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Venda de veículos resiste no Amazonas em março

Em paralelo com a flexibilização das medidas de isolamento social, mas ainda sob as incertezas econômicas inerentes à segunda onda, as vendas de veículos automotores voltaram a subir no Amazonas, em março, mas seguiram abaixo do patamar pré-pandemia. Foram comercializadas 5.337 unidades, no mês passado, 93,51% a mais do que em fevereiro de 2021 (2.758) e 32,99% superior à marca de março de 2020 (4.013). Mas, o trimestre ficou negativo em 15,64%, com 10.241 (2021) contra 12.139 (2020) veículos comercializados. 

Os dados regionais foram disponibilizados pelo portal da Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores), nesta quinta (8). As informações foram amparadas pelos emplacamentos do Renavam (Registro Nacional de Veículos Automotores), base de dados que leva em conta todos os tipos de veículos, incluindo automóveis convencionais, comerciais leves, caminhões, ônibus e motocicletas.

Ao contrário do ocorrido no mês passado, o desempenho do Estado veio uma casa decimal acima do apresentado pela média do mercado brasileiro, no mesmo período. De acordo com a base de dados da Fenabrave, as vendas nacionais cresceram 8,26% na comparação de março de 2021 (269.944) com o mesmo mês do ano passado (249.357). Em relação aos resultados de fevereiro de 2021 (242.066), a elevação foi de 11,52%. O acumulado do ano, por sua vez, foi negativo em 6,55%, com as vendas recuando de 841.173 (2020) para 786.083 (2021) veículos.

As vendas nacionais cresceram 8,26% na comparação de março de 2021
Foto: Fred Novaes

Diferente do ocorrido no mês passado, quando todas as sete categorias listadas pela Fenabrave avançaram na variação mensal, pelo menos duas acabaram engatando marcha a ré, na passagem de fevereiro para março. As retrações vieram de implementos rodoviários (-43,70% e 67) e ônibus (-10,20% e 44). No outro extremo, os maiores índices de crescimentos vieram de motocicletas (126,93% e 1.854), automóveis de passeio (+107,87 e 2.376) e caminhões (+101,54% e 131). Foram seguidos por comerciais leves (+56,01% e 805) e outros (+22,45% e 60) –que incluem tratores e máquinas agrícolas. 

Carros de passeio seguiram como a categoria mais vendida, em março. Mas, a despeito do incremento de três casas decimais, voltaram a reduzir sua fatia no bolo de vendas do Estado, no confronto dos acumulados de 2020 (43,66%) e de 2021 (40,90%). Motocicletas, que haviam sofrido retração no mês passado, seguiram na segunda posição, mas reengataram direção contrária e elevaram sua participação no volume global comercializado pelo Estado na mesma comparação, com 39,97% contra 32,70%.

Em depoimentos anteriores, o Sincodiv-AM (Sindicato dos Concessionários e Distribuidores de Veículos do Estado do Amazonas) reforçou à reportagem do Jornal do Commercio que os números locais devem ser levados sempre sob a perspectiva do transit time (tempo de trânsito) entre faturamento e emplacamento, um hiato de tempo que pode durar 30 dias, em virtude da logística de translado do veículo entre a fábrica e o Estado. Empresários do segmento, contudo, dizem que as vendas sinalizam reaquecimento. 

Escassez e juros

Sócio e diretor administrativo da Daniel Veículos, Yuri Barbosa, informa que as vendas da empresa foram “boas” em relação a março do ano passado, com uma melhora de 30%. O empresário diz, no entanto, que o desempenho “caiu um pouco” em relação a fevereiro e atribui esse movimento aos “aumentos significativos” dos carros novos –em razão da escassez de produtos na praça –e seus efeitos de valorização no mercado de veículos seminovos –especialidade da firma. Ele acrescenta ainda que a subida na taxa básica de juros ainda não impactou significativamente no custo dos financiamentos.

“A venda e procura de pick-ups, por exemplo, aumentaram significativamente, uma vez que os estoques destes modelos em concessionária estão zerados. O mercado deve seguir aquecido, já que o consumidor somente encontrará oferta de seminovos nos showrooms. As fábricas seguem fechadas e algumas sem previsão para retorno. Acreditamos, por outro lado, que este primeiro semestre seja a hora para quem queira adquirir um seminovo financiado, porque a sinalização de uma alta da Selic indica juros maiores, até o fim do ano”, analisou.

Restrições e incertezas

Em texto divulgado pela assessoria de imprensa da Fenabrave, o presidente da entidade, Alarico Assumpção Júnior, lembrou que parte significativa das vendas em âmbito nacional já havia ocorrido em meses anteriores, e que esses clientes estavam aguardando a entrega dos veículos pelos fabricantes, operação que ocorreu em março. “Isso justifica o bom desempenho do mês, mesmo com o fechamento do comércio em Estados importantes, como São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, por exemplo”, ressaltou.

Segundo o presidente da Fenabrave, um dos maiores obstáculos para a revenda de automóveis no Brasil vem da carência generalizada de insumos industriais e de produtos prontos, ao longo da cadeia produtiva do segmento. “Em 2020, quando ocorreu a primeira onda, tínhamos estoques e a indústria trabalhava sem problemas de abastecimento. Hoje, os estoques praticamente não existem, tanto nas concessionárias como nos pátios das montadoras. A falta generalizada de peças e componentes vem provocando a paralisação das linhas de montagem de várias montadoras, prejudicando a oferta”, lamentou.

Assumpção Júnior mencionou, também, a piora da pandemia no Brasil como um dos fatores para a queda nas vendas. “Apesar de as concessionárias não gerarem aglomeração e obedecerem rigidamente os protocolos sanitários, têm sofrido com o fechamento das áreas de vendas, na maior parte dos Estados que decretaram lockdown. Onde os protocolos estão mais rígidos, apenas as áreas das oficinas estão funcionando, por serem consideradas serviços essenciais”, desabafou.

Em função das incertezas do momento, a Fenabrave decidiu não seguir o hábito de rever as projeções para 2021 no encerramento do acumulado de janeiro a março. “Aguardaremos a evolução da pandemia e seu impacto no cenário econômico para podermos avaliar melhor as projeções e indicadores do setor, o que deve ocorrer até o final do primeiro semestre”, finalizou. 

Foto/Destaque: Divulgação

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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