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Vendas de veículos novos no Amazonas atingiram maior patamar do ano

Reportagem: Marco Dassori

Twitter: @marco.dassori

As vendas de veículos novos no Amazonas atingiram o maior patamar do ano, em agosto. Os emplacamentos somaram 6.591 unidades, o que equivale a um acréscimo de 22,51% ante julho (5.380). A comparação com o mesmo mês de 2021 (4.766) apontou para uma escalada de 57,19%. O desempenho foi mais que suficiente para segurar o acumulado do ano no azul, com 41.942 (2022) contra 33.187 (2021) unidades e incremento de 21,92% – em que pese o enfraquecimento da base de comparação pela segunda onda. A alta foi puxada pelos automóveis, motocicletas e ônibus, mas os comerciais leves derraparam.

Os números são da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores, que se amparou nos emplacamentos do Renavam (Registro Nacional de Veículos Automotores), que levam em conta todos os tipos de veículos, incluindo automóveis convencionais, comerciais leves, caminhões, ônibus e motocicletas. Vale notar que os dados locais devem ser levados também sob a perspectiva do transit time (tempo de trânsito) entre faturamento e emplacamento, um hiato que pode durar 30 dias, em virtude da logística de translado entre as fábricas do Centro-Sul e as concessionárias no Estado.

De acordo com o levantamento da entidade, o desempenho do Amazonas foi melhor do que o da média nacional. Agosto teve 346.505 unidades licenciadas, o que representou um progresso de 12,61%, na comparação com julho (307.694). Também foi 17,85% superior ao dado de 12 meses atrás (294.029), mas o acumulado do ano (2.305.418) ainda ficou estagnado e com viés negativo em 0,03%. A Fenabrave comemorou o resultado e destacou que o estrangulamento no fornecimento de insumos já pesa menos sobre as vendas do segmento.

Automóveis X motocicletas

Cinco das sete categorias listadas pela Fenabrave tiveram melhoras nas vendas do Amazonas, entre julho e agosto. O melhor desempenho proporcional veio dos ônibus, que tiveram elevação de 61,29%, embora tenham somado apenas 50 unidades comercializadas. Foram seguidos por implementos rodoviários (+39,13% e 32), automóveis (+30,36% e 2.203), motocicletas (+27,77% e 3.695) e “outros veículos” (+16,07% e 65) – que incluem tratores e máquinas agrícolas. Caminhões (98) pontuaram estabilidade, enquanto os comerciais (-24,07% e 448) apresentaram o único recuo da lista.

O quadro piora quando se leva em consideração o confronto com agosto do ano passado, embora o número de categorias com alta já apareça mais encorpado, em relação aos meses anteriores. outros veículos (+170,83%), automóveis (+87,17%), motos (+80,33%) e implementos rodoviários (+14,29%) aparecem no azul. Comerciais leves (-40,74%), caminhões (-9,26%) e ônibus (-1,96%) despontaram no extremo oposto. Mas, o acumulado do ano foi sustentado apenas pelos veículos de duas rodas (+74,27%). 

A despeito da troca de sinal, pelo 13º mês seguido, os carros de passeio voltaram a ceder lugar às motocicletas no ranking das categorias mais vendidas no Amazonas, por uma larga margem. As motos continuaram na primeira posição, avançando de 43,12% para 59,45%, entre agosto de 2021 e o mês passado. Em sentido contrário, os automóveis voltaram a reduzir sua participação no bolo de vendas na mesma comparação, com 27,52% (2022) contra 36,01% (2021).

Pessoas jurídicas

Sem revelar números, o sócio diretor da Kodó Veículos, Diogo Augusto Maia da Silva, disse à reportagem do Jornal do Commercio que as vendas de agosto subiram “um pouco” e ressalta que o pequeno movimento se deveu mais a uma acomodação no mercado após uma melhora relativa nos fornecimentos industriais. O empresário ressalta que, embora ampliado, o desconto no IPI ainda não está sendo suficiente para aplacar os aumentos dos preços dos veículos, mas concorda que as reduções tributárias nos preços dos combustíveis ajudaram a dar uma arejada no mercado.  

“A baixa do combustível teve influência nesse pequeno aumento das vendas, assim como o crescimento na produção da indústria, e a retomada de pedidos que estavam parados e em atraso. Mas, isso não representa melhora no mercado referente ao público final. Temos, por outro lado, muitos pedidos de empresas, locadoras e grandes grupos, já que o desconto está maior e também porque os pedidos que estavam parados voltaram a fluir. Começaram a produzir mais alguns modelos que costumam ter maior procura entre as pessoas jurídicas”, analisou.

Segundo o sócio diretor da Kodó Veículos, a escalada dos juros e as restrições bancárias seguem inibindo a demanda, especialmente no caso dos “carros populares” e voltados ao público que depende de financiamentos para a compra, em um período de alta nas taxas de juros e de inadimplência. “Os números de vendas subiram um pouco devido ao aumento na produção de veículos de menor valor, como o Mobi, o Gol e o Onix. São justamente os de maior procura entre as empresas. Mas, as taxas continuam altas e o crédito, apertado. Acho que as vendas não devem melhorar nos próximos meses”, lamentou.

“Tendência de recuperação”

Em comunicado à imprensa, o presidente da Fenabrave, José Maurício Andreta Júnior, salienta que as vendas de veículos registraram crescimento em todas as categorias, de Norte a Sul do país, na variação mensal. “Em que pese o fato de termos dois dias úteis a mais em agosto, o resultado aponta uma clara tendência de recuperação dos emplacamentos no Brasil”, comentou o dirigente, acrescentando que a escassez de peças e componentes “já não é mais tão limitante para o setor, como no início do ano”. 

No entendimento de José Maurício Andreta Júnior, os “bons resultados” apresentados pelas vendas de automóveis e comerciais leves, em âmbito nacional, indicariam que o mercado brasileiro está atingindo o aguardado equilíbrio entre oferta e demanda. “A crise de abastecimento arrefeceu um pouco e já não impede que o consumidor encontre o modelo desejado, salvo alguns casos pontuais. Os números refletem esse cenário”, enfatizou, acrescentando que a entidade monitora o aumento de participação dos veículos elétricos nas vendas globais.

No caso das motos, o presidente da Fenabrave salienta que o segmento se mantém como o que acumula a melhor performance no ano, pelo menos até o momento. “O mercado continua aquecido. Não fosse a escassez de motocicletas, ocorrida em alguns meses do ano, os resultados poderiam ser ainda melhores”, ressaltou. “O mercado de veículos eletrificados vem registrando aumento de interesse do consumidor e uma disponibilidade cada vez maior de veículos”, finalizou.

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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