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Resíduos naturais para energia limpa

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Estudos e aplicações de métodos de produção de energia ainda são poucos no Amazonas

O uso de resíduos naturais para a produção de energia mais limpa e barata, vem ganhando estudos e aplicações, como o anunciado há poucos dias pela Petrobras. A estatal do petróleo brasileiro promete ainda para este mês, a produção de biodiesel a partir do óleo de peixe. Mas o que poderia ser animador para um Estado que tem o maior rio do planeta, acaba causando preocupação. O setor pesqueiro no Amazonas há muito sofre com problemas que vão da armazenagem a comercialização do pescado, e os prejuízos causados pela perda do peixe poderiam ser mitigados com o uso das vísceras para produção de energia.
No Amazonas apenas uma fábrica beneficia o óleo extraído das vísceras e gordura de peixe. Ainda que para a obtenção de ração animal e não energia, a fábrica tem contribuído para o setor, explica o Presidente do Sindpesca-Am (Sindicato dos Pescadores no Estado do Amazonas), Ronildo Nogueira Palmere. “É a única e ajuda bastante. Mas creio que se esse plano da Petrobras de coleta de resíduos para gerar energia chegasse aqui, outras entrariam no páreo, pela viabilidade econômica”, disse. Localizada no município de Iranduba, a fábrica Solimões trabalha ainda com resíduos bovinos, suínos, de aves e óleo de cozinha saturado.

Gargalos
Citando a armazenagem como um dos principais gargalos para o setor pesqueiro, Palmere lamenta a falta de aportes, o que faria do Amazonas uma grande potência no setor. “Em épocas é preciso importar peixes, pois o que é pescado aqui se perde facilmente. O diesel é caro, o gelo também e precisamos de mais ajuda do governo para solucionar esses problemas”, conta Palmere.
Segundo o presidente do Sindpesca, as pesquisas são muitas, mas falta aplicabilidade fora do laboratório. “Raramente saem do papel e ficam restritas a capital. Teriam que ser levadas e aplicadas em cidades do interior que tenham essa tradição de pesca comercial, como Itacoatiara e Tefé por exemplo”, resume.
O uso de óleo de peixe na produção de biodiesel seria uma forma de se fechar a cadeia iniciada na pesca. Com o uso da energia gerada por resíduos pelos pescadores, os desperdícios do setor pesqueiro seriam quase eliminados. “Este biodiesel seria usado nos frigoríficos, barateando a armazenagem e dando mais prazo útil para o pescado. Os peixes não vendidos, se tornariam energia sustentável e barata”, conclui Palmere.

Mais estudos
Outro estudo que visa a geração de energia limpa é o ‘Modelagem e Simulação dos Processos de Bioconversão de Biomassas Regionais para Produção de Energia de Biogás, Biofertilizantes e Adubo Orgânico no Setor Agroindustrial Brasileiro’ do professor do curso de Engenharia Química da FT (Faculdade de Tecnologia) da Ufam (Universidade Federal do Amazonas), Johnson Pontes de Moura.
O estudo propõe a utilização de biomassa existentes em nosso Estado como o caroço do açaí e cascas de banana, castanha do Amazonas e cupuaçu. “Esta visão exige uma abordagem sistêmica, transdisciplinar, contemporânea, que delineia o perfil de um novo profissional: formação científica sólida aliada à visão abrangente para atender à sustentabilidade econômica, ambiental e social com o aproveitamento das biomassas para fins energéticos”, disse o professor.

Por dentro
A produção de biodiesel será feita pela Petrobras Biocombustíveis na Usina de Quixadá (CE), a partir do óleo extraído de vísceras de peixe, conhecido como OGR (óleos e gorduras residuais) de peixe. A companhia recebeu, em dezembro, 4,55 toneladas do produto para produção de biodiesel. Na avaliação da Petrobras, o uso do óleo extraído das vísceras do pescado na produção traz vantagens a ambas as partes. Para a companhia, assegura biodiesel com matéria-prima de qualidade, além de a iniciativa estar alinhada ao Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel, condição necessária para garantir o Selo Combustível Social do Ministério do Desenvolvimento Agrário.

Artur Mamede
[email protected]

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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