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Pesquisas aguardam avanço institucional com nova gestora do CBA

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Com o anúncio da ABio (Aliança para a Bioeconomia da Amazônia) como nova gestora para direcionar os trabalhos do CBA (Centro de Biotecnologia da Amazônia), pesquisadores amazonense projetam boas expectativas para a área de PD&I (Pesquisa Desenvolvimento e Inovação) na região, e vislumbram uma administração menos burocrática e mais atrativa para novos investimentos.

Formada por um conjunto de instituições voltadas para PD&I em bioeconomia, a ABio foi habilitada em primeiro lugar no processo seletivo do edital de chamamento público realizado pelo MDIC (Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços), divulgado na última quarta-feira, (21).

Para pesquisadores locais, a expectativa é que a nova gestão atraia empresas globais com bons centros de pesquisa, que permitirá a interação com as atividades do próprio CBA na região. Para eles, a parceria permitirá a aproximação de cientistas do estado com mercados globais para uma trabalho mais eficaz. Para o professor da UFAM (Universidade Federal do Amazonas), Augusto Barreto Rocha, por contar com uma grande rede de instituições voltadas para o segmento, a nova gestão inspira grande progresso para o futuro, mas alerta, que por se tratar de tantos órgãos públicos envolvidos, a atuação do CBA se perca na tradicional burocracia.

“É uma grande expectativa de grandes melhoria, somada com uma enorme esperança. O Lado positivo é o fato da ABio ser formada por uma rede fantástica de instituições. Mas, por outro lado, por se tratar de muitos órgãos públicos envolvidos, ela corra o risco do CBA se perca na burocracia. Entendo que um grande passo foi dado e os gestores terão o desafio de fazer. Entretanto, se o que foi possível foi esta aliança, acredito que devemos dar todo o crédito e apoio para eles”, disse.

Para Augusto, é de suma importância que se desenvolva dentro do CBA um conhecimento científico prático, que sejam capazes de gerar novos negócios a partir do bioma amazônico da região para produção e comercialização de novos produtos. “Penso ainda que as métricas do CBA deverão ser associadas ao faturamento gerado para o Amazonas ou Amazônia, a partir do que eles catalisam neste magnífico ambiente criado para o desenvolvimento da região e de sua biotecnologia. Será ótimo e importante para a cidade, para a região, para o país e para o planeta. O termo ‘tecnologia’ pressupõe conhecimento científico, conhecimento prático e meios de produção”, ressaltou.

Outro ponto positivo citado pelo professor, é o melhor aproveitamento dos pesquisadores locais e suas potencialidades. Pela ausência de estrutura de trabalho e visão a longo prazo, o conhecimento local não é utilizado dentro de suas potencialidades, fato que impede um conhecimento aplicado mais eficaz.

“Nossa região existem pesquisadores brilhantes. Eles até são aproveitados, mas apenas na primeira etapa. Eles não possuem um Sistema Local de Inovação que aproxime o capital de risco ou grandes investidores (normalmente a grande indústria farmacêutica). O processo integral deveria ser pesquisa básica, pesquisa aplicada, desenvolvimento tecnológico, desenvolvimento de produto, comercialização. Hoje normalmente paramos na primeira etapa ou na segunda. O que é comercializado é insignificante ao potência que nossa região oferece”, explicou.

Investimento

Segundo a gestora do sistêmica da AYTY- Incubadora de Empresas do IFAM (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas), Maria Goretti Falcão de Araújo, a vantagem da nova gestão é o fato dela ser compostas por professore e instituições que conhecem a realidade e os problemas da região para investimento em PD&I.

“Temos uma grande expectativa com essa nova gestão, porque haverá uma nova visão de instituições locais que vivenciam os problemas e a realidade da região e sabem as reais necessidades dos ambientes de inovações, e como podemos usar nossa biodiversidade de forma correta e ponderada. Sempre obedecendo o meio ambiente, sustentabilidade e ao mesmo tempo aproveitando nossas riquezas naturais para criar renda para a comunidade, com uma cadeia produtiva com inovação. Vamos ter uma excelente oportunidade de desenvolver a potencialidade econômica com uma visão local”, disse.

Segundo a superintendente executiva da RAMI (Rede de Empreendedorismo e Inovação da Amazônia), Jane Márcia Moura, a nova gestão atuará com um viés de negócios inovadores, realizadas com grandes empresas nacionais e internacionais, principalmente as que demandem novas pesquisas e desenvolvimentos de diversas cadeias produtivas nas áreas de cosméticos, fármacos e alimentos/nutracêuticos. Com base na nanotecnologia e biomimética dentre outras áreas de estudos, as pesquisas e atividades inovativas serão
voltada para o uso sustentável da biodiversidade amazônica.

“A nossa visão será voltada para o futuro baseado no empreendedorismo inovador, priorizando uma Gestão hélice tríplice (Academia, governo e empresa), no qual o CBA estará preparado para receber e responder às demandas e oportunidades de novos negócios a partir do uso tecnológico da biodiversidade. A ideia é integrar as diversas populações tradicionais da floresta, a academia e ao setor empresarial. Regional, Nacional e Internacional. Colocando assim, a Amazônia na rota mundial da bioeconomia”, explicou.

Segundo o superintendente técnico científico da Rami, professor Spartaco Filho, desde a sua criação, o CBA teve uma gestão que se voltou para si mesma e não interagiu com empresas e instituições de tecnologia locais. “Por quase dez anos ele se isolou. Recentemente se abriu para a interação. Temos muito projetos que já estão aprovado e que precisam de recursos e parcerias das indústrias. E esse era o papel do CBA, o de intermediar e resolver os gargalos. Agora as empresas vão poder contar com trabalhos certificados que vão garantir a qualidade de seus produtos. Vão ter um ambiente favorável de prestação de serviço e colaboração da atividade de pesquisa aplicada”, disse.

A ABio terá repasse de um R$ 11,5 milhões por ano do Mdic. Segundo o professor Spartaco, o repasse será insuficiente para manter o CBA, mas que será suficiente para iniciar os trabalhos básicos “É um investimento básico, vamos ter que procurar mais investimentos. É o que temos, e com esse recurso vamos trabalhar para atrair empresas e novos recurso. Existe uma esperança de agregar valor aos produtos da região e trazer mais desenvolvimento para as comunidades”, disse.

ABioo

A Aliança ABio é formada por instituições de referência em PD&I (Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação) na Amazônia: FAS (Fundação Amazonas Sustentável), Ufam Universidade Federal do Amazonas, UEA (Universidade do Estado do Amazonas), Ifam (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas), Fiocruz Amazônia (Instituto Leônidas e Maria Deane), Cetam (Centro de Educação Tecnológica do Estado do Amazonas), FPF (Fundação Paulo Feitoza), UniNiltonlins (Universidade Nilton Lins), Rami (Rede de Inovação e Empreendedorismo da Amazônia), Idesam (Associação BioTec-Amazônia, Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia) e Bionorte (Rede de Biodiversidade e Biotecnologia da Amazônia legal).

A estratégia da aliança é contribuir para o aumento da participação de atividades produtivas sustentáveis baseadas na bioeconomia no PIB da Amazônia e fomentar a ciência, tecnologia, inovação e empreendedorismo.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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