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Suspensão do Carnaval afeta indústria de bebidas no AM

O segmento de bebidas no estado apresentou queda em janeiro. O ritmo de retração deve se manter em um dos eventos importantes para o setor, o Carnaval, suspenso em decorrência da pandemia do novo coronavírus. É o que avalia o Sindicato da Indústria de Bebidas do Amazonas. 

Apesar de não mensurar o percentual da retração, o representante do setor e presidente do Sindicato da Indústria de Bebidas do Amazonas, Luiz Cruz, diz que a queda vem de uma sequência de redução na demanda que afeta o segmento como um todo. “O que é óbvio. E mesmo em queda,  estamos sobrevivendo”. 

Um dos fatores associados à queda é o isolamento social com a limitação do funcionamento de supermercados, bares, lanches e restaurantes, setores que movimentam o mercado de bebidas. “Os nossos clientes são esses. Como vão comprar se não tem faturamento, estão fechados e alguns só delivery?” Além disso, ele conta que o consumo individual teve menor demanda e o comportamento do consumo familiar também sofreu uma alteração. O presidente do Sindicato lembra que os meses de janeiro, fevereiro e março historicamente, reforçam a retração no crescimento do setor em relação ao último trimestre do ano. “Abala muito a situação. Esperamos  reverter o quadro em dois a três meses. Estamos otimistas porque a vacina é a única esperança e ela já chegou”. 

Ele acredita que a ausência do Carnaval em 2021 vai  atingir vários nichos do setor, principalmente os que atuam no ramo de bebidas alcoólicas. A percepção do representante é reforçada por empresários do ramo que estimam 

Ausência do Carnaval em 2021 vai  atingir vários nichos do setor
Foto: Divulgação

Volume menor

O cancelamento da folia de carnaval este ano, representa prejuízos para o empresário Jander Mota, dono de uma distribuidora de bebidas, isso porque no ano passado, com as festas e blocos de rua a empresa teve um incremento de 20%. Segundo o empresário, a procura é alta por todos os tipos de bebidas. “Nós sabemos que nessa época o que movimenta o mercado é a cerveja, principalmente para turma que vai brincar o carnaval nesses espaços. Sem a festa o nosso faturamento vai reduzir bastante. Mas entendemos que a prioridade é a vida”, enfatiza o empresário. 

A festa é tida como um dos pontos mais altos para o movimento na distribuidora do empresário Junior Lima que tem entre a clientela os vendedores ambulantes que adquirem os produtos para revenda. “Vai ser bem difícil. Todos os anos a nossa base de lucro no Carnaval ultrapassa os 20%. Muita gente aproveita a época para ganhar um dinheiro extra com essa venda. Mas a gente entende que o cenário é outro, embora reconheçamos que as perdas serão inevitáveis”. 

Na mesma linha Rosilene Martins e o esposo, sócios de uma empresa de bebidas, afirmam que o carnaval eleva o consumo e incentiva o mercado. “Queríamos ter uma expectativa positiva, mas precisamos ser realistas. O que a gente prevê é uma queda expressiva de 100%”. 

Por dentro 

A Ambev explicou que assim como diversos outros setores da economia, o setor cervejeiro sofreu e vem sofrendo os impactos das medidas de isolamento social e restrição do comércio. A empresa informou que nesse momento o foco deve ser na saúde e segurança da população.  “O consumidor tende a ficar em casa, mas consumindo, e é nosso papel disponibilizar canais e conveniência para estimular esse consumo em casa. Um exemplo bom disso é o Zé Delivery, que teve um grande ano e mais que dobrou de tamanho nos últimos meses. Vamos continuar acelerando o app, e outros canais de venda, para garantir que nossos produtos cheguem aos consumidores mesmo sem as festas de Carnaval”, diz a nota.

Iniciativa de doação 

Sem Carnaval, a empresa convoca 20 mil ambulantes de todo o Brasil para dar auxílio e oferece oportunidade de renda extra

Pela plataforma “Ajude um Ambulante” e pelo aplicativo de entrega de bebidas Zé Delivery, ambulantes podem se cadastrar e receber até R$ 255 

Fevereiro, 2021 – Em 2021 o Carnaval será diferente, sem festas, multidões e blocos de rua, mas com muita esperança. A Ambev vai ajudar os parceiros que sempre estiveram nas ruas para matar a nossa sede e ter uma folia mais alegre: os ambulantes. 

Sem poder contar com a renda dos dias de Carnaval, a companhia criou para eles, junto com o app Zé Delivery, a plataforma “Ajude um Ambulante”, um movimento para apoiar os vendedores com um auxílio financeiro, diminuindo o impacto das festas que não vão acontecer.

A expectativa é ajudar cerca de 20 mil trabalhadores em todo o Brasil, com um auxílio de até R$ 255 para cada. Para isso, os vendedores devem se cadastrar na plataforma pelo site www.ajudeumambulante.com.br.

Com a aprovação do cadastro, o ambulante recebe o valor de R$ 150 e, também, um código para distribuir a consumidores, podendo receber R$ 5 a cada vez que o código for utilizado no Zé Delivery, com máximo de 20 usos por ambulante.

Por fim, aqueles que fizerem um curso profissionalizante sobre consumo responsável de álcool disponível na própria plataforma vão receber R$ 5 extras

“Os ambulantes sempre estiveram com a gente e com os nossos consumidores nos Carnavais e esse ano não podia ser diferente. Estamos muito felizes de poder ajudar quem sempre fez parte do nosso ecossistema”, comenta Jean Jereissati.

Carnaval sem folia, mas com esperança 

E, mesmo sem folia, não vai faltar esperança. Na semana passada a Ambev anunciou outro destino para as caixas térmicas usadas pelos vendedores ambulantes durante os bloquinhos. 5 mil unidades vão ser doadas para postos de saúde do Brasil inteiro para armazenar e transportar vacinas contra Covid-19. As caixas térmicas têm capacidade para armazenar 3 milhões de doses simultaneamente.

Nota

Na outra direção, o Sindicerv (Sindicato Nacional da Indústria da Cerveja), por meio de nota, comunicou que a produção não foi afetada, presumindo que o mercado segue normal.  “O Sindicato Nacional da Indústria da Cerveja reafirma o compromisso do setor com iniciativas que, neste momento, garantam a segurança da população. Diante das dificuldades impostas pela pandemia, o setor vem se adequando às novas demandas e modelos de consumo. E, atenta às medidas estabelecidas pelas autoridades sanitárias. A indústria cervejeira não teve comprometidas suas atividades de produção, distribuição ou comercialização de produtos”.

Vale destacar que a indústria da cerveja, que representa quase 2% do PIB nacional, é o principal patrocinador das festas de Carnaval do país. 

Andréia Leite

é repórter do Jornal do Commercio
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