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Produção de motocicletas cai 46,5% em janeiro no PIM

A produção de motocicletas do PIM começou o ano em queda. Os fabricantes produziram 53.631 unidades em janeiro de 2021, 27% a menos do que o volume contabilizado em dezembro de 2020 (73.471) e 46,5% abaixo do patamar registrado 12 meses antes (100.292). É o que revelam os dados da Abraciclo (Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares), divulgados nesta quarta (10).

Fabricantes produziram 53.631 unidades em janeiro de 2021
Foto: Antonio Parente

Em texto distribuído pela assessoria de imprensa da entidade, o presidente da Abraciclo, Marcos Fermanian, afirma que a queda já era esperada, em face do prosseguimento dos problemas na cadeia produtiva do segmento, dos impactos da segunda onda de covid-19 em Manaus e das medidas de isolamento social do governo estadual para conter a disseminação local do novo coronavírus. “Essas medidas levaram muitas fabricantes a reduzir suas jornadas e trabalhar em um único turno. Além disso, tivemos paralisações temporárias em algumas empresas devido à falta de insumos”, explicou.

A despeito do cenário volátil e incerto de início de ano, a Abraciclo manteve suas projeções de fabricar 1,060 milhão de motocicletas de janeiro a dezembro de 2021. O volume de produção estimado pela entidade equivale a uma expansão de 10,2% ante o desempenho das linhas de montagem de motocicletas do PIM, ao longo do ano passado (961.986 unidades). 

“O impacto de janeiro já estava nos nossos radares. A maior dificuldade para todos os setores da economia é saber como ficará a situação da pandemia nos próximos meses (…) É preciso que a imunização em massa ocorra o mais rápido possível para que a indústria volte a operar com fôlego, recupere as perdas dos últimos meses e consiga, finalmente, equilibrar a relação de oferta e demanda”, recomendou.

Marcos Fermanian ressalta também que ainda não será possível atender à demanda e acabar com a fila de espera por motocicletas, nas concessionárias brasileiras. Atualmente existem em torno de 150 mil pessoas, principalmente aquelas que adquiriram o veículo por meio de consórcio, aguardando sua motocicleta. “Esperávamos atender uma parte delas agora. No entanto, as novas restrições impostas pelo aumento de casos da covid-19 impediram que as fabricantes mantivessem o mesmo ritmo de produção dos últimos meses de 2020”, justificou.

Menos vendas

Diante da oferta menor, as vendas no varejo seguiram no mesmo ritmo de retração experimentado pelo segmento industrial, conforme dados do Renavam (Registro Nacional de Veículos Automotores) analisados pela Abraciclo. Em janeiro de 2020, foram emplacadas 85.798 motocicletas, o que corresponde a uma queda de 13,1% na comparação com as 98.775 unidades licenciadas em dezembro do ano passado. Em relação ao mesmo mês de 2020 (91.664 unidades), houve recuo de 6,4%. 

Com 20 dias úteis no mês passado, a média diária de vendas foi de 4.290 unidades –a melhor desde janeiro de 2015, que teve 5.174 motocicletas emplacadas por dia. Em relação a dezembro, que teve dois dias úteis a mais e média diária de 4.490 unidades, o recuo foi de 4,5%. Na comparação com janeiro de 2020 (4.167 motocicletas/dia), que também teve 22 dias úteis, houve acréscimo de 3%. A expectativa da Abraciclo é fechar o ano com expansão de 7,1% nas vendas do varejo, com 980 mil unidades (2021) contra (915.157). 

A Street foi a categoria mais emplacada no mês passado, com 41.738 unidades licenciadas, o que representa 48,6% do mercado. Na sequência, vieram Trail (16.567 unidades e 19,3% de participação), Motoneta (12.545 e 14,6%), Scooter (9.442 e 11%), Naked (2.246 e 2,6%), Bigtrail (1.380 e 1,6%), Ciclomotor (1.114 e 1,3%), Sport (513 e 0,6%), Custom (242 e 0,3%) e Touring (11 e 0,01%). Janeiro não registrou produção de nenhuma unidade de motocicletas offroad. A categoria Scooter foi a única que apresentou elevações ante dezembro de 2020 (+14%) e janeiro do mesmo ano (+6,6%). 

“Tempo de resgate”

Na mesma linha, o presidente do SIMMMEM (Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Manaus) e vice-presidente da Fieam (Federação das Indústrias do Estado do Amazonas), Nelson Azevedo, concorda que, além das dificuldades proporcionadas pela segunda onda e pela necessidade de a indústria se adaptar aos toques de recolher, o segmento ainda enfrenta problemas decorrentes da primeira onda, além da sazonalidade.

“Ainda estamos com gargalos e defasagens na cadeia global de suprimentos. A pandemia não agravou apenas no Brasil. Ainda teremos um tempo de resgate da normalização dos insumos, tanto asiáticos como os nacionais. Além disso, janeiro é um mês de férias, onde o consumo cai vertiginosamente, passadas as compras natalinas. Esperamos que as coisas melhorem, nos próximos meses”, ponderou. 

Exportações em recuperação

As exportações, que já vinham de um período negativo, seguiram desacelerando, mas se mantiveram acima da marca de 12 meses antes e sinalizam recuperação. No primeiro mês do ano, foram exportadas 3.904 motocicletas. O volume foi 12,8% menor na comparação com as 4.477 unidades embarcadas em dezembro do ano passado. Em relação a janeiro de 2020 (1.701 unidades), por outro lado, houve acréscimo de 129,5% nas vendas externas.

Dados do portal de estatísticas de comércio exterior Comex Stat – que registra os embarques totais de cada mês – analisados pela Abraciclo, apontam que os três principais destinos das motocicletas produzidas na Zona Franca de Manaus, em janeiro, foram Argentina (1.704 unidades e 42,2% do volume total exportado), Estados Unidos (1.198 unidades e 29,7% das exportações) e Austrália (579 unidades e 14,3%). Nos cálculos da entidade, as vendas externas devem avançar 18,5% neste ano, de 33.750 (2020) para 40 mil (2021) unidades.

Em entrevista anterior à reportagem do Jornal do Commercio, o gerente executivo do CIN (Centro Internacional de Negócios) da Fieam, Marcelo Lima, já havia assinalado que uma das maiores montadoras do PIM reforçou suas vendas para a Colômbia e que a Argentina também aumentou suas compras de motocicletas ‘made in ZFM’, nos últimos meses, apesar da pandemia e das oscilações em sua economia. O dirigente, contudo, expressa menos otimismo.

“Acredito que as exportações do Amazonas devem se manter no mesmo patamar. O ideal é que se conseguisse a abertura de novos mercados, aí poderíamos ir além do crescimento vegetativo. E há também outro aspecto com relação à política do novo presidente dos Estados Unidos. Desconheço quais as ações e medidas que ele tomará com relação ao comércio exterior com o Brasil, e se deve manter o mesmo nível de negociações”, encerrou.  

Foto Destaque: Antonio Parente

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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