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Serviços em oscilação no Amazonas

O setor de serviços do Amazonas voltou a oscilar em junho, registrando o seu segundo tombo deste ano. A retração de 1,5% em relação a maio veio na contramão da média nacional, que não foi muito além da estabilidade (+0,2%), em um mês negativo para 11 das 27 unidades federativas. O confronto com o mesmo mês do ano passado confirmou elevação de 3% na atividade local, em ritmo mais fraco do que o do levantamento anterior (+3,4%). O Estado conseguiu fechar o semestre com alta de 4,4%, consolidando também a variação dos últimos 12 meses (+4,7%) no azul. Os dados são da PMS (Pesquisa Mensal de Serviços), do IBGE. 

A perda de vigor dos serviços em âmbito local, contudo, posicionou o Estado abaixo da média nacional. Embora tenha ficado estável na variação mensal, o setor avançou 4,1% sobre junho de 2022, sendo favorecido por três dos cinco segmentos acompanhados pelo órgão de pesquisa. A principal influência veio dos serviços profissionais, administrativos e complementares e também da divisão dos serviços prestados às famílias. O mesmo se deu nos acumulados dos primeiros seis meses de 2023 (+4,7%) e dos últimos 12 meses (+4,8%).

A despeito da nova redução do IPCA, detectada em junho (-0,08%), reduziu o descolamento da receita nominal dos serviços ante o volume de serviços, mas não ajudou nas vendas. A variação mensal do faturamento a preços correntes ficou próxima ao resultado efetivo das vendas e recuou 1,4%, eliminando a metade do ganho de maio (+2,8%). A comparação com junho de 2022 indicou elevação de 2,9%, mas dilapidou os acumulados do ano (+7,8%) e dos 12 meses (+12%). O Estado ficou atrás das médias nacionais (+0,25, +5,5%, +9,3% e +12%) em todas as comparações. 

Os dados do IBGE confirmam o que já havia sido sinalizado pelo ‘Novo Caged’: que o setor vem perdendo vigor nos últimos meses, embora ainda responda pela maior parte dos empregos formais do Amazonas. Acostumados à liderança, os serviços caíram para a terceira colocação, em junho. O aumento sobre o estoque foi de apenas 0,17%, resultando na criação de 377 vagas celetistas, em dado mais fraco do que os de maio (+1.062) e abril (+2.170). A alta foi puxada pelos segmentos de arquitetura e engenharia (+156), saúde humana (+98), transporte terrestre (+81) e alimentação (+66), entre outros. De janeiro a junho, o setor gerou 7.366 vagas (+3,42%) e segue liderando a oferta de oportunidades profissionais no Amazonas.

Estados e atividades

Com o recuo de 1,5% perante maio, o Amazonas desabou da oitava para a 17ª posição do ranking. A lista foi liderada com folga por Roraima (+7,2%), que foi secundada por Paraíba (+3,2%) e Distrito Federal (+2,9%). Os piores desempenhos vieram de Amapá (-3,3%), Rio de Janeiro (-2,4%) e Sergipe (-2,3%). Em relação ao mesmo mês de 2022, o Estado (+2,8%) subiu da 23ª para a 20ª colocação, em uma lista com o Mato Grosso (+26,6%) e o Amapá (-8%) nos extremos. Também caiu para o 20º melhor número no acumulado do ano (4,4%), em um rol liderado pelo Mato Grosso (+14,3%) e encerrado pelo Mato Grosso do Sul (-1,1%) no vermelho.

O IBGE-AM reforça que, em virtude do tamanho da amostragem, a pesquisa no Amazonas ainda não apresenta os dados desagregados por segmentos. O tímido progresso mensal de 0,2% para os serviços de todo o país se disseminou em três das cinco atividades investigadas. Apenas “outros serviços” (-0,4%) e transportes (-0,3%) declinaram. Contribuíram para tanto a redução do movimento em portos e terminais, no transporte aéreo e terrestre de passageiros, e navegação interior de carga, entre outras atividades.

Em contraste, a maior influência positiva veio dos serviços profissionais, administrativos e complementares (+0,8%), que foram favorecidos por atividades jurídicas, de administração de cartões e de engenharia. Completam a lista os serviços prestados às famílias (+1,9%) – principalmente empresas de restaurantes e de espetáculos teatrais e musicais – e informação e comunicação (+0,5%) – graças ao desempenho de portais, provedores de conteúdo, ferramentas de busca na internet e licenciamento de softwares. Correndo por fora, o indicador de atividades turísticas encolheu 0,4%.

“Luz amarela” 

O supervisor de disseminação de informações do IBGE-AM, Adjalma Nogueira Jaques, reforça que junho “não foi um mês bom para os serviços do Amazonas”, embora observe que a queda de vendas foi acompanhada por outras dez unidades federativas brasileiras. O pesquisador avalia que o crescimento sobre o mesmo mês do ano passado foi “bem positivo”, mas ressalva que o desempenho do acumulado do ano vem caindo desde janeiro, quando o indicador pontuou 8,3% nesse tipo de comparação. 

“Isso demonstrando que o desempenho da atividade vem perdendo forças. Olhando a performance nos últimos 12 meses, o resultado em junho mostra um acumulado satisfatório, mas também caindo a cada mês. A média móvel trimestral do volume de vendas dos serviços, está negativa em 0,9%. Isso é um mau sinal para os próximos resultados, pois indica que pode haver mais quedas na próxima divulgação da pesquisa”, alertou.

A ex-vice-presidente do Corecon-AM, e professora universitária, Michele Lins Aracaty e Silva, lembra que o setor de serviços historicamente tem um peso expressivo para a geração de emprego e renda do Amazonas. Diante disso, a economista salienta que o resultado apresentado pela pesquisa do IBGE acende uma luz amarela e deve ser acompanhado de perto por todos aqueles que são ligados direta ou indiretamente ao setor.

“Os números refletem ainda as dificuldades enfrentadas pelo cenário macroeconômico que ainda apresenta muitas dificuldades. Mas, apesar dos indicadores negativos, acreditamos que o avanço do arcabouço fiscal e da reforma Tributária no Congresso, bem como o início do processo de queda da taxa de juros, devem contribuir para um segundo semestre com resultados mais positivos acerca da geração de emprego, renda e crescimento econômico no setor de serviços”, ponderou.

“Traumas de 2022”

O presidente em exercício da Fecomercio-AM, assinala que a perda de fôlego dos serviços detectada pelo IBGE eo “pequeno aumento” de empregos no ‘Novo Caged’ refletem as dificuldades que vêm se acumulando desde o ano passado – escalada de inflação e de taxas de juros, com reflexos negativos na renda e no endividamento e negativação das famílias. Mas, o dirigente se mostra otimista para os próximos meses.

“Estamos entrando no período mais fértil de nossa economia, que é o verão, e isso é positivo. É claro que o governo ajuda, em seu processo de revitalização do consumidor, por meio do programa Desenrola. Só que os efeitos não são imediatos, pois estamos em um patamar inicial. À medida que ele avança, vai encontrar o consumidor em uma posição mais privilegiada e com mais possibilidade de consumo. Por outro lado, a redução da Selic deve reduzir o custo do crédito, gerando maior movimentação nos serviços. O importante é que estamos superando os traumas de 2022”, arrematou. 

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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