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Pequena abertura de vagas não empolga

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O mês de junho no Amazonas, com suas 9.668 contratações ante os 9.059 desligamentos, registrou o melhor desempenho na evolução do emprego formal (629 vagas) desde o registrado no mesmo mês em 2013, mas ainda assim a distância é enorme, quando comparamos esses números às 2.334 vagas daquele ano. A melhora em relação a maio (10.284 vagas encerradas contra 9.073 abertas, ou -1.211 vagas), também não dá muitas esperanças, dizem especialistas.

A indústria de transformação, a construção civil e os serviços (com variação de 252, 184 e 131 vagas) foram os setores responsáveis pelos melhores números do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), divulgados na sexta-feira (20) pelo Ministério do Trabalho. De acordo com o supervisor técnico do Dieese no Amazonas, Inaldo Seixas, esperavam-se mais contratações puxadas pela movimentação atípica gerada pela Copa do Mundo.
“Os números viriam crescendo desde maio, mas não houve o esperado. A insegurança fez de junho no Brasil um mês de quedas. O comércio registrou apenas 11 vagas, com -4 vagas no varejo. De junho vão ficar as expectativas de baixo crescimento de produção e maior índice de desemprego”, fecha.

A insegurança e a crise política também há tempos vêm minando a confiança dos empresários refletindo nas poucas contratações, explica o vice-presidente da Fecomércio (Federação do Comércio do Estado do Amazonas), Aderson Frota. “Já havia um receio por parte do empresário com os recentes rumos tomados pelo governo na decisão de questões importantes para o Amazonas e para o país. A queda na empregabilidade e a falta de crédito no mercado são consequências dessa crise”, afirmou.

Insegurança derruba contratações

Os números confirmam os dados divulgados pelo IMD (Índice de Medo do Desemprego), realizado pela CNI (Confederação Nacional da Indústria), que cresceu 4,2 pontos em relação ao verificado em março. Em junho deste ano, o índice atingiu 67,9 pontos, o maior valor da série histórica iniciada em maio de 1996, empatado com os valores registrados em maio de 1999 e em junho de 2016.

Para o chefe da Divisão Econômica da CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo), Fábio Bentes, a maior parte dos empresários (56,9%) pretende contratar trabalhadores nos próximos meses. “Esse percentual, no entanto, já difere significativamente da proporção de varejistas dispostos a contratar em janeiro deste ano (61,1%)”, afirma.

Desempenho regional

Quatro das cinco regiões brasileiras tiveram crescimento no emprego formal em junho. No Centro-Oeste foram criadas +8.366 vagas; no Sudeste, +3.612; no Nordeste, +3.581; e no Norte, 930. Apenas na região Sul o saldo foi negativo, com o fechamento de -17.150 postos.

Dezesseis unidades federativas registraram variação positiva no emprego e onze, negativa. Os melhores resultados foram em Minas Gerais, onde foram abertas +12.143 vagas, Mato Grosso (+5.412), Maranhão (+2.807) e Goiás (+2.173). Os menores saldos foram no Paraná, com fechamento de -6.609 postos, Rio Grande do Sul (-6.521), São Paulo (-4.450) e Santa Catarina (-4.020).

Junho teve saldo negativo de 661 empregos

O saldo negativo de 661 empregos formais em junho foi um resultado atípico, avaliou o consultor do Ibre-FGV (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas), Tiago Barreira. “É um número surpreendente. Esperávamos que em junho houvesse certo retorno à normalidade”. O Ibre-FGV estimava a criação de 68,8 mil vagas no mês.

Na interpretação de Barreira, as fortes demissões na indústria e no comércio indicam que o ritmo frustrante de recuperação econômica é responsável em grande parte pelo enfraquecimento do mercado de trabalho. O economista avalia que é preciso esperar para ver como se comporta o mercado de trabalho nos próximos meses, mas para ele o resultado do Caged em junho sinaliza uma geração muito fraca de emprego formal no resto do ano, um cenário oposto ao que se esperava no início de 2018.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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