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Interior do Amazonas sofre estagnação de empregos em fevereiro

O interior do Amazonas amargou uma virtual estagnação no saldo de empregos formais, em fevereiro, após emendar três meses seguidos de resultados negativos. As contratações (+708) praticamente empataram com as demissões (-707), com a criação de um único e escasso posto de trabalho com carteira assinada. O número, entretanto, foi mais ameno do que o registrado em janeiro (-143). Os dados são da edição mais recente do ‘Novo’ Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados).

Foi diferente do ocorrido no mês anterior, quando os municípios concentraram a totalidade das destruições de empregos, enquanto Manaus despontava com saldo positivo de quatro dígitos, sustentando a alta do Estado. Desta vez, os cortes passaram a se concentrar em Manaus, que extinguiu 626 vagas celetistas, no segundo mês do ano. O desempenho da cidade, por sinal, foi praticamente o mesmo do Amazonas (-625 postos de trabalho formais), que também entrou em terreno negativo, após a alta anterior.

O número de cidades amazonenses com mais admissões do que desligamentos não passou de 15, ficando abaixo da estatística de janeiro deste ano (20) e com resultados novamente irrisórios na maior parte das localidades –e com a geração de um par de postos de trabalho com carteira assinada, em grande parte delas. Ao menos 31 foram na direção contrária e as 15 restantes estagnaram –contra 24 e 17 no mês anterior, respectivamente.

Diferente do ocorrido com Manaus, o desempenho na criação de vagas celetistas não permitiu ao interior sair do campo negativo, no acumulado do ano (série com ajustes). Enquanto a capital amazonense conseguiu gerar saldo positivo de 1.144 vagas formais no bimestre, superando novamente a média global do Estado (+1.016), os municípios amargaram a eliminação de 128 empregos com carteira assinada no mesmo período, dado o predomínio dos desligamentos (-1.551) sobre as admissões (+1.423). 

Estoques e setores 

Entre as localidades amazonenses que conseguiram contratar mais do que demitir, apenas duas conseguiram saldo de dois dígitos no número de vagas registradas na variação mensal –Presidente Figueiredo (+36 vagas e +1,24% ante janeiro) e Itacoatiara (+17 e +0,36%) –, mas o melhor dado veio de Humaitá (+100, com +4,92%). Em contraste, os municípios que mais demitiram foram Parintins (-32 e -1,33%), Tefé (-23 e -1,29%) e Iranduba (-18 e -0,94%). 

No acumulado do bimestre, 22 municípios do interior amazonense ficaram no azul e 31 no vermelho, enquanto oito estagnaram. Novamente, Humaitá (+121 e +6,01%), Presidente Figueiredo (+33 e +1,13%) e Itacoatiara (+17 e +0,36%) alcançaram os melhores desempenhos. No outro extremo, a lista de destruição de empregos no interior amazonense foi liderada por Coari (-101 e -7,22%), Iranduba (-40 e -2,07%), Parintins (-39 e -1,62%) e Tefé (-39 e -2,16%).

Excluída a capital (386.329), os seis maiores municípios do Amazonas em termos de estoque de empregos com carteira assinada continuam respondendo por mais de 50% de todo o volume de empregos com carteira assinada contabilizados no interior do Estado (36.104): Itacoatiara (4.690 ocupações), Manacapuru (3.016), Presidente Figueiredo (2.943), Tabatinga (2.711), Parintins (2.375) e Humaitá (2.134).

Comércio em baixa

A base de dados do ‘Novo Caged’ informa que a atividade econômica com melhor saldo de postos de trabalho com carteira assinada (+100) no somatório de municípios amazonenses do interior foi serviços, com o ingresso de 215 trabalhadores e a demissão de outros 145. O destaque dos serviços nas localidades em questão veio da administração pública, defesa e seguridade social (+43). Indústria (+47) –especialmente a de transformação (+27) e a extrativa (+18) –e agropecuária (+37) vieram em seguida, enquanto construção (-77) e comércio (-74) foram na direção contrária e extinguiram vagas celetistas.  

O desempenho positivo de Humaitá na variação mensal da geração de empregos se deveu aos acréscimos de vagas no serviço de administração pública (+42), nas indústrias de fabricação de alimentos (+23) e de coleta, tratamento e disposição de resíduos (+40), e também no comércio (+38). Presidente Figueiredo performou positivo principalmente em agropecuária (+36) e indústria (+11), ao passo que os melhores resultados de Itacoatiara vieram dos serviços (+31) –com destaque para transporte, armazenagem e correio (+16).    

Em sentido contrário, comércio varejista (-18) e obras de infraestrutura (-9) puxaram os números de Parintins para baixo, na passagem de janeiro para fevereiro. Em Tefé, os cortes foram igualmente impulsionados pelo varejo (-12), assim como pela construção de edifícios (-5). Já Iranduba sofreu baixa em quase todos os setores –com destaques também para as atividades comercial (-13) e de construção (-7) –e só conseguiu avançar na indústria de (+8). 

“Contracheque das prefeituras”

O presidente do Sindecon-AM (Sindicato dos Economistas do Estado do Amazonas), Marcus Evangelista, lembra que o interior já sofria dificuldades antes da pandemia, e que, tirando a RMM (Região Metropolitana de Manaus), praticamente todos os municípios dependem essencialmente do “contracheque da prefeitura”. O economista reforça ainda que a combinação da segunda onda e da interrupção do auxílio emergencial –que injetou perto de R$ 280 bilhões no interior do Amazonas no ano passado –deteriorou ainda mais a economia dos municípios.

“A maioria dos municípios, infelizmente, continua fechando no vermelho em nível de contratações, em função da pandemia. Enquanto a capital se recupera mais rápido, no interior é diferente. Em função do pouco número de empresas, a contratação deve acontecer em médio e longo prazo, embora possa ganhar fôlego com o retorno do auxílio emergencial. Acredito que o divisor de águas será a imunização em massa e que, vencida a questão da covid-19, a economia deve normalizar, a partir do segundo semestre. Há, no entanto, um futuro promissor para as localidades do Sul do Amazonas que trabalham com o agronegócio, com a entrada de players do Centro-Oeste para a produção de soja e milho”, encerrou. 

Foto/Destaque: Divulgação

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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