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Jazz nascido em Manaus para gringo ouvir

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Realizar um sonho no seu próprio país já difícil, imagine atingir esse sonho no país dos outros. Pois o pianista amazonense Anderson Farias está conseguindo essa proeza, nos Estados Unidos. Até o final de setembro ele conclui as gravações de seu disco de jazz no país do jazz. 

“Tenho passado os últimos meses nos Estados Unidos pesquisando mestrados em jazz performance e fazendo alguns networkings com vários produtores. Entre esses novos contatos, em Nashville, conheci o produtor americano Doug Holmquist, que já foi indicado ao Grammy e durante a década de 1990 realizou trabalhos em várias produções escrevendo músicas para artistas e para a TV brasileira no eixo Rio/São Paulo”, contou.

“E para a gravação do meu primeiro disco tive a colaboração e indicações de estúdios do produtor cubano Lulo Perez, ganhador de vários Grammy como produtor de Alejandro Sanz”, completou.

O CD se chamará ‘Transcendência’ e é composto por cinco músicas de Anderson, mais duas releituras, com a maioria delas escrita para o formato de piano trio. Os músicos que o acompanham são os mineiros André Lafaiete (contrabaixo) e Isac Jamba (bateria). “O título ‘Transcendência’ retrata uma busca constante em expressar minhas próprias ideias musicais através de composições autorais inéditas. O disco também é um convite aos ouvintes para uma apreciação do meu universo musical com diálogos musicais decorrentes no meu processo de formação na música erudita e sua assimilação com o jazz contemporâneo”, explicou.

Dicas para quem quiser arriscar

“Vim realizar a gravação aqui nos Estados Unidos porque nos últimos meses eu pude me concentrar com mais atenção e clareza no meu trabalho. No final de 2018 me desliguei do antigo trabalho de quase dez anos como professor e iniciei novos projetos como o meu curso on line e também pude reviver várias composições e arranjos que estavam no fundo do baú. Aproveitando a oportunidade de estar na América, percebi uma ótima chance de gravar o disco em estúdio”, falou.

Para os músicos que quiserem seguir o mesmo caminho, Anderson dá algumas dicas.

“É sempre bom se ter um trabalho para as pessoas saberem quem você é. É o seu cartão de visitas. Mas sem dúvida, é importante ter uma rede de contatos e networking, pois isso te abre portas em tempo mínimo e você consegue ingressar numa cena musical em qualquer lugar do Brasil e do mundo”, ensinou.

“Tive alguns momentos e pensamentos em desistir como qualquer ser humano, isso é normal. Por outro lado, nada é mais gratificante do que ver e ouvir um trabalho que foi concebido por você e que trará felicidades e boas sensações a muitos ouvintes. Eu acredito que ainda terão muitos desafios pela frente. Esse foi o primeiro de muitos”, concluiu.

Para quem não sabe, o jazz não é admirado em todo os Estados Unidos. Tocá-lo em Miami, é como tocar samba em Recife.

“Em Miami, onde estou morando, o jazz não é tão forte como na região norte dos Estados Unidos. Miami é uma cidade onde a comunidade latina comanda. Você encontra um lugar onde se toca jazz, enquanto o reggaeton e outros estilos fazem sucesso em diversos outros lugares. Não sou um jazzista raiz, porém, gosto das possibilidades e as aberturas que o jazz proporciona para os demais gêneros musicais”, revelou.

Antes do final do ano Anderson pretende voltar a Manaus com o CD debaixo do braço para lançá-lo na capital amazonense.

“Ainda não tenho uma data prevista para o lançamento em Manaus, mas os locais de preferência para o evento são espaços públicos como o Palácio Rio negro, ou o Palácio da Justiça, onde encontramos pianos acústicos. A data dependerá da agenda e disponibilidade desses espaços”, adiantou.

Longa carreira musical   

Anderson Farias é formado em piano pela UEA. Atua no cenário da música local desde 2006. Já trabalhou com a maioria dos artistas amazonenses. Entre os seus trabalhos destacam-se ter sido pianista titular na orquestra municipal Big Manaus Band entre os anos de 2012 e 2013. Como pianista acompanhador apresentou-se ao lado de Karine Aguiar em diversos festivais, entre eles: Projeto Uakiti – Festival da Canção de Minas Gerais (2010), Amazonas Jazz Festival (2011/2012), Festival da Canção de Itacoatiara (2012), Nublu Jazz e Sound’s of Brazil (Nova Iorque, 2013), IBVM Jazz Festival de Boa Vista (2015), lançamento do disco ‘Organic’, no Teatro Amazonas (2016), e Festival L’Altro Suono, em Modena/Itália (2017). Como compositor, teve a sua estreia em 2016 na nona edição do Projeto Canção da Mata, no Teatro Amazonas, apresentando músicas autorais que unem aspectos estilísticos da sua formação erudita com jazz contemporâneo. Como educador, foi professor de piano erudito, piano popular e pianista co-repetidor no coral adulto no Liceu de Artes e Ofícios Cláudio Santoro entre os anos de 2009 e 2018, além de professor temporário de piano, teclado e teoria musical no Caua (Centro de Artes da Universidade Federal do Amazonas) entre 2015 e 2016. Em 2016 Anderson escreveu o seu primeiro método ‘Piano na Prática’, voltado para o estudo da harmonia moderna aplicada ao piano popular. Atualmente tem se dedicado ao ensino de piano pelo seu curso on line ‘Toque Piano’, com alunos pelo Brasil e em diversos outros países.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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