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Venda de veículos no AM mostra cenário recessivo

Em sintonia com as incertezas inerentes à segunda onda, mas já sob as expectativas de flexibilização das medidas de isolamento social, as vendas de veículos automotores voltaram a andar no Amazonas, mas seguiram abaixo do patamar pré-pandemia. Foram comercializadas 2.758 unidades, no mês passado, desempenho 28,52% superior a janeiro de 2021 (2.146), mas 24,17% pior do que o de fevereiro de 2020 (3.637). O bimestre ficou negativo em 39,65%, com 4.904 (2021) contra 8.126 (2020) veículos comercializados. 

Venda de carros deu uma evoluída, mas ainda está abaixo da média
Foto: Fred Novaes

Os dados regionais foram disponibilizados pelo portal da Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores), nesta quarta (3). As informações foram amparadas pelos emplacamentos do Renavam (Registro Nacional de Veículos Automotores), base de dados que leva em conta todos os tipos e veículos, incluindo automóveis convencionais, comerciais leves, caminhões, ônibus e motocicletas.

Ao contrário do ocorrido no mês passado, o desempenho do Estado veio abaixo do apresentado pela média do mercado brasileiro, no mesmo período. De acordo com a base de dados da Fenabrave, as vendas nacionais caíram 11,68% na comparação de fevereiro de 2021 (242.079) com janeiro do mesmo ano (274.081). Em relação aos resultados do mesmo mês de 2020 (293.357), a retração foi de 17,48%. O bimestre, por sua vez, foi negativo em 12,78%, com as vendas recuando de 591.816 (2020) para 516.160 (2021) veículos.

Ao contrário do ocorrido no mês passado, quando todas as sete categorias listadas pela Fenabrave engataram marcha a ré na variação mensal, todas conseguiram avançar, entre janeiro e fevereiro. As maiores altas proporcionais, com acréscimos de três dígitos, vieram de implementos rodoviários (+250% e 119 unidades) e “outros” (+180,24% e 49) – que incluem tratores e máquinas agrícolas. Na sequência vieram os comerciais leves (+40,98% e 516), as motocicletas (+20,50% e 817), os automóveis convencionais (+20,06% e 1.143), os ônibus (+16,67% e 49) e os caminhões (+14,04% e 65). 

Carros de passeio seguiram como a categoria mais vendida, em fevereiro. E, com o incremento das vendas, voltaram a elevar sua fatia no bolo de vendas do Estado, no confronto dos acumulados de 2020 e de 2021 – de 40,41% para 42,72%, respectivamente. Motocicletas, que lideraram as estatísticas do ano passado, seguiram na direção contrária e engataram novamente na segunda posição, ao reduzir sua participação nas vendas globais na mesma comparação – de 39,49% para 30,49%.

Em depoimentos anteriores, o Sincodiv-AM (Sindicato dos Concessionários e Distribuidores de Veículos do Estado do Amazonas) reforçou à reportagem do Jornal do Commercio que os números locais devem ser levados sempre sob a perspectiva do transit time (tempo de trânsito) entre faturamento e emplacamento, um hiato de tempo que pode durar 30 dias, em virtude da logística de translado do veículo entre a fábrica e o Estado. Empresários do segmento, contudo, dizem que as vendas sinalizam aquecimento. 

Reabertura e procura

Sócio e diretor administrativo da Daniel Veículos, Yuri Barbosa, conta que a empresa sofreu um tombo de 50% nas vendas, em fevereiro – mesmo índice de queda amargado no mês anterior. Para o empresário, no entanto, as perspectivas do mercado são positivas, em face do simples retorno do atendimento presencial nas concessionárias e revendedoras de veículos novos e usados – um dos diversos segmentos comerciais considerados como não essenciais e impedidos de receber clientes, de 4 de janeiro a 22 de fevereiro.

“Com o anúncio, as pessoas que estavam assustadas ou receosas em trocar de carro voltaram a comprar. O lockdown assusta a população, pois causa medo e receio quanto ao futuro, o que faz com que as pessoas façam reservas maiores e não queiram entrar em dívidas, fazendo com que a economia pare de girar. Com a simples notícia de que o comércio reabriu as portas, a procura já aumentou. Na semana passada, já conseguimos vender mais do que em janeiro inteiro”, comemorou.

Mesmo em face do retorno da cobrança do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) sobre as vendas de veículos e das dificuldades contábeis e políticas de aprovação de um novo auxílio emergencial no Congresso, Barbosa se diz otimista quanto às vendas dos próximos meses. “A procura por seminovos continua intensa, uma vez que cada vez mais fábricas estão sem conseguir atender a demanda e o produto anda em falta nas concessionárias. Creio que para esta categoria, a procura não deve baixar”, argumentou.

Lockdowns e ICMS

Em texto publicado na Agência Brasil, o presidente da Fenabrave, Alarico Assumpção Júnior, atribuiu as retrações no volume de vendas de veículos em âmbito nacional ao problema da falta de componentes para normalizar a produção – fator que contribui para inibir a oferta e a consequente capacidade de vendas – o aumento de casos de covid-19 – que gerou restrições ao funcionamento do varejo em diversos Estados brasileiros, além de abalar a confiança do consumidor. 

“Na indústria, mesmo com os esforços das montadoras para aumentar a produção, a falta de disponibilidade de peças e de componentes ainda persiste, fazendo com que algumas fábricas tivessem de paralisar, temporariamente, a produção em fevereiro. Isso afetou de forma importante a oferta de produtos. Além disso, o aumento dos casos de covid-19 provocou o retrocesso da abertura do comércio em várias cidades, além de contribuir para a queda de vendas em fevereiro”, argumentou.

Outro problema que teria ajudado a inibir as vendas, conforme o presidente da Fenabrave, teria sido o aumento do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) em São Paulo, Estado que concentra a maior parte do volume comercializado pelas concessionárias brasileiras. “Os preços dos veículos, tanto novos quanto usados, ficaram mais caros em São Paulo, em função do aumento de alíquota do ICMS, que passou de 12% para 13,3% para veículos novos e de 1,8% para 5,53% para usados, tornando os negócios das concessionárias e lojistas quase que impraticáveis”, encerrou.

Foto/Destaque: Divulgação

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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