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PIB do Amazonas apresenta oscilação em agosto

A prévia do PIB do Amazonas voltou oscilar em agosto e apresentou expansão de 3,04% ante julho, no melhor desempenho desde abril (+3,05%). O Estado seguiu novamente na contramão da média nacional, mas o resultado não foi suficiente para repor a perda do mês anterior (-5,02%). Em relação ao mesmo mês de 2020, período de ensaio de recuperação pós-primeira onda, subiu 2,55%. No acumulado do ano, a economia amazonense ainda se manteve positiva em 7,62%, sendo fortalecida por uma fraca base de comparação.

O índice registrou 171,29 pontos no Amazonas, em agosto, após o retrocesso de julho (166,23 pontos) e o apogeu anual de junho (175,01 pontos). O Estado aparece vitualmente estagnado (-0,01%), na comparação do aglutinado de junho a agosto com os três meses imediatamente anteriores, a despeito da base de comparação ainda se arranhada pelos rescaldos da segunda onda. Já o PIB anualizado fechou com 6,50% de elevação. Vale notar que as duas últimas comparações costumam ser apontadas por especialistas como melhor forma de captar tendências.

Os dados são do IBC-Br (Índice de Atividade Econômica do Banco Central). A despeito da nova oscilação, o Estado ficou atrás da economia brasileira apenas na variação anual e trimestral. Em âmbito nacional, o indicador apontou decréscimo de 0,15% entre julho e agosto, após três meses seguidos de alta, em resultado abaixo do esperado pelo mercado. A comparação com agosto de 2020 ainda rendeu incremento de 4,74%, enquanto o acumulado dos oito primeiros meses do ano ficou positivo em 6,41%. O indicador praticamente não se moveu na média móvel trimestral encerrada no oitavo mês de 2021 (-0,21%), mas ainda conseguiu crescer 3,99%, no aglutinado de 12 meses.

O IBC-Br é um indicador criado para tentar antecipar o resultado do PIB e ajudar a autoridade monetária na definição da taxa Selic). Visto pelo mercado como uma antecipação do resultado do PIB, o indicador do Banco Central também é uma forma de avaliar a evolução da atividade econômica e ajuda a autoridade monetária a decidir sobre a taxa básica de juros, além de ajudar investidores e empresas a adotarem medidas de curto prazo. A metodologia é diferente da empregada pelo IBGE, que calcula o PIB brasileiro – e cuja próxima divulgação nacional está prevista para o dia 2 de dezembro.

Setores e arrecadação

O cálculo do IBC-Br leva em conta estimativas para indústria, comércio, serviços e agropecuária, acrescidas dos impostos. Mas, sua divulgação não inclui o desempenho de cada rubrica. Em sintonia com a depreciação do indicador do BC, números do IBGE apontaram resultados negativos para comércio e serviços, contrastando com uma recuperação na indústria. Em paralelo, a arrecadação tributária da Sefaz (Secretaria de Estado da Fazenda) acelerou, em sentido contrário ao do recolhimento da Receita Federal.

A produção industrial do Estado avançou 7,3%, na passagem de julho para agosto, depois da queda anterior (-13,2%). Foi o melhor desempenho do ranking nacional do IBGE, embora o confronto com agosto de 2020 ainda tenha indicado decréscimo de 1,5%. Mas, conseguiu permanecer no azul nas comparações dos aglutinados do ano (+17,1%) e dos 12 últimos meses (+14,4%). O resultado também permitiu ao Amazonas (+1%) figurar entre as seis unidades federativas com índices acima do patamar pré-pandemia – com destaque para Santa Catarina (+4,9%).

O mesmo não se deu no setor terciário da economia amazonense. O comércio emendou seu terceiro mês seguido no vermelho, ao recuar 1,5% na variação mensal, após os tropeços mais robustos de julho (-2,8%) e de junho (-3,5%). Em relação a agosto do ano passado, o varejo local sofreu decréscimo reforçado de 11,2% no volume de vendas. O acumulado do ano (+1,8%), assim como o aglutinado de 12 meses (+5,5%), seguem no campo positivo, mas continuam sendo erodidos pelas sucessivas retrações mensais.

Em sintonia, o setor de serviços do Amazonas interrompeu uma sequência de três meses seguidos de alta, para tropeçar, na passagem de julho para agosto. O volume foi 2,5% mais baixo na variação mensal, em trajetória praticamente simétrica à capturada no levantamento anterior (+2,2%). No confronto com agosto do ano passado, ainda houve elevação de 13,2%, índice que correspondeu a quase a metade do apresentado no mês passado (+21,6%). Mas, foi o suficiente para segurar a atividade no campo positivo, nos aglutinados do ano (+14,8%) e de 12 meses (+11,2%). 

Os números da Sefaz indicam que o recolhimento estadual acelerou pelo segundo mês consecutivo em agosto (R$ 1,44 bilhão), ao subir 10,77% nominais ante julho (R$ 1,30 bilhão). O confronto com o oitavo mês de 2020 (R$ 1,02 bilhão) rendeu elevação de 11,60%, encorpando o acumulado do ano (R$ 9,04 bilhões) em 21,64%. Já a arrecadação federal deixou para trás dois meses de crescimento para despencar 19,58% entre julho (R$ 1,89 bilhão) e agosto (R$ 1,52 bilhão), além de desabar 9,91% ante a marca de 12 meses atrás (R$ 1,68 bilhão). Em oito meses, os cofres da União recolheram R$ 12,76 bilhões, 29,31% a mais do que em igual intervalo de 2020 (R$ 9,87 bilhões).

“Efeito sazonal”

Para o conselheiro do Corecon-AM (Conselho Regional de Economia do Estado do Amazonas), professor universitário e consultor empresarial, Francisco de Assis Mourão Junior, concorda que a inflação e os juros, assim como as tensões políticas, entre outros fatores, ajudaram a minar a capacidade de crescimento da economia brasileira, nos últimos meses. Por conta disso, avalia que setembro deve mostrar uma nova oscilação no PIB nacional. Mas, o economista considera que a sazonalidade será mais forte para determinar o rumo da economia amazonense, até dezembro, em virtude do PIM. 

“Vale ressaltar que estamos em outubro e está faltando pouco para a Black Friday e o Natal. O aquecimento, em virtude da volta gradual da atividade econômica, está provocando esse aumento no PIB do Amazonas. É uma consequência sazonal. Por sinal, já estávamos na contramão da média nacional, em agosto. Fabricamos produtos de consumo, que costumam ter demanda aquecida durante as festas de fim de ano. Além disso, a injeção do 13º salário das categorias que ainda não tiveram o benefício adiantado deve contribuir para um PIB maior, nos próximos meses”, finalizou.   

Foto/Destaque: Divulgação

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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