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Transporte fluvial segue em baixa no Amazonas

Assim como as suspensões impostas pelos decretos governamentais de enfrentamento à Covid-19 atingem várias atividades, o setor de navegação também acumula prejuízos. Além da redução no volume de cargas transportadas, a baixa demanda implica nas operações realizadas por embarcações. Somente este ano, o segmento contabiliza 70% de queda no faturamento. De março a dezembro de 2020 o faturamento do transporte misto (de passageiros e de cargas) teve redução de 50% em comparação ao ano anterior.

Desde o ano passado, com o anúncio de decretos, o setor  demonstra receio com as medidas. No Amazonas, existe o transporte misto de mantimentos e de passageiros representando percentuais de 40% no  faturamento da viagem. 

Segmento contabiliza 70% de queda no faturamento
Foto: Divulgação

De acordo com o conselheiro do Sindarma  (Sindicato das Empresas de Navegação Fluvial no Estado do Amazonas), Dodó Carvalho, o setor respeita o decreto em razão do segundo pico da pandemia no Estado, porém o modelo de transporte de suprimentos para os municípios ele é misto e quando limita-se o deslocamento de passageiros e pessoas, automaticamente o volume de cargas retrai. “Causa um desequilíbrio econômico na prestação de serviço porque só a carga não paga o transporte encarecendo o valor do frete

para cobrir o  percentual de perda ou esses barcos não saem para os destinos causando desabastecimento”.

Ele diz que houve um aumento significativo no valor do diesel. “Nós comprávamos o produto de R$2,25 no mês de abril do ano passado, agora estamos pagando R$3,10 comprando direto da distribuidora. O diesel representa 30% a 40% dos custos de uma viagem”.

Para a presidente do Sindarma Jéssica Sabbá, a alternativa de socorro para o setor é o diálogo com o governo para ter um ponto de equilíbrio  “A gente sabe que a situação é crítica na saúde por falta de eleito, mas há também a falta de trabalho, consequentemente a fome, a sociedade desanda como um todo. O governo deveria chamar as entidades de classe para uma conversa. Como os empresários vão manter e como vai ter dinheiro para fomentar isso? Os  impostos não foram diminuídos”. 

Para ela, a situação prejudica a indústria como um todo, a própria indústria naval sofre por conta da falta de insumos como oxigênio que tem sido destinado aos  hospitais. “É um efeito dominó nesta cadeia de transporte. Não tiveram a sensibilidade de alinhar uma interlocução nem com os transportes fluviais, nem com a indústria naval -os estaleiros de reparação e construção não tiveram uma reunião. Nunca houve abertura de conversa ao Sindicato dos armadores aquaviários”.

Ações

Conforme Jéssica Sabbá,  o maior insumo hoje das empresas transportadoras de aquaviário é o diesel. Ela sugere que entre as ações para minimizar os impactos no setor, o governo poderia reduzir ou abrir mão do ICMS do combustível  para que assim pudesse contar com uma viagem mais barata,  não onerando o preço da mercadoria evitando o desabastecimento.

“Precisamos focar pesado nessa cadeia. Estamos num momento de estado de guerra, uma guerra invisível. Não dá para ter o mesmo pensamento econômico de um estado normal. Estamos tentando sobreviver. A luta tem sido grande.  As nossas estradas são nossos rios. Não existe esse entendimento. Há uma dificuldade, além de todas essas divulgadas”. 

Piratas

Não bastasse todas as dificuldades vivenciadas pelo segmento ainda tem furtos, roubos e ataques dos piratas do rio. Os roubos aumentaram significativamente de novembro até agora, mais ou menos 800 mil litros de combustível avaliados em mais de R$ 2,4 milhões foram roubados. “Temos buscado a Secretaria de Segurança que tem nos apoiado, mas é difícil. Os rios estão em período de cheia, com isso, aparecem furos  que podem facilitar a fuga. É complicado patrulhar essas áreas, não temos guarda fluvial.A Marinha sofre porque não tem verba e nem contingente suficiente. É um momento crítico”, diz a presidente do Sindarma.

Foto/Destaque: Divulgação

Andréia Leite

é repórter do Jornal do Commercio
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