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Universidades e Soberania

A Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos, a famosa CIA, especializada em espionagem e política, foi criada em setembro de 1947 com o propósito primeiro de influir na soberania dos Estados europeus; e foi órgão responsável tanto pelo crescimento do Bin Laden quanto pela permanência no poder de dezenas de dirigentes pelo mundo, de Reza Pahlevi a Pinochet, dentre outros.
Na década de 1940 e 1950, debilitados com a Segunda Guerra Mundial, os países da Europa ficaram sob a ameaça real de recair sob a influência da Rússia de então. Setores privados norte-americanos, hoje chamados de ONGs internacionais, financiaram e conseguiram influenciar o setor público dos EUA para a construção de um aparato de apoio a governos “amigos” passíveis de flexibilizar a sua soberania –estavam assim lançados os fundamentos da União Européia, porque, afinal, os aliados devem estar unidos para melhor resistir.
Do mesmo modo, e decorrente da mesma lógica, procuraram obter a divisão dos seus “inimigos prováveis”, ou seja, daqueles que sempre obtiveram benesses da pequena elite de outros países como fornecedores de matéria-prima (petróleo, cassiterita ou manganês) para o desenvolvimento da sua indústria com cada vez maior valor agregado.
Hoje este modelo vencedor americano continua pairando sobre os Estados. Da recém-independente Kosovo (apesar das reiteradas prévias negativas de parte a parte) à Amazônia, pregar a desunião das parcelas humanas dos Estados nacionais é uma sistemática odienta porém a serviço deste ca­pitalismo divisionista das ONGs internacionais.
É curioso como os nossos indígenas do Brasil estão se tornando, neste início de século, exatamente o contrário do que eram há oitenta e há cem anos atrás. A Literatura pré-modernista de Lima Barreto (1911) e o Manifesto Antropófago de Oswald de Andrade (1928) chamavam o índio ao primeiro plano, para negar a sua potência romântica mas também para afirmar a sua centralidade, no cadinho de etnias e de imigrantes que construíam o Brasil.
As mais recentes publicações de grandes revistas brasileiras (“Isto é”, “Veja”) pregam o ódio aos indígenas, alguma delas demarcando-os como primeira ameaça à Amazônia! Depois das “armas de destruição massiva”, esta será talvez a maior estupidez a que se assiste hoje, e disseminada pela nossa grande imprensa!
Admitimos o ódio, como se todos fôssemos marionetes de um neodivisionismo
Caldo de cultivo para o ódio, as meias verdades e as análises de botequim, sem a participação do estudo acadêmico detido, manipulados sem fundamentos histórico-políticos, tanto alguns empresários como muitos operários, tanto alguns militares como outro tanto de sindicalistas, como se todos fôssemos marionetes do neodivisionismo brasílico e latino-americano, vão constituindo a pauta da ultramodernidade; os valores do amor e da “unidade na diversidade” deixando de ser basilares para nós outros.
Não tenho dúvidas de que essa nossa “teoria da conspiração” permite estes cruzamentos com muita ligeireza –porém não maior ligeireza que as plantadas pela CIA e as verdades momentosas, fundamentos das decisões da guerra de apropriação do governo Bush.
Por outro lado, não tenho também ilusões de que os nossos intérpretes da História, da Economia e da Literatura não estão atualizando as suas leituras com o sentido de “fazer país”. Os nossos estudiosos e leitores ainda não olham suficientemente com propriedade para o seu país.
É uma pena; e, neste diapasão, Brasil começando a dividir-se perigosamente, a Universidade perde excelentes oportunidades de pregar a paz social e a segurança jurídica; e as revistas de divulgação deste “pensamento” odioso anti-indígena prosperam; e temos aqui o caldo fácil de proliferação de ideais da quebra de soberania do Estado sobre a Amazônia. O ódio será afinal de novo o fio condutor. Como no Iraque. Como em Kosovo.
Ou não. Podemos retornar ao Encontro de Raças, concedendo cidadania plena aos indígenas, inclusive deixando-os enriquecer (e não só as grand

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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