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Retração forte do PIB amplia incerteza

O forte recuo da economia brasileira no terceiro trimestre, de 0,5% ante o segundo trimestre, conforme dados divulgados nesta terça-feira (03), pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), trouxe à tona não só a frustração com um desempenho pior do que o esperado, mas também consolida uma percepção negativa com a economia do país de analistas de mercado no Brasil e no exterior.
A magnitude da retração, em linha com as piores previsões, se soma a uma grande insatisfação de agentes de mercado com a leniência do governo em relação ao resultado fiscal, uma inflação persistentemente alta e investimentos titubeantes. São aspectos que ampliam o risco de um downgrade do rating soberano, que já é ameaça real no caso da agência S&P, e aumentam o mal-estar dos investidores num momento em que seria necessária a recuperação desses ânimos.
“Os números do PIB são mais um claro sinal da fragilidade da economia. Essa fraqueza tem como resultado a piora do sentimento com relação ao país”, resumiu o economista do espanhol BBVA Research, Enestor Santos. Segundo ele, o país poderia, inclusive, apresentar uma recessão técnica caso os dados antecedentes do quarto trimestre não revertam esse cenário. “Isso não pode ser descartado completamente”, disse.
A abertura das contas nacionais mostra números ruins que eram previstos, como o PIB agropecuário, que retraiu 3,5% do segundo para o terceiro trimestre sob efeito do fim da safra. Mas algumas surpresas negativas se revelaram mais preocupantes, como as contas externas. “As exportações caíram muito na margem, 1,4%, mas as importações diminuíram apenas 0,1%. Por isso a influência do setor externo foi maior do que esperávamos e acabou sendo em parte responsável pela queda do PIB de 0,5%, enquanto prevíamos 0,3%”, explicou o economista sênior do banco Besi Brasil, Flávio Serrano.
O professor de economia da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica), Antonio Corrêa de Lacerda, por exemplo, acredita que há um vazamento de todo o potencial de consumo do mercado interno para o mercado externo, via importações. O consumo das famílias, aliás, ainda mostra vigor e mostrou crescimento de 1% na margem. Em contrapartida, os investimentos caíram 2,2% ante o segundo trimestre deste ano.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, veio a público ressalvar que o investimento crescerá mais e que o mundo ainda está em crise. “Estamos em trajetória de crescimento, talvez não na velocidade que gostaríamos, mas nenhum país está conseguindo isso. Os EUA estão com uma expansão de 1,6% e 1,7%, neste ano, o México, com menos de 2%”, apontou. “O mundo não vive um ano fácil”, disse.

Piora no cenário

De qualquer modo, há quem olhe para o momento atual e veja uma piora significativa de cenário. O economista para mercados emergentes da gestora britânica Schroders, Craig Botham, diz que o país “não tem bala de prata” e corre risco de rebaixamento de sua avaliação de risco “especialmente agora que as receitas serão ainda menores que o esperado”. “Se o Brasil não reduzir sua dependência do consumo e do populismo fiscal, a estagflação poderia se tornar a norma no país e os mercados vão punir”, ressaltou.
Sebastian Briozzo, analista da agência de classificação de risco Standard & Poor’s, disse que o governo brasileiro tem uma capacidade limitada de combater o problema com uma política fiscal contracíclica.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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