Pesquisar
Close this search box.

Opção pelo estágio é questão de matemática

Poucas semanas antes de a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) revelar que o índice de desemprego entre os jovens de 18 a 29 anos estava cinco pontos percentuais acima da média para todas as idades – 13,66% contra 8,42% –, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva mostrava disposição em diminuir esse grave problema nacional. Afinal, como dizem, o passo mais importante para solucionar um problema é sempre reconhecê-lo como tal.
Em seu programa semanal de rádio, ainda no final de abril, afirmou que “o Estado brasileiro tem uma dívida com a nossa juventude. Ela precisa ser motivada a esperanças e a oportunidades”. Para isso, ressaltava a necessidade de ampliar ações para os jovens no campo educacional e no mercado de trabalho. Seguindo, Lula argumentou que, quando não há escola, formação profissional ou emprego, “a juventude fica à mercê do narcotráfico e do crime organizado”, repetindo um alerta que o CIEE emite há mais de quatro décadas.
Para o presidente, a estratégia a ser adotada seria o aumento de investimentos nos seus “programas para a juventude” e da faixa etária dos beneficiados – que passou de 15 a 24 anos para 15 a 29 anos. Ora, dos 16 programas listados no site oficial (www.juventude.gov.br) somente 3 atingem a pretendida intersecção entre os mundos da escola e do trabalho. Porém, nenhuma dessas iniciativas faz um serviço tão bem feito como o tradicional estágio. A prova vem da boca dos próprios jovens.
Uma pesquisa do instituto TNS InterScience revelou que 100% dos estagiários recomendam aos seus colegas, amigos ou parentes o treinamento prático nas empresas. Ao mesmo tempo em que 96 % dos jovens contavam que a vivência no mundo do trabalho ajudava-os a definir ou fortalecer interesses profissionais, 76% atestavam que, após o estágio, passaram a reter melhor as matérias ministradas em salas de aula, melhorando assim seu rendimento. Se não bastar a opinião medida de forma isenta e – porque não? – científica, propomos uma nova pesquisa mais informal e descompromissada. Pergunte a qualquer estudante ao seu redor se ele já teve ao menos uma oportunidade para se inscrever no Programa Integrado de Juventude (Projovem), Programa de Integração da Educação Profissional ao Ensino Médio na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos (Proeja) ou Programa Nacional de Estímulo ao Primeiro Emprego (PNPE) – as três ações do governo federal, anteriormente mencionadas. Em seguida, refaça-a voltada ao estágio. Some essas respostas à média de jovens efetivados graças à experiência obtida durante o período de capacitação – 64%, segundo outro estudo da TNS InterScience – e terá o caminho seguro para a diminuição dos índices de desemprego juvenil sem maiores gastos estatais e com o trabalho conjunto de entidades filantrópicas, empresas, órgãos públicos e instituições de ensino. A matemática é simples.

LUIZ GONZAGA BERTELLI é presidente executivo do Centro de Integração Empresa-Escola – CIEE, da Academia Paulista de História – APH e diretor da Fiesp.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
Compartilhe:​

Qual sua opinião? Deixe seu comentário

Notícias Recentes

Pesquisar