestivo slogan ‘o ardor da Amazônia’, engarrafado nos tamanhos 270 ml e 200 ml.

Em apenas 45 dias o novo empreendedor escolheu o tipo de garrafa, criou a logomarca, o rótulo, providenciou sacolas de papel personalizadas para a entrega do produto, e ainda idealizou um mimo para quem adquirir duas garrafas de uma só vez: um guardanapo personalizado. E o mais importante, lançou um perfil no Instagram. Enquanto isso, a produção e as vendas dos molhos não pararam.

Júnior acredita ter herdado esse tino empreendedor do avô português Alexandre Almeida.

“Meu avô, por parte de mãe, teve uma banca, durante muitos anos, no mercado Adolpho Lisboa, acredito que na década de 1950. Ele vendia galinhas vivas, inclusive abastecendo algumas cidades do interior do Estado que, pasmem, não tinham galinhas. Minha mãe e minha tia Palmira ficavam nas esquinas próximas ao mercadão, com as galinhas dentro de balaios, ajudando nas vendas”, recordou.

Falando em ancestrais, Júnior carrega um sobrenome ilustre. Ele é bisneto de Alfredo da Matta, médico baiano, também político, radicado em Manaus que durante anos atuou na capital amazonense e hoje dá nome à importante Fundação Alfredo da Matta, referência na pesquisa e cura de doenças dermatológicas e sexuais.

“Não conheci nenhum dos dois, mas devo a ambos: a um, o gostar de empreender; a outro, o sobrenome de peso”, destacou.

Saborosas e ardosas

Os molhos de pimenta Da Matta são engarrafados nos tamanhos 200 ml e 270 ml

Júnior usa várias pimentas em seus molhos, entre elas a malagueta, a murupi amazônica, a biquinho e a mexicana (scorpion), cada uma com suas especificidades. A malagueta mais usada é a malaguetinha, pois tem a malaguetão, bem maior e menos picante. A murupi também tem duas espécies e a nossa região tem a sua própria, a murupi da Amazônia, menor que a sua ‘irmã’, e mais picante. A biquinho, só recentemente começou a ser utilizada com frequência nos cardápios. Tem menos ardência. Já a mexicana é para poucos, pois é considerada a pimenta mais ardente do mundo.

“Nos próximos dias vou viajar para Boa Vista em busca de novas espécies de pimentas existentes naquela região do norte da Amazônia, inclusive vou atrás de umas espécies venezuelanas”, revelou.

Uma dica para quem quiser ganhar dinheiro: plantar pimentas. O quilo da malagueta, em Manaus, está R$ 80, e qualquer espécie da especiaria tem boa aceitação entre os amantes de suas ardências.

“Atualmente estou produzindo molhos em dois sabores: as saborosas, no qual as pimentas vão inteiras exatamente para terem um leve ardor; e as ardosas, onde as pimentas vão cortadas e a picância é para os fortes”, brincou.

Entre os ingredientes dos molhos, azeite, vinagre, aguardente e especiarias, que Júnior não diz a quantidade nem o tipo.

“É segredo industrial. Molho de pimenta qualquer um faz, agora com qualidade só o Pimentas da Matta, receitas que vêm passando de geração para geração”, garantiu.

Quem desejar maiores informações sobre o produto pode ligar para 9 9972-4729 ou visitar o @pimentasdamatta.   

Evaldo Ferreira

é repórter do Jornal do Commercio
Compartilhe:​

Qual sua opinião? Deixe seu comentário

Notícias Recentes

Pesquisar