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Setor de serviços sobe no Amazonas 

Marco Dassori

Twitter: @marco.dassori  Instagram: @jcommercio

O setor de serviços do Amazonas reagiu em julho, após o tombo anterior. Em um mês de estabilidade nos níveis de endividamento do consumidor de Manaus e deflação recorde no IPCA (Índice de Preços ao Consumidor – Amplo), o volume de vendas cresceu 2,1%, eliminando parte da perda anterior (-2,8%). Diferente de junho, o Estado foi no sentido contrário da média nacional, que subiu 1,1%. Em todo o país, a alta foi puxada principalmente pelos segmentos de transporte e de informação e comunicação, além dos serviços prestados às famílias – como alimentação e alojamento. 

O desempenho do Amazonas foi ainda melhor na comparação com o mesmo mês de 2021. O incremento foi de 3,2%, ainda sob o efeito relativo do bônus da reabertura dos serviços presenciais, frente ao avanço da vacinação e os índices mais amenos de covid-19. Mesmo assim, correspondeu a praticamente metade do dado brasileiro (+6,3%). O Amazonas também somou altas nos acumulados do ano (+9,1%) e de 12 meses (+8,2%) – contra +8,5% e +9,6%, no restante do país. Os dados são da PMS (Pesquisa Mensal de Serviços), e foram divulgados pelo IBGE, nesta terça (13).

Com a alta de 2,1% na variação mensal, o Amazonas decolou do 24º para o quinto lugar do ranking brasileiro, em uma lista com 17 resultados positivos. Goiás (+4,7%), Santa Catarina (+3,1%) e Minas Gerais (+1,9%) dividiram o pódio, enquanto Distrito Federal (-2,8%), Ceará (-2,5%) e Mato Grosso do Sul (-2,4%) ficaram no rodapé. Em relação ao mesmo mês de 2021, o Estado (+3,2%) subiu da 20ª para a 19ª posição, em um rol iniciado por Amapá (+19,5%) e encerrado pelo Distrito Federal (-8,5%). No ano, se segurou na 15ª colocação, com Alagoas (+20,9%) e o mesmo Distrito Federal (-1,7%) nos extremos. 

Mesmo com a deflação atípica de julho, a receita nominal se manteve descolada do volume de serviços, apresentando mais uma vez números comparativamente melhores. A variação mensal do faturamento a preços correntes expandiu 1,6%, correspondendo a praticamente ao dobro da marca de junho (+0,9%). No confronto com julho de 2021, houve nova elevação de dois dígitos (+13,5%), mantendo os acumulados do ano (+17,6%) e dos 12 meses (+16,1%) no azul. Os respectivos dados da média nacional (+0,9%, +15,9%, +16,4% e +16,4%) também foram todos positivos. 

“Boas perspectivas”

Em entrevistas anteriores, o supervisor de disseminação de informações do IBGE-AM, Adjalma Nogueira Jaques, já havia mencionado à reportagem do Jornal do Commercio que, embora os dados disponíveis não possibilitem apontar motivos de eventuais oscilações dos serviços do Amazonas, a sinalização é que a pandemia teria levado os empresários do setor a trilharem “um caminho próprio”. Em nova entrevista, o pesquisador enfatizou que julho configurou o quinto mês de alta nas vendas da atividade neste ano, após o tropeço de junho. E informou que o estudo também indica um cenário positivo de curto prazo.

“Os acumulados de 2022 e dos últimos 12 meses, se mantiveram com uma boa alta. O indicador da receita nominal, que não leva em conta a inflação em seu cálculo, teve ótimo desempenho em relação a julho do ano passado. No Amazonas, serviços é a atividade econômica com melhor performance em 2022 e o saldo da pesquisa no ano está bem destacado. Além disso, a média móvel trimestral está positiva, indicando boas perspectivas de desempenho para os próximos meses”, analisou.

Transporte de cargas

O IBGE-AM reforça que, em virtude do tamanho da amostragem, a pesquisa no Amazonas ainda não apresenta dados desagregados por segmentos. A alta mais modesta da média nacional no mês, por outro lado, se disseminou em três das cinco atividades investigadas pelo órgão de pesquisa, dentro do setor. As principais influências positivas, levando em conta também a participação na base de dados vieram de transportes, serviços auxiliares e correio (+2,3%) e de informação e comunicação (+1,1%), seguidos pelos serviços prestados às famílias (+0,6%). Os dados negativos vieram dos subsetores de “outros serviços” (-4,2%) e dos serviços profissionais, administrativos e complementares (-1,1%). 

Em texto postado no site da Agência de Notícias IBGE, o gerente da pesquisa, Rodrigo Lobo, assinala que o crescimento de julho levou os serviços do Brasil ao ponto mais alto da série histórica da sondagem, iniciada em novembro de 2014. “Essa retomada é bastante significativa e é ligada aos serviços voltados às empresas, como os de tecnologia da informação e o de transporte de cargas, que têm um crescimento expressivo e alcançam, em julho, os pontos mais altos das suas respectivas séries. Então o que traz o setor de serviços a esse patamar é o dinamismo desses dois segmentos”, comemorou.

Segundo o pesquisador, o subsetor de transportes foi beneficiado pelo escoamento de produção, carregamento de mercadorias e retomada do transporte de passageiros, favorecendo a gestão de portos e terminais. “O transporte de cargas tem atingido recorde de patamar e o de passageiros vem mostrando uma melhora com a retomada dessas atividades principalmente relacionadas ao turismo, com as pessoas viajando mais e voltando a utilizar esses serviços”, pontuou.

Retomada esperada

O presidente da Fecomercio-AM (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Amazonas), Aderson Frota, ressaltou que, diferente do ocorrido no varejo, o setor de serviços não sofreu tanto com os aumentos no custo do transporte de cargas, entre outros passivos. “A retomada dos serviços era esperada, até porque a quantidade de empregos formais vem crescendo principalmente nesse setor, mês a mês. Ninguém investe em contratações sem incentivo de mercado e boas perspectivas nos negócios”, afiançou. 

De acordo com o dirigente, os segmentos mais dinâmicos de serviços no Amazonas são aqueles prestados às famílias, assim como o de transporte de cargas. “O crescimento é maior na hotelaria e nos restaurantes, e o turismo vem trazendo alavancagem nas demais atividades de serviços. Já o transporte de cargas está aquecido porque entramos no segundo semestre, que é sazonalmente mais forte, inclusive para a indústria. O ponto negativo é que, embora sofram menos com a restrição de crédito, os serviços não estão imunes ao aumento do endividamento e da inadimplência das famílias”, finalizou.

Boxe ou coordenada (só se tiver espaço): Setor continua empregando, mas desacelera 

Em paralelo com a nova alta, os serviços do Amazonas continuaram gerando empregos de carteira assinada, em julho. Mas, desaceleraram. Dados do Novo Caged mostram que, diferente do ocorrido na média do Brasil, o setor descambou da primeira para a terceira posição do ranking local, ficando atrás de comércio e indústria. Foram criadas 889 vagas celetistas, com acréscimo de 0,41% sobre o estoque anterior – número bem mais modesto do que os de junho (+2.020), maio (+2.730) e abril (+2.994). Em termos absolutos, os destaques vieram dos segmentos de transporte, armazenagem e correio (+200), de atividades profissionais, científicas e técnicas (+133), de alimentação fora do lar (+131), e de arte, cultura, esporte e recreação (+128).

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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